Novo método para cálculo de eficiência ventilatória pulmonar, que possibilita estabelecer prognóstico de sobrevida, risco cirúrgico e necessidade e urgência de um transplante cardíaco ou pulmonar, foi desenvolvido por professores da UFMS.
Elogiado por pesquisadores/professores da Alemanha, Chile, França e Itália, após a publicação do artigo “Ineficiência ventilatória durante exercício incremental na DPOC: uma abordagem pragmática” na Revista Clinical Physiology and Functional Imaging, o novo índice de eficiência ventilatória foi desenvolvido pelo professor e pneumologista Paulo de Tarso Muller do Laboratório de Fisiopatologia Respiratória (Lafir), da UFMS, em colaboração com o professor Erlandson Saraiva, do Instituto de Matemática (Inma).
O índice de eficiência ventilatória leva em consideração a ventilação pulmonar (ciclos e profundidade da respiração) e o metabolismo durante o esforço físico em doentes. O anterior (em uso) não retratava corretamente, de acordo com pesquisadores, a real eficiência ventilatória (que é quanto, quando se faz esforço físico, a respiração se estressa para um nível de metabolismo).
“Antes se calculava quanto a respiração estava aumentada ou diminuída para um nível de metabolismo (produção de gás carbônico). Agora é feita a medição de quanto o organismo, para um determinado incremento de ventilação pulmonar, é capaz de eliminar o gás carbônico produto do metabolismo, aplicando o logaritmo, que nos permite produzir uma taxa de metabolismo para um nível de ventilação pulmonar”, expõe Paulo.
De acordo com o pneumologistra, a abordagem atual para medir a eficiência ventilatória apresenta desvantagens críticas na avaliação de indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), devido principalmente às restrições ventilatórias mecânicas (enfisema pulmonar).
“Objetivamos comparar a abordagem atual com um novo método que desenvolvemos para o cálculo da eficiência ventilatória. Os resultados foram usados para comparar 30 indivíduos com DPOC e 10 fumantes sem DPOC, para estabelecer a melhor variável fisiológica discriminativa para a gravidade da doença por meio de regressão logística”, explica o professor Paulo.
O índice de eficiência ventilatória é usado principalmente em cardiologia e pneumologia. “Após um infarto, por exemplo, pode-se avaliar quais as chances de sobrevida nos próximos anos, se há chance elevada de morte em um certo período e se há, nesse caso, a necessidade de se propor um transplante cardíaco, servindo assim como um dos parâmetros de fila de transplante”, diz Paulo.
Apto a ser usado de forma universal, o novo índice pode ser utilizado em vários tipos de doenças, como as cardíacas, reumatológicas, hipertensão pulmonar e a própria DPOC. É utilizado também no laboratório para saber a capacidade de exercício do indivíduo e em casos de reabilitação física, como os que estão sendo necessários agora em pacientes que ficam muito tempo internados com Covid-19.
“Esse novo índice é uma inovação importante, porque até então o antigo não funcionava ou funcionada mal com as doenças obstrutivas crônicas, entre elas a DPOC e a Fibrose Cística”, completa o professor que recentemente foi contactado por professor da Universidade de Greifswald, na Alemanha, para participar de estudos, onde é desenvolvido o SHIP (Study of Health in Pomerania), que envolve mais de 10 mil pessoas da comunidade no norte alemão.
“Combinamos de realizar o estudo no final do ano, em dezembro, ensinando a eles como se aplica esse cálculo novo, em que definimos pela primeira vez o que é eficiência, mostrando em porcentagem pela primeira vez, a eficiência dos pulmões em manter as trocas gasosas durante os testes de capacidade física para avaliação médica”, aponta.
O professor Erlandson Saraiva ficou responsável por desenvolver a programação, o que facilitou o cálculo automatizado, trabalhando com a regressão logística. “Por ela, demonstramos que esse índice é o melhor de todos, comparado com os anteriores”, afirma o pneumologista.
Texto: Paula Pimenta