Diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), o professor Paulo Hilário Nascimento Saldiva é enfático em afirmar que a expectativa de vida de quem mora em grandes cidades, como São Paulo, está diretamente ligada ao metro quadrado onde mora.
Essa forte afirmação foi enfatizada na Conferência “Poluição do ar e saúde humana”, que apontou como a péssima qualidade do ar está atrelada a uma série de doenças, entre elas as pulmonares, cardiovasculares, diabetes e acidentes vasculares cerebrais.
“A poluição surgiu no final dos anos 40 e início dos 50. Hoje, cidade e poluição são sinônimos, praticamente”, afirmou o conferencista.
E mais uma vez, como nas doenças emergentes e infecciosas, a população de menor poder aquisitivo é a que mais sofre as consequências da poluição. “Essa população é que mais utiliza transporte público e por consequência passa mais horas no trânsito todos os dias. Além disso, muitos vivem nas proximidades de grandes avenidas, estando mais suscetíveis aos problemas causados pela poluição, que podemos afirmar ser desigual, nada igualitária”.
De acordo com o pesquisador, na cidade de São Paulo, cada pessoa ingere o equivalente a quatro-cinco cigarros sem ao menos fumar. A poluição do ar mata cerca de sete milhões de pessoas ao ano em todo mundo.
Na região metropolitana de São Paulo são sete mil, no estado de SP 15 mil e em todo o Brasil 50 mil. “Praticamente o mesmo número de mortes no trânsito. Aumentou a poluição, aumenta o risco de morrer. Nos dias mais sujos, em algumas localidades o aumento de mortalidade é de até 12% no dia seguinte”.
Mas o professor acredita que a mudança de hábitos vai acontecer mais depressa do que o sistema vigente. “Começo a acreditar que haverá uma geração muito melhor e que vai entregar um mundo melhor para as futuras gerações do que conseguimos fazer”.
Texto: Paula Pimenta