Atendimento odontológico da Faodo é referência estadual

Referência no Estado em atendimento odontológico, a Faculdade de Odontologia da UFMS oferece à população de Campo Grande e de outros munícipios, por meio da prática acadêmica, uma série de serviços que compõem a formação do cirurgião-dentista clínico-geral.

No complexo de Policlínicas, com seis clínicas odontológicas, é prestada toda atenção básica e secundária, com tratamento odontológico integral que esteja dentro da grade curricular da graduação.

Para os adultos são oferecidos serviços de dentística, cirurgia, endodontia, prótese, patologia bucal, entre outros.

dsc_0489Os acadêmicos também prestam serviços bem específicos, como a Odontologia para Bebês que atende crianças até quatro anos; a Odontopediatria que atende o grupo de seis a doze anos e o tratamento direcionado às pessoas portadoras de necessidades especiais, seja de origem neurológica ou físico-motora, realizado na Clínica do Centrinho.

Triagem

A porta de entrada do sistema da Faodo é o Serviço de Triagem. Os pacientes procuram a recepção da Faculdade, no complexo das Policlínicas, e agendam uma data para passarem pela triagem, quando então são encaminhados para a disciplina ou para o estágio de acordo com a sua necessidade.

“A triagem é um serviço que permite ao usuário ser encaminhado diretamente para a clínica onde terá seu tratamento específico e também é importante para termos um controle do serviço que é realizado aqui”, explica o diretor da Faodo, Paulo Zárate Pereira.

Para serem atendidos, os pacientes precisam aguardar na fila de espera. “O que deixamos claro para os usuários é que os tratamentos são oferecidos pelos acadêmicos sob a supervisão de professores. Não somos uma unidade de serviço, mas um estabelecimento de ensino que oferece o serviço; isso exige do usuário aguardar ser avisado sobre o dia de início do tratamento”, diz o diretor.

O único atendimento prestado imediatamente é a emergência, ou seja, para aqueles pacientes que procuram a Unidade com quadro clínico de dor. Em todos os estágios, há um acadêmico que fica destinado a esse serviço.

Os tratamentos são realizados entre as 7h e 11h e das 13h às 17h, sempre no período letivo. A indicação do tratamento e o encaminhamento aos acadêmicos são feitos conforme a complexidade dos casos.

Se o paciente precisa do tratamento de canal de um dente uniradicular, ou seja, com canal único, será atendido pelo acadêmico do terceiro ano, por exemplo. Mas, se for necessário tratamento em dentes trirradiculares (molar), caso mais complexo, ele será encaminhado para um acadêmico do último ano.

“Então a distribuição dos pacientes para os acadêmicos ocorre em função da complexidade do caso e dodsc_0500 semestre que o acadêmico está cursando. Os pacientes portadores de necessidades especiais são atendidos pelos acadêmicos do último ano do curso”, completa o diretor.

No semestre passado, a Faodo chegou a receber na triagem, por período, de 15 a 25 pacientes, o que gera uma fila considerável. “Em alguns momentos paramos a triagem, para que os pacientes não tenham que esperar muito tempo para serem chamados, o que gera uma expectativa muito grande. No momento a triagem está sendo feita em três períodos da manhã e dois da tarde”.

Na semana de 22 a 25 de agosto foram atendidos 266 pacientes, ou seja, cerca de 70 pacientes por dia.

No início do ano, os acadêmicos chegam a atender até dois pacientes por período, mas no final do ano, quando estão mais avançados no processo de aprendizagem, esse número geralmente dobra. “A quantidade de atendimentos é bastante flutuante, são muitas variáveis que devem ser consideradas”.

Todos os atendimentos são feitos em dupla: para cada aula é definido um acadêmico com seu auxiliar. Na aula seguinte eles invertem os papéis, tudo sob a supervisão dos professores, em média três por período. Os alunos só entram na área clínica a partir do quinto semestre.

Os pacientes que faltam duas ou três vezes são redirecionados para o final da lista de espera e precisam aguardar ser chamados novamente. “Nós não podemos deixar o acadêmico ocioso, porque é hora/aula do aluno e ele precisa apresentar aquela atividade”.

Mas a falta e o abandono do tratamento raramente ocorrem, segundo o diretor. “Tradicionalmente a Universidade é conhecida como uma unidade de atendimento odontológico. Na Patologia Bucal temos muitos encaminhamentos do interior do Estado. O paciente sempre aparece, sem que façamos qualquer propaganda”, diz.

Pela primeira vez na Faculdade, Lucimara de Souza procurou o serviço dos acadêmicos pela indicação da irmã que já esteve na cadeira dentária da Faodo. “Ela achou o tratamento muito bom e não teve custo. Eu preciso de atendimento em várias áreas e por isso estou aqui”, disse.

Tratamentos

O curso também oferece atendimento por meio de projetos de extensão. Desde 2015, extensionistas trabalham o tratamento odontológico aos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD).

Em 2016, iniciou-se o serviço de atendimento aos portadores de Disfunção Temporomandibular (DTM), único em Campo Grande, para quem tem problemas de oclusão, na articulação, mordida, entre outros.

Também por meio de projeto de extensão, todos os acadêmicos da UFMS podem realizar tratamento odontológico na Faodo.

Alguns projetos são bem antigos, com mais de 20 anos, como o atendimento odontológico à população ribeirinha do Passo do Lontra, na Base de Estudos do Pantanal, e o Atendimento Projeto de Extensão da Patologia Bucal.

Na patologia ocorre o diagnóstico de lesão de tecido mole, em situações que podem variar de uma afta até um câncer de boca. Quando necessária, a biopsia é feita na própria Faodo. O exame histopatológico é realizado pelo Laboratório de Patologia da UFMS e se houver diagnóstico de câncer é feito o encaminhamento do paciente a um serviço de oncologia. E há ainda parcerias, como a realizada com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (Famez) no Projeto Onça Pintada, ainda em fase de implantação.

Odontologia é um dos cursos pioneiros

A Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) originou-se em 1962, com a criação da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Campo Grande, com início das atividades letivas em 1964, mas ainda sob o nome de Universidade Estadual de Mato Grosso, o que foi alterado a partir da divisão do Estado em 1977.

Em 2005, por meio da Resolução nº 39, de 26/10/2005, do Conselho Universitário (COUN), foi implantada a Faculdade de Odontologia (Faodo) UFMS e o curso de Odontologia deixou de pertencer ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS).

Formado em 1990, o diretor da Faodo vê mudanças significativas no decorrer do curso.

 “Costumo dizer que o curso de Odontologia em que me graduei não existe mais. Pela mudança da estrutura curricular determinada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, com ampliação da carga horária e alterações de conteúdo programático, nos últimos 15-20 anos, e a criação da Faculdade de Odontologia, que antes era um curso do CCBS, e que passou a ter certa autonomia administrativa e financeira, houve mudanças significativas no curso, aumentando a qualidade do mesmo, em consonância com as atuais exigências da sociedade e do mercado de trabalho”, avalia Paulo Zárate.

Hoje a Faodo recebe acadêmicos nos cinco anos do curso, que é composto por 4.680 horas/aulas, divididas em aulas teóricas, laboratoriais e clínicas, sendo 20% da carga horária do curso ministrados por meio dos estágios supervisionados.

Além da graduação, a Faodo oferece Mestrado em Odontologia, com vagas para 15 novos alunos por ano, que fazem seu estágio em docência junto aos professores na supervisão dos acadêmicos que realizam os atendimentos.

Professores e alunos participam frequentemente de congressos. Em setembro, seis professores e nove acadêmicos da Faodo expuseram seus trabalhos científicos durante a 32ª Reunião da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica.

“Hoje nos emocionamos quando vemos nossos alunos apresentando suas pesquisas de conclusão de curso ou de mestrado. São trabalhos que elevam o conceito do curso e divulgam o nome de nossa Instituição”, assegura o diretor.