Com quase 20% da área total do Pantanal, a importante região da Nhecolândia está sendo monitorada em pesquisa da UFMS sobre a cartografia do risco de incêndios florestais, com apresentação das áreas com maior ou menor probabilidade de destruição pelo fogo.
Coordenada pelo professor Emerson Figueiredo Leite, do Câmpus de Aquidauana (CPAQ), a pesquisa faz uma análise sobre a interferência de elementos naturais e sociais no processo e assinala espacialmente áreas com particular sensibilidade à queima.
De acordo com o professor, a equação de risco de incêndio florestais proposta na pesquisa considera os mapas de uso e cobertura da terra, o mapa de vias de acesso e locais das sedes de fazendas; mapas de hipsometria e relevo peculiar; intensidade pluviométrica e temperatura; os hotspots de focos de calor (mapas de pontos) e áreas com recorrência de queimadas nos últimos dez anos.
“Esses mapas modelam o risco para a área a partir da ponderação dos temas e suas respectivas classes temáticas, conforme sua maior ou menor contribuição ao risco de incêndio florestal”, diz o coordenador.
Os temas serão ponderados com auxílio da ferramenta de apoio a tomada de decisões, disposta no software Spring/INPE, baseada na técnica AHP (Processo Analítico Hierárquico) e na Legal (Linguagem Espacial de Geoprocessamento Algébrico). “Esta ferramenta de suporte a tomada de decisão nos ajudará a organizar os temas trabalhados e estabelecer um modelo racional de combinação dos mesmos, bem como o cruzamento matricial dos mapas envolvidos na análise e uma cartografia de síntese”, completa.
Também serão realizadas incursões in loco para verificar uma ou outra variável estudada.
A escassez de mapeamentos é uma realidade do Brasil, destaca o professor Emerson, o que amplia o impacto desta pesquisa ao espacializar as cicatrizes de queimadas e incêndios numa região de relevante interesse ecológico e socioeconômico.
Ele acredita que “os resultados, ao serem publicados, poderão ser utilizados em campanhas de sensibilização à queimadas com a população envolvida e subsidiar a ocupação dos espaços, aumentando a atenção para as áreas diagnosticadas como mais sensíveis ao fogo”.
A pesquisa tem o apoio financeiro da FUNDECT/CAPES 072/2016 pelo Edital Biota-MS Ciência e Biodiversidade. Também participam do projeto os professores Elisângela Martins de Carvalho (CPAQ), Adelsom Soares Filho (UFGD), Vitor Matheus Bacani (CPTL), André Luiz Pinto (CPTL), Rogerio Rodrigues Faria (CPAQ), além de bolsistas de Iniciação Científica e acadêmicos do curso de Geografia (CPAQ).
Sub-região
A Nhecolândia é uma das 11 sub-regiões do Pantanal, com área territorial de 26.921km², entre os municípios de Rio Verde de Mato Grosso, Aquidauana e Corumbá.
O professor Emerson lembra que diversos trabalhos científicos alertam para o aumento dos incêndios florestais no Pantanal, amplamente divulgados também pelos pesquisadores da Embrapa Pantanal de Corumbá.
Somente o município de Corumbá apresentou aumento de 36% no número de focos de queima, na comparação entre 2015 e 2016, chegando a 4.018 registros no ano passado, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que detecta, quantifica e divulga regularmente alertas sobre a quantidade de focos de calor e a extensão das cicatrizes de queimadas no Brasil.
“A frequência de queimadas e incêndios florestais no Pantanal é anual, por ser uma prática local utilizada para renovar a pastagem natural, variando na intensidade de ocorrência e área da cicatriz de queimada”, complementa Emerson.
Paula Pimenta