Projeções do modelo Gompertz, utilizado pelos professores Erlandson Saraiva (Inma) e Leandro Sauer (Esan) para cálculos dos casos de Covid-19, indicam pela primeira vez o colapso do sistema público de saúde de Campo Grande para o próximo 11 de agosto (dia 150).
No período de 114 dias (de 14 de março a 5 de julho) foram confirmados em Campo Grande 3.129 casos da Covid-19. “Análogo ao que ocorreu no estado, no mês de junho houve aumento significativo de casos confirmados; passando de 299 casos em 31 de maio para 2.241 casos em 30 de junho. Ou seja, um aumento de 649.80%. Somente nos primeiros cinco dias do mês de julho foram confirmados 888 casos. Este valor representa 28,38% do total de casos confirmados”, expõem os pesquisadores.
A estimativa é de que 350 pessoas venham a precisar de atendimento em leitos clínicos em Campo Grande no dia 11 de agosto, onde hoje a a quantidade disponível é de 341 leitos. Com relação à UTI, é estimado para o 10 de agosto que 160 pacientes diagnosticados com a Covid-19 precisarão desse tipo de leito, e hoje só há disponível 157 na Capital.
Mato Groso do Sul
Desde 14 de março (114 dias), já foram confirmados no estado 10.089 casos da Covid-19, sendo que, 6.082 casos foram registrados nas duas maiores cidades do estado: Campo Grande 30,6% dos casos e Dourados com 29,68%.
O último mês de junho apresentou aumento significativo de casos confirmados; passando de 1.489 para 7.965 casos em apenas 30 dias, o que representou aumento de 434.93%. Somente nos nos primeiros cinco dias do mês de julho foram confirmados 2.124 casos.
“Embora os valores registrados na última semana sejam bastante expressivos, se comportaram abaixo dos valores projetados pelo modelo ajustado na semana passada (28/06/20). Isto levou a um leve ‘achatamento’ da curva, como mostrado na figura ao lado. A projeção do modelo Gompertz, ajustado na semana passada para a quantidade de casos confirmados no 31 de julho é de 35.770 casos. E a projeção do modelo Gompertz ajustado nesta semana é de 33.684 casos. Ou seja, uma redução de 2.086 casos”, analisam.
Os professores Erlandson e Leandro salientam que os resultados obtidos são apenas um indicativo de que se pode estar iniciando um período de redução de casos confirmados.
“O comportamento das pessoas nas próximas semanas nos mostrará em qual cenário estamos. Se as medidas de isolamento social continuarem a serem seguidas, podemos manter este cenário de ‘achatament’ da curva. Porém, com o relaxamento das medidas de isolamento social poderemos ter um aumento das notificações de casos confirmados e voltarmos a ter uma inclinação da curva”, afirmam.
De acordo com o modelo Gompertz, no dia 26 de agosto a previsão é de 678 pessoas precisem de leitos clínicos em Mato Grosso do Sul, oito a mais dos disponíveis. Já com relação aos leitos de UTI, é estimado para 16 de agosto 200 pacientes para esse tipo de atendimento, um a mais dos 199 existentes.
As datas de colapso foram adiantadas em cinco dias. “Estes resultados mostram a necessidade da população continuar seguindo as orientações de especialistas da área da saúde para se manter o isolamento social sempre que possível. Este procedimento é necessário para que as quantidades registradas em uma semana estejam sempre abaixo da curva ajustada. Pois somente desta maneira obteremos o desejado ‘achatamento’ da curva”, reforçam.
Texto: Paula Pimenta (com informações dos pesquisadores)