Parceria com a Polícia Científica impulsiona a ciência forense no Estado

Trabalho em conjunto entre estudantes da pós-graduação, professores do Instituto de Química (Inqui) e peritos da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul impulsiona o desenvolvimento de metodologias de análise em química forense no Estado e incentiva pós-graduandos a continuarem a sua formação acadêmica. O projeto de pesquisa Desenvolvimento e validação de metodologias analíticas para aplicação forense e desenvolvimento de atividades práticas tem como objetivo a troca de conhecimentos técnico-científicos entre as equipes, por meio de uma parceria entre a Universidade e o Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (Ialf).

O convênio foi firmado em 2021 com a vigência de cinco anos, sendo coordenado pelo professor do Inqui, João Batista Gomes de Souza, e com a participação de sete estudantes de pós-graduação e outros professores do Instituto. A ideia da relação entre as duas instituições começou em 2015, quando o coordenador realizou as primeiras visitas à Polícia Científica para utilizar os equipamentos laboratoriais e continuar as suas pesquisas de química analítica ambiental, análise em contaminantes de alimentos e determinação de pesticidas. “Muitos peritos são ex-alunos do curso de Química, começamos então a fazer trocas de trabalhos esporádicos, com o objetivo de fazer uma parceria onde pudéssemos trabalhar em conjunto”, explica o professor.

Com a aproximação das equipes da UFMS e da Polícia Científica, percebeu-se a necessidade do Instituto ter profissionais disponíveis em seus laboratórios para elaborar metodologias analíticas a serem aplicadas no cotidiano. E, em contrapartida, os estudantes dos cursos de mestrado e doutorado em Química precisavam da vivência em laboratório. “Os profissionais do Ialf tem total competência para desenvolver metodologias, mas não possuem tempo. Com a parceria, os estudantes da pós-graduação poderiam desenvolver seus trabalhos no Ialf, e tudo ficaria compartilhado entre as duas instituições”, destaca.

As atividades desenvolvidas nos laboratórios do Ialf tem como foco a determinação de substâncias psicoativas utilizando métodos cromatográficos como, otimização de equipamentos para validação de métodos de determinação de substâncias psicoativas e compostos orgânicos;  desenvolvimento de metodologias para identificação e quantificação de substâncias; elaboração de novos procedimentos de extração de compostos, e aplicação dos parâmetros estudados em amostras reais. “Trabalhamos com a formação de profissionais com qualificação na área de química forense e a entrada de novos professores com atuação em eletroanalítica, análise térmica e química de produtos naturais aumentou o escopo da pesquisa”, comenta.

Os resultados das pesquisas conjuntas são significativos. Até o momento, a parceria rendeu cinco trabalhos de conclusão de curso (TCC), três dissertações, uma tese e há dois projetos de mestrado em andamento. Segundo o professor, além do desenvolvimento científico, a busca por qualificação na área tem aumentado. “O pessoal do Ialf sempre faz cursos ou palestras na Semana da Química, geralmente os estudantes ficam muito animados. Aumentou também a quantidade de estudantes da graduação e pós-graduação interessados em realizar pesquisa na área forense, bem como o interesse de peritos em ingressar na pós-graduação”, afirma o coordenador.

Um exemplo do envolvimento e continuidade na área de pesquisa é o da egressa do curso de Química e estudante de doutorado, Brenda Pache Mooreschi. Sua história com o Laboratório começou em 2019 após ser selecionada para estagiar no Departamento de Química e Toxicologia. A partir da experiência, a estudante desenvolveu seu TCC orientada pelo professor João e supervisionada pelo perito criminal, Evandro Rodrigo Pedão, sobre adulterações em substâncias psicoativas. Na sequência, ela ingressou no mestrado aprofundando os estudos na área.

Foto colorida com cinco pessoas em pé na frente de uma mesa e tela de projeção.“Explorar a área de toxicologia forense, me trouxe muita satisfação pessoal e profissional. Os resultados obtidos pela minha pesquisa geraram um impacto muito grande, pois foram avaliadas as adulterações em cocaína apreendidas nas cidades da rota da BR-262 no Estado de Mato Grosso do Sul. Com isso, constatamos que a capital, Campo Grande, é um possível ponto de adulteração da droga. Esses resultados podem auxiliar a polícia em suas investigações”, explica Brenda. 

Texto: Claiane Lamperth