Nesta sexta-feira, 13, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, esteve na UFMS para a palestra Rotas de integração sul-americana e o Brasil que queremos para o futuro. O evento foi realizado no auditório do Complexo Multiuso 1, na Cidade Universitária, com transmissão pelo canal da TV UFMS.
O reitor Marcelo Turine e a vice-reitora Camila Ítavo recepcionaram a ministra. “É uma alegria muito grande receber a ministra Simone Tebet, nossa professora, porque ela sempre, acima de tudo, será nossa professora. Obrigado por ter aceitado nosso convite para falar um pouco sobre os desafios para o nosso futuro. A Rota Bioceânica é uma plataforma estratégica para redefinirmos a formação de recursos humanos, geração de conhecimentos, então sua fala aqui vai nos ajudar muito, inclusive no processo de fortalecimento e construção do planejamento estratégico da UFMS, com uma plataforma de consulta, aberta à comunidade, nos moldes que você idealizou no Governo Federal. Queremos que a UFMS seja uma referência não apenas em Mato Grosso do Sul, mas também no Brasil e no mundo. Muito obrigada novamente pela parceria com a UFMS, com o ensino superior no Estado”, disse o reitor Marcelo Turine.
A vice-reitora agradeceu a participação da ministra e colocou a UFMS à disposição do Ministério do Planejamento e Orçamento. “Muito nos honra em termos uma ministra mulher de Mato Grosso do Sul, nossa representante pensando e nos orgulhando com um projeto de nação. […] Seu Ministério e o Governo Federal podem continuar contando com a UFMS”, afirmou.
“É uma honra voltar a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. As pessoas sempre me perguntam quando pensei em ser política. Eu nasci num berço político e nunca quis estar na vida pública com mandato eletivo. Sempre atuei muito, mas gostava mais do barulho, dos bastidores. Com 15 anos, pedi autorização para meus pais para ir às ruas para lutar pelas Diretas Já. Nunca fui estimulada por meu pai para entrar na vida pública com mandado eletivo. Após dar aulas nos cursos de Direito de Campo Grande, do Ministério Público, as pessoas começaram a indagar meu pai porque não entrava na vida pública. Resisti por quatro anos. Quando experimentei, não saí mais. Acredito que isso foi fruto por ter tido a oportunidade de atuar na UFMS como professora. Aprendi a falar melhor, a trocar ideias, a ouvir, a ser mais democrática”, relembrou a ministra.
Simone é natural de Três Lagoas, filha do político Ramez Tebet, falecido em 2006, e Fairte Nassar Tebet. Graduou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursou especialização em Ciência do Direito na Escola Superior de Magistratura e mestrado em Direito do Estado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Iniciou sua carreira política como deputada estadual em 2003. Foi prefeita de Três Lagoas por dois mandatos e depois vice-governadora de Mato Grosso do Sul. Em 2015, elegeu-se senadora. Disputou as eleições presidenciais em 2022, quando obteve quase 5 milhões de votos, e foi convidada pelo presidente Lula para compor sua equipe à frente do Ministério do Planejamento e Orçamento.
Rotas de Integração
“Sou filha da fronteira, pois nasci em MS, e estou em um governo que tem essa visão da importância de olharmos com mais carinho para os países vizinhos da América do Sul. Isso porque há 30 anos ou mais, já se falava da Rota Bioceânica, ligando o porto de Santos, passando por MS e chegando ao Chile. Porém, há 30 anos atrás o Brasil era outro, isso era uma utopia. Há 15 anos, era um sonho. Agora as coisas estão prontas! Vamos mostrar a realidade!”, destacou Simone Tebet. “Esse é um projeto de país, que veio para ficar”, complementou.
A ministra contou que a partir de um encontro, em maio de 2023, do presidente Lula com chefes de Estado da América do Sul, reuniu sua equipe para desenvolver um projeto de integração com rotas a ser apresentado ao presidente. Quatro meses depois, após sua equipe falar com todos os secretários de planejamento e fazenda dos países com os quais o Brasil faz fronteira, entregou o projeto das cinco rotas bioceânicas. Após o aval de Lula, Simone Tebet deu início a implementação.
“Se vocês olharem o mapa do Brasil, verão que o principal destino das exportações brasileiras, em 2023, passou a ser o mercado asiático, em especial a China. Diante disso, vimos que em função da distância, a saída principal tem que ser via Oceano Pacífico, já que por essa via, há um encurtamento de até três semanas o tempo do envio dos nossos produtos para lá e o envio dos produtos de lá para cá. Isso significa competitividade, pois desta forma, nenhum outro país da Europa poderá competir conosco”, destacou. Para que o projeto se concretize, reuniu-se então com os governos estaduais envolvidos para que pudessem indicar o que era necessário de infraestrutura e buscou os recursos financeiros a serem aplicados na construção das rotas. “São 10 bilhões de reais aplicados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Banco de Desenvolvimento da América Latina, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata, contratados para executar os projetos”, relatou a ministra.
No início deste ano, Simone conversou com todos os ministros dos países envolvidos e a maioria está olhando para o planejamento estratégico, necessário para avançar com as rotas. “Quanto falamos de rota, falamos sobre o que? Conectividade, emprego, renda, comércio exterior, segurança na fronteira, agricultura, pecuária. Assim já envolvemos 12 ministérios e queremos mais dois. Todos compõem a Comissão Interministerial para a Infraestrutura e o Planejamento da Integração da América do Sul”, falou. A Comissão foi instituída pelo Decreto Presidencial nº 12.034, de maio de 2024.
A ministra apresentou ao público detalhes sobre as cinco rotas e destacou que cada uma das rotas tem sua particularidade. O projeto das cinco rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano pode ser conferido aqui. Duas dessas rotas beneficiam Mato Grosso do Sul, sendo elas a Rota do Quadrante Rondon e a Rota Bioceânica de Capricórnio. A primeira conecta o Brasil com a Bolívia e o Peru e é formada pelos estados do Acre e Rondônia, por toda a porção oeste de Mato Grosso, além do município de Corumbá. A segunda conecta MS com Paraná e Santa Catarina, sendo ligada por múltiplas vias com o Paraguai, Argentina e Chile.
“As rotas abrem uma perspectiva, uma oportunidade muito grande para o Centro-Oeste de forma geral e para as universidades, que podem nos ajudar a entender o que vai acontecer ano a ano com o turismo, com o agronegócio, com o comércio, com as demandas do mercado de trabalho, os cursos mais procurados e os trabalhadores mais requisitados nos estados. É preciso um planejamento estratégico e ninguém melhor que as instituições de ensino superior, vocês, pra nos dizerem o que vamos precisar, como temos que escrever essa história”, enfatizou a ministra.
“Temos um potencial de consumidores na área da produção, indústria, serviços, cultura que não conseguimos dimensionar. Por isso, peço a vocês, a UFMS, que possamos desenvolver um projeto em conjunto em relação a rota 4, sobre as perspectivas para o crescimento do Estado com essa rota e o que vamos precisar em relação a isso, como vamos convencer os jovens a fazerem os cursos que tem mais perspectiva de renda, de terem uma vida digna. Há uma gama de possibilidades e vocês podem fazer esse cálculo e nos auxiliar nessa missão”, finalizou.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Álvaro Herculano