Os desafios da educação não formal artística durante a pandemia

Realizada na tarde desta quinta-feira, 20, a mesa-redonda “Caminhos possíveis para a educação não formal em museus durante a pandemia” trouxe a tecnologia como caminho para a permanência de ensinos e exposições de museus no país. A apresentação virtual, via Google Meet, foi uma das atividades da 4º Semana de Desenvolvimento da UFMS da qual participaram mais de 150 espectadores.

Como convite da mediadora, professora e coordenadora dos cursos de Artes Visuais da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (FAALC), Simone Rocha de Abreu, a Mesa foi ministrada por Tatiana Bo Kun In, arte/educadora e coordenadora do educativo do Museu de Arte Brasileira da Armando Fundação Álvares Penteado (MAB da FAAP/SP) e Marinete Pinheiro, coordenadora do Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS), além das acadêmicas do curso de Licenciatura em Artes Visuais/UFMS, Amanda Mamede e Maria Carolina Rodrigues. “A gente que é educador, pensa na educação e nos caminhos possíveis para a educação, neste caso, não formal, neste momento tão difícil da pandemia. Então, olhando para este contexto tão difícil, é que vamos debater sobre a educação.”, explicou a mediadora.

Dando início às apresentações, Tatiana Bo Ku In, ou Tati Bo, como é referida, trouxe sua trajetória de atuação no MAB e, especialmente, na coordenação do setor educativo de Arte na Fundação Armando Álvares Penteado, onde desenvolve pesquisas, discussões e o planejamento de ações educativas para o Museu vinculado a essa Instituição de ensino superior. “Temos uma parceria com o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), que é a capacitação presencial de professores das Fatecs e das Etecs, uma capacitação que dura cerca de 6h, quando nós temos visitas à exposição, proposta de atividades, discussões de alguns temas que são do interesse deles. Além disso, temos a nossa capacitação de professores da SME – que é o nosso presente, nosso coração. (…) Começou em 2017, com encontros presenciais, e, primeiro, os professores conseguem pontuar para a evolução de carreira. Ano passado tivemos 300 inscritos, mas esse ano o número caiu. A capacitação foi para o virtual (…) com a quarentena, tivemos que readequar toda a formação presencial para a virtual.”, falou.

A coordenadora do MAB, ainda, informou que, em quatro meses de cursos virtuais, a Fundação conseguiu capacitar 180 professores com 4.600 inscritos. “A procura é muito alta. Deu muito certo essa formação virtual (…) Foi um trabalho muito intenso de pesquisa (…) e nossa resposta foi muito gratificante.” comemorou Tati.

Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS)

A outra palestrante convidada para compor a mesa foi  Marinete Pinheiro. O MIS tem como objetivo preservar a memória e educar para o futuro. No local, existem várias obras que retratam a história do estado, por meio de acervos doados pela população. Segundo Marinete, o trabalho realizado é no âmbito educativo. “Temos uma grande procura no campo da pesquisa, pessoas vão ao local para poder entender um pouco mais sobre o passado do estado. Nós temos um grande acervo de fotos”, afirmou.

O público alvo do museu são os estudantes de escolas públicas, principalmente nos últimos anos, em que o local começou a realizar atividades com os alunos, como brincadeiras com utensílios ópticos usados na produção de filmes. Outro ponto interessante do MIS são os cineclubes, que fazem exibições de filmes, e no final tem discussões com especialistas sobre a temática apresentada. Ainda no campo do audiovisual, o museu foi uma das instituições premiadas pelo Instituto Nacional de Museus (Ibram) com o prêmio Darcy Ribeiro 2019. A premiação foi resultado da ação “MS 40 anos em Histórias Cinematográficas”, curso de documentário realizado em 2017. “Com a verba recebida do prêmio, vamos conseguir neste ano oferecer novamente o curso de documentário”, comentou.

E por fim, as alunas Maria Carolina Rodrigues e Amanda Mamede, ambas formadas em bacharel em Artes Visuais e atualmente são acadêmicas de licenciatura do mesmo curso. As duas estão fazendo estágio na disciplina de educação não-formal, que tem como objetivo a realização de projetos, diferente da educação formal que deve ser realizada em sala de aula, esse formato pode ser feito em outras instituições, como o caso delas que executaram no MIS                              .

Em uma busca pelas redes sociais do museu, as estudantes encontraram a exposição “Dó- Ré- MIS: Mulheres cantoras de MS”. As estudantes se interessaram na exposição pela proposta feminista de homenagear as artistas do cenário musical sul-mato-grossense. Para a surpresa, a apresentação teve que ser interrompida devido a pandemia, e o estágio continuou de forma on-line. A ideia inicial das estudantes era transpor o projeto que já estava sendo feito no ambiente físico para o virtual, mas acabaram ampliando e realizando um trabalho pedagógico maior do que era esperado.

Amanda e Maria ajudaram a levar o projeto para as redes sociais e criaram um novo formato de exposição para as artistas divulgarem seus trabalhos. “Nós pedimos para que mudassem o nome para “Dó- Ré- MIS: Mulheres na música de MS”, já que nem todas as participantes eram cantoras. O projeto ainda foi pensado no dinamismo e abertura para que mais artistas entrem para expor seus trabalhos”, ressaltou. A exposição será aberta no dia 25 de agosto, e o link para acesso estará disponível nas páginas das redes sociais do projeto.

A mesa-redonda foi calma e não ultrapassou o tempo limite de 2h. O final da reunião foi aberto para perguntas do público. “Nós vamos poder acessar muito mais (o conteúdo artístico) do que quando expostas nos Museus”, pontuou Marinete quando perguntada sobre a dinâmica dos processos tecnológicos no período de pandemia.

Serviço

As atividades da Semana são abertas para toda a comunidade acadêmica e externa. A programação segue disponível até sexta-feira, 21, com palestras, oficinas, minicursos e workshops. Para mais informações sobre o cronograma do evento ou inscrições, acesse o site: http://sedep.ufms.br/.

Aos inscritos que já participaram de atividades e preencheram as listas de frequência, a organização informa que a emissão de certificados será feita pelo SICERT no link: https://certificados.ufms.br/. O participante será avisado sobre a disponibilidade do certificado pelo e-mail cadastrado no ato de inscrição.

Texto e Imagens: Alex Nantes e Victória de Oliveira (Estagiários da Agecom)