Foto: Marcos Gonçalves

Entenda como e porquê é realizada a Análise de Cenário da Covid-19

A última Análise de Cenário da Covid-19, realizada pelo Comitê Operativo de Emergência (COE) da UFMS, indicou que nove dos dez municípios em que a Universidade está presente estão com alto risco de disseminação do coronavírus.

Desde o dia 14 de maio, o COE tem realizado e divulgado uma análise semanalmente. O objetivo é que ela seja um indicativo para adoção dos critérios previstos no Plano de Biossegurança da UFMS. A cada faixa – alto, médio ou baixo risco – há critérios específicos sobre como a comunidade universitária deve agir para diminuir os riscos de contaminação pela doença.

A médica infectologista Mariana Croda é membro do Comitê Operativo de Emergência da Universidade e explica que apenas os indicativos feitos pelos órgãos competentes oficiais não estavam sendo suficientes para atender as demandas específicas da UFMS. “Inicialmente, nós buscamos o que os órgãos competentes já estavam fazendo, mas isso não era suficiente. Por meio de uma apresentação da Organização Pan-Americana de Saúde, nós entendemos um modelo e o adaptamos à nossa realidade”.

Veja a reportagem feita pela TV UFMS sobre o tema

Diariamente, o COE verifica o boletim da Secretaria de Estado de Saúde para analisar novos casos e taxas de ocupação de leitos e óbitos. Semanalmente, é analisado o boletim de influenza, para checagem de casos de síndrome respiratória aguda grave e óbitos por influenza, além disso, é estudado o boletim com a taxa de isolamento social. Esses dados são compilados e discutidos com a equipe do comitê. “Por meio dessas fontes que vêm do Estado e também de alguns decretos municipais, um dia antes da nossa reunião que ocorre ordinariamente toda quinta-feira, nós nos debruçamos sobre esses dados e preenchemos a planilha inteligente que foi formulada para categorizar cada região”, explica Mariana.

Banners e adesivos indicam as normas de segurança obrigatórias nas unidades. Foto: Thayná Oliveira

A categorização é feita por escores. O município é considerado com baixo risco de disseminação da doença se for classificado com escore 8 ou mais. De 6 a 7,9 é médio risco; e abaixo de 6, alto risco de disseminação. O escore é medido por perguntas com respostas de “sim” e “não”, que podem ser consultadas no Plano de Biossegurança da UFMS.

“É importante frisar que essa análise é para facilitar a vida dos câmpus, sobretudo para os gestores que têm de tomar decisões, ainda mais quando nós estivermos no plano de retomada. No Plano de Biossegurança tem por cor o que cada um deve fazer: ‘É máscara para todo mundo? É álcool em gel para todo mundo? Só pode ocupar 30% da sala, 50% ou pode ocupar 70%?’. A gente coloca isso muito mais para que a administração do campus entenda o que deve fazer em suas unidades”, afirma a médica.

Após a publicação do plano geral da instituição, o COE e a Comissão Interna de Biossegurança notaram que as unidades tinham dúvidas sobre como avaliar o risco e frequência com que deveriam fazer a avaliação. “Então a gente definiu que a avaliação de risco do município é feita pelo COE e ela é publicada semanalmente no site UFMS Contra o Coronavírus”, conta Gecele Matos Paggi, presidente da Comissão Interna de Biossegurança. É o nível de detalhamento do plano que garante a segurança da Universidade, considerando sua heterogeneidade.

Plano de Biossegurança

O Plano de Biossegurança é um instrumento construído pelo Comitê Operativo de Emergência e pela Comissão Interna de Biossegurança para definir como as atividades presenciais na Universidade podem ser realizadas de maneira menos nociva possível. Nele há orientações e diretrizes sobre os mais diversos detalhes que envolvem a segurança e a minimização da disseminação do coronavírus.

Sinais no chão indicam a distância necessária em caso de formação de fila. Foto: Marcos Gonçalves

“Nós começamos a fazer um desenho inicial do plano considerando alguns aspectos essenciais. O primeiro deles é a questão do distanciamento social, que a gente já entendeu que é muito importante em relação a disseminação da Covid-19. O segundo ponto é em relação a higienização dos ambientes, pois a gente precisava prever como todos os ambientes seriam limpos, com que frequência, quais equipamentos, salas, etc. e também a higienização e cuidado pessoal, como orientações sobre uso de máscara, locais apropriados para alimentação e a disponibilização pela Universidade do álcool gel ou glicerinado. Por último também foi pensada a questão do comportamento, algumas indicações sobre o distanciamento entre as pessoas, como formar filas, as recomendações da OMS sobre como espirrar e tossir… Tudo isso foi incluído e o documento foi construído seguindo essas quatro linhas de pensamento maiores”, explica Gecele.

A UFMS foi a primeira universidade federal do país a instituir um Plano de Biossegurança contra a Covid-19, tornando-se pioneira e referência para outros órgãos e instituições. “O COE e a Comissão já foram contatados por inúmeras instituições do estado e do Brasil, até mesmo o Ministério da Educação e Cultura, para fazer questionamentos e solicitações sobre o plano”.

Hoje há um plano geral para a UFMS como um todo e um plano setorial para cada campus, faculdade, instituto e escola da instituição. “Cada unidade tem que ter um plano local de biossegurança, pois existem especificidades entre as unidades. Algumas têm muitos laboratórios e equipamentos, outras trabalham com arquivos e papéis, então para cada situação a gente tem que ter um olhar diferente”, ressalta Gecele.

Atenção redobrada em todos os locais da Universidade. Foto: Thayná Oliveira

De acordo com Mariana, os planos setoriais são relevantes, pois levam em consideração que cada município vive a pandemia de maneira própria. “O que é importante entendermos é que cada município vive a sua epidemia de forma diferente. Nós podemos olhar em nível Brasil, por exemplo: cada estado tem vivido a epidemia de forma muito diferente dos outros”.

A médica reforça também que o atendimento na área da saúde em cada local deve ser levado em consideração. “Nós precisamos não somente avaliar a capacidade do campus de atender as necessidade dos alunos, mas também a capacidade dos serviços de saúde de fazer o diagnóstico e a conduta clínica adequada, e principalmente o fato de termos leitos para essas pessoas. Não adianta eu achar que Campo Grande é igual Corumbá, nós temos que ‘olhar diferente os diferentes’ e dentro desse princípio da equidade tentarmos tomar medidas específicas para cada região”, declara.

Visite o site ufms.br/coronavirus para ter acesso ao Plano de Biossegurança, bem como aos documentos publicados pelo COE, respostas para perguntas frequentes, ver as ações que estão sendo realizadas para enfrentar a doença e muito mais.

Texto: Leticia Bueno

 

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