Curso de Enfermagem da Cidade Universitária completa 30 anos

Na noite de sexta-feira, 3, foi realizada a cerimônia de celebração dos 30 anos do curso de Enfermagem da Cidade Universitária da UFMS. A solenidade teve a participação da administração central, professores, técnicos administrativos e estudantes do curso e do Instituto Integrado em Saúde (Inisa), bem como egressos e os participantes do 1º Congresso Sul-Mato-Grossense de Doenças Raras e 1º Simpósio Internacional dos Programas de Pós-Graduação do Inisa.

 

“É uma grande alegria sentir e vivenciar a qualidade do nosso curso de Enfermagem da Cidade Universitária, assim como também dos cursos de Três Lagoas e Coxim. Aqui em Campo Grande foi o embrião e não poderíamos deixar de comemorar esse momento tão especial, os 30 anos. Celebramos a dedicação de professoras, professores, técnicos e estudantes nessa trajetória e também a superação nesses últimos anos com a pandemia. Todos continuaram suas atividades, com todo o cuidado necessário, formando profissionais para um excelente atendimento na linha de frente”, disse a vice-reitora Camila ítavo.

 

A coordenadora do curso, professora Elaine Cristina Fernandes Baez Sarti, destacou a presença de docentes aposentados e também dos que continuam atuando na graduação. “São professores que contribuíram significativamente para o estado. É o momento de celebrar, do retorno a toda a sua dedicação, de reforçarmos o respeito e carinho que nossos docentes mais novos e estudantes têm por eles. O curso de Enfermagem é um dos mais antigos da Universidade, um curso que vem colocando excelentes profissionais no mercado de trabalho. E ainda o mercado precisa muito, nós fazemos parte das equipes da saúde, estamos na atenção primária, ou seja, na promoção da saúde, estamos no atendimento aos doentes nos hospitais e em clínicas. Os enfermeiros são gestores, compõem uma equipe que atende a toda a população”, apontou.

 

A professora Maria de Fátima Meinberg Cheade relembrou a criação do curso, quando estava na chefia de Enfermagem do Hospital Universitário. “Era uma demanda no HU, faltava pessoal. Nós documentamos e na época o reitor Fauze autorizou, dizendo que se conseguíssemos o projeto ele tramitaria em Brasília. E foi assim que aconteceu, nós, os poucos que atuávamos no HU, nos reunimos e criamos o primeiro curso do estado.  No começo estávamos preocupados em melhorar a assistência, na segunda fase, nos 20 anos do curso, buscamos rever a formação e agora nos 30 anos estamos voltados à pós-graduação, então é o amadurecimento do curso e da Enfermagem no estado. Fico muito feliz em sermos pioneiros e termos uma repercussão tão boa, com egressos em todos os estados. É um orgulho fazer parte desta história”, falou.

 

“A UFMS trabalha com atividades de ensino, pesquisa e extensão, os professores são os melhores que poderíamos ter, nos motivam a buscar saber sempre mais e isso é muito importante. É uma honra poder homenageá-los”, disse a estudante Beatriz Magalhães.

 

Histórico

O curso de Enfermagem da Cidade Universitária foi o primeiro no estado de Mato Grosso do Sul. Os encaminhamentos para sua criação tiveram início em 1988, partindo da carência de profissionais no Estado e da necessidade de melhorar a assistência de Enfermagem no Núcleo do Hospital Universitário (NHU). Por meio da Resolução nº 04 de 23 de março de 1990 o Conselho Universitário criou o curso era Enfermagem e Obstetrícia, com Habilitação em Enfermagem Geral. Assim, o primeiro vestibular foi realizado no final deste ano e a primeira turma ingressou em fevereiro de 1991.

No final de 1994, o Conselho Diretor da UFMS criou o Departamento de Enfermagem e Obstetrícia no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Desde a implantação do curso em 1991 até 1999, foram ofertadas quarenta vagas para ingresso por vestibular. A partir de 2000, teve um aumento para cinquenta vagas, sendo concluídas dezesseis turmas, perfazendo um total de 662 egressos. Desde 2008, o curso de Enfermagem conta com 23 professores enfermeiros do quadro efetivo, destes, dezenove são doutores e quatro mestres. Em 2017, após a última reforma administrativa na UFMS, o antigo CCBS foi desmembrado, criando-se o Instituto Integrado de Saúde (Inisa), ao qual o curso está atualmente vinculado.

 

Memórias

A professora Arminda Rezende de Padua Del Corona relembra a época da criação do curso. “O estado era recém-criado, ainda estava em desenvolvimento e havia uma demanda social por nossa formação. Atuavam aqui enfermeiras que vinham de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A primeira enfermeira-padrão do Hospital Universitário foi a Neila Rodrigues, convidada pelo Dr. João Pereira da Rosa”, informou.

Segundo a docente, o plano do curso com a estruturação necessária para sua implantação foi feito por Emilia Campos. “O curso de Enfermagem sempre esteve em sintonia com o Sistema Único de Saúde, com as políticas públicas, tem uma história de muita produção, extensão, projetos que dão uma devolutiva à sociedade. Sempre trabalhamos muito e vivenciamos diversas reformas curriculares, que inclusive capacitaram os professores a trabalharem com metodologias ativas, então agora mesmo no tempo de pandemia conseguimos lidar com outras estratégias de ensino”, apontou.

A professora destacou que o corpo docente sempre foi coeso e esteve aberto às inovações, o que propiciou que o curso fosse responsável também por trazer crescimento e avanço na área no estado. “Aqui foi criado o primeiro Mestrado em Enfermagem, em parceria com a UEMS; apoiamos a criação de Enfermagem também no campus de Três Lagoas; e também aqui foram e são desenvolvidos inúmeros projetos de extensão, para atenção primária, área hospitalar e capacitações. E sempre tivemos a política de, nas ações de extensão para capacitação, ofertarmos oportunidade também para integrantes do HU, para pessoas que atuam no hospital, é uma política de integração entre ensino e serviço importante”, falou.

A docente informou que a turma que se formou em 2021 é a 27ª e que com ela, o curso se aproxima de 900 egressos. “É muito gratificante vermos a quantidade de profissionais formados aqui que já estão no mercado de trabalho. E nossos acadêmicos se destacam em seleções por todo o Brasil, tanto para o trabalho quanto para pós-graduações, concursos. Muitos cargos em secretarias de Saúde são ocupados por nossos egressos”, declarou.

Egressa da primeira turma, Sandra Maria do Valle Leone de Oliveira destaca que não só sua trajetória profissional, como também a pessoal está ligada à graduação. “Posso dizer que a Enfermagem me trouxe tudo que tenho até hoje: minha família, casei com um colega de turma que também é enfermeiro; as minhas conquistas materiais, profissionais e amizades, que são até hoje as da minha turma. Minha formação me trouxe uma trajetória profissional de muitas alegrias e algumas adversidades, que vêm sendo superadas com os próprios serviços de saúde, como o Sistema Único de Saúde, que foi se estruturando”, informou.

A enfermeira que atua também como docente contou que descobriu a profissão desde muito jovem. “Fui inspirada a ser enfermeira por que eu gostava do cuidado e conheci um colega que estudava na UFRJ, então meu desejo não era só o de ser enfermeira, mas de estudar em uma universidade pública”. Por coincidência, ou sincronia da vida, como citou, sua família se mudou do Rio de Janeiro para Mato Grosso do Sul bem no ano em que faria vestibular. “Naquele momento eu não tinha família em Campo Grande, somente em Corumbá, mas com o apoio familiar e de alguns amigos consegui me estruturar inicialmente. Muitas outras oportunidades de me manter foram garantidas pela Universidade, fui uma estudante que tomava café, almoçava e jantava no Restaurante Universitário. Fui monitora, atuei dentro da educação continuada, integrei conselho diretivo como representante discente dentro do Hospital Universitário, participei de muitos eventos nacionais. Foram muitas oportunidades que o próprio curso me ofereceu”, disse.

Sandra formou-se em 1995, seu primeiro emprego foi na prefeitura de Campo Grande e logo no ano posterior ingressou na UFMS por meio de concurso para o Hospital Universitário. Atualmente integra o corpo docente da Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias (PPGDIP). “Minha formação foi auxiliada por muitos profissionais dentro da Universidade e dentro do curso de Enfermagem, por muitos colegas, e sinto uma responsabilidade como enfermeira de apoiar os mais jovens. Sempre atuei pensando na tríade do ensino, extensão e pesquisa, desde quando trabalhava na assistência, colaborava com projetos de pesquisa, participava de eventos científicos e contribuía para a formação de outros enfermeiros, recebia alunos entendendo também que nosso papel é formar novas lideranças para o futuro para que isso possa fortalecer o papel da enfermagem”, falou.

Ainda sobre a experiência na primeira turma, a enfermeira lembrou que foi desafiador tanto para estudantes quanto para professores, que eram poucos, porém muito dedicados a organizar a matriz curricular, os campos de estágio e demais necessidades. “Sem dúvida nenhuma, o curso contribuiu muito e segue contribuindo com a sociedade sul-mato-grossense, na melhora da qualidade assistencial. Os 30 anos devem ser muito celebrados, nossas conquistas individuais e coletivas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) designou 2021 como o ano internacional dos trabalhadores da saúde e cuidadores, em reconhecimento e gratidão pela sua dedicação na luta contra a pandemia da Covid-19 e destacando o papel fundamental dos recursos humanos para a Saúde, na capacidade de aumentar a qualidade de vida. E a enfermagem faz isto com destaque. Parabéns a todos pelas conquistas”, finalizou.

 

 

Texto: Ariane Comineti – entrevistas de Vanessa Amin e Bianca Tobin (Estagiária de Jornalismo da Agecom) com informações do Curso de Enfermagem

Fotos: Leandro Benites