“Ninhos de língua” podem ajudar combater a perda das línguas indígenas

Foi realizada hoje, durante a SBPC Afro e Indígena, a conferência “O ninho de língua Kaingang da terra indígena Nonoai”.

Ministrada pela pesquisadora Marcia Nascimento Kaingang, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a conferência mostrou quais são as línguas indígenas em risco de extinção, os perigos desta perca identitária e apresentou o método ninho de língua – quando os nativos percebem que a língua está se perdendo, colocam as crianças para conviverem com os avós e demais idosos, para se acostumarem a falar e ouvir na língua do seu povo.

“Os ninhos de língua são um sistema de educação infantil que trata da transmissão intergeracional da língua. Quando um povo ou comunidade está com a língua enfraquecida, está perdendo a língua e ela corre risco de desaparecimento, as famílias levam as crianças para a convivência dos avós, para desde cedo estarem expostos a ela e a adquirirem da forma mais natural possível. A importância desta iniciativa para o Brasil se dá porque todas as línguas indígenas do país são consideradas em perigo de desaparecimento pela Unesco”, explica Marcia.

A jornalista Gabriela Coniutti foi uma das expectadoras da atividade e conta que temas sobre os povos indígenas sempre despertaram seu interesse, devido a relevância social. “Participar da conferência foi extremamente esclarecedor, pois ao longo da conversa pontos importantíssimos para a proteção da cultura indígena foram citados. O trabalho realizado pela professora e sua equipe é muito necessário para as novas gerações de indígenas. Ter contato com a sua terra, língua originária e costumes os ajudam a continuar resistindo, e levantar essas questões é imprescindível”, afirma.

Texto: Leticia Bueno