Manifestações artísticas são valorizadas no Sarau na Sombra

Todas as quartas-feiras, às 12h30, estudantes, professores, técnicos das unidades localizadas no Setor 3 (localizado às margens do Lago do Amor) tem um encontro marcado com a música, a poesia, a dança, as artes. Trata-se do projeto de extensão Sarau na Sombra idealizado e coordenado pela professora do curso de Letras da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc) Patrícia Rocha. “O esperado é que os participantes possam construir belas memórias e se expressar em toda sua totalidade, sem medo de ser o que são e, principalmente, que sejam sujeitos livres de todo tipo de preconceito ou discriminação. A expectativa também é de que o Sarau alcance mais espaços na Universidade. No futuro queremos ‘ocupar’ outras sombras da UFMS e transformar o projeto em algo itinerante. Além disso, o projeto busca integrar a comunidade externa para que as pessoas percebam que existe espaço para a livre expressão artística aqui dentro e que todos são bem vindos nessa instituição que é pública e democrática”, diz Patrícia.

Para auxiliar na organização e realização da ação, a professora conta com a participação de 20 acadêmicos e de outros professores do curso. “Nosso foco maior é abrir um espaço para que estudantes do curso de Letras mostrem seu talento em diferentes manifestações artísticas, mas já recebemos acadêmicos de outros cursos como Física e Arquitetura e Urbanismo e queremos ampliar cada vez mais essa integração entre os cursos”, explica o estudante do terceiro semestre de Letras João Victor Pereira de Souza Henrique. “O importante em suma é isso, ter esse espaço toda a quarta, com constância, para que todos conheçam o projeto”, complementa.

“A ideia é que continuemos a fazer isso por muito tempo e, quando nos formarmos, vamos incentivar os nossos colegas a participarem. Queremos que o projeto integre um memorial do curso de Letras, seja identificado como algo que é do curso e que vai permanecer mesmo que nós não estejamos mais na graduação”, explica João.

Em relação ao nome, o estudante explica que a ideia inicial era propor Sarau de Quinta, pois seria realizado às quintas-feiras. “Não tínhamos ideia do nome e viemos com a proposta de Sarau de Quinta, pelo trocadilho com a palavra, por exemplo, podemos brincar com os significados: quinta – dia da semana ou quinta-feira – ou  quinta – no sentido figurado: algo duvidoso, desprezível. Mas, por decisão da maioria, optamos por realizar o projeto nas quartas-feiras. Então, a professora Patrícia trouxe a ideia de Sarau na Sombra, por conta do ambiente, das mesas e bancos sob a sombra das árvores. Ainda também há uma aliteração com o som do “s” inicial das duas palavras – Sarau na Sombra. E achamos que o nome era legal e optamos por esse”, fala o estudante.

Ele explica que a programação é feita a partir do preenchimento de formulário – link.ufms.br/saraunasombra. “A pessoa interessada em se apresentar preenche o formulário com as informações pessoais, o que irá apresentar, especificando o quanto tempo irá demandar na apresentação. Depois disso, dois acadêmicos se juntam a cada semana para cuidar da organização e apresentação das atrações. Geralmente abrimos com música ou dança, chama mais atenção. Depois passamos para recital de poemas, por exemplo”, fala João. “Também temos artistas informais e aqueles que se apresentam de última hora. Já tivemos estudantes apresentando poesias, por exemplo, na última hora. Durante o mês de abril foram 20 artistas que participaram do projeto”, detalha.

A primeira edição do projeto foi realizada no dia 12 de abril. “Por enquanto estamos somente na área de convivência próxima à Escola de Administração e Negócios, pois é onde ficam nossas salas de aula, mas estamos pensando em ampliar o projeto e levar para outros setores da Cidade Universitária, como o setor 1, especialmente na Concha Acústica e nas áreas de sombra próximas à Faculdade de Computação (Facom), mas são planos para o futuro”, explicou o acadêmico.

Sobre a experiência no projeto, João destaca sua paixão pela extensão. “Pessoalmente estou gostando muito do projeto. Sou viciado em projetos de extensão, mais até que pela iniciação científica. A extensão me encanta muito mais por conta desse intertexto, pela possibilidade de atingir a comunidade interna e externa. Já estive envolvido em um projeto no ano passado e neste ano, estou envolvido em dois. Cada projeto te dá uma bagagem imensa. Você aprende a manusear muitas ferramentas on-line. Estamos sendo formados para sermos professores e pesquisadores. Então, com isso já me sinto muito mais confortável como professor sabendo que já consigo usar tantos recursos, principalmente, os oferecidos no pacote do Google. Não tem como não usar isso em sala de aula, você acaba se deparando com eles em algum momento”, conta.

“Quando a professora Patrícia comentou em nossa sala que gostaria de fazer um projeto voltado para cultura, nós, calouros, que vimos com todo gás e emoção, ajudamos ela a por em prática a ideia. Nós abraçamos a ideia e estamos ajudando na organização”, fala o estudante Gabriel Cacho Garcia. Além da auxiliar na realização das edições semanais, ele também já participou se apresentando. “Nosso Sarau está indo bem, na última edição realizada semana passada, tivemos exposição de pintura, além das canções e poesias. Tem sido uma experiência diferente do que eu tive no ensino fundamental ou médio e está sendo muito bacana”, fala.

Assim também foi com a estudante do primeiro semestre Sara da Silva Sommer. “A professora Patrícia comentou com a gente sobre a ideia do projeto em sala dizendo que sempre quis fazer, mas não tinha tido a oportunidade ainda. Então, eu me juntei à organização do projeto para estruturar ele bonitinho antes de começarmos a agir de fato. Avalio a minha experiência como excelente. É bem legal já que nós temos espaço pra expor nossas próprias ideias”, diz.

Experiência

Rosalina Felipe de Paiva é acadêmica do primeiro semestre do curso de Letras – Espanhol e realizou apresentação musical no Sarau. “O convite surgiu quando estavam debatendo sobre quando iria ocorrer o primeiro dia do sarau, pediram pra eu me inscrever e como já estava interessada então não pensei duas vezes e me inscrevi”, conta. “Eu me apresento desde que inaugurou o Sarau, sigo ajudando e me apresentando sozinha e me abrindo pra coisas diferentes como dueto, ler poesias, não só me prender à música”, fala Rosalina.

“Na primeira vez que cantei, meu repertório foi MPB mas atualmente estou tentando aumentar o repertório pra outros gêneros musicais também, sobre o autoral por enquanto não tenho nenhuma pra apresentar, mas quem sabe futuramente”, lembra. “Eventos como o Sarau são muito reveladores, abre porta pra artistas que de alguma forma sentiam dificuldades em apresentar suas obras e seus talentos, levam arte e esbanjam cultura, e também é um momento de calmaria, aquele momento maravilhoso em contato com o ar livre”, destaca.

Henrique dos Santos Mosciaro é acadêmico de Letras e foi convidado por colegas da sua turma para assistir ao sarau. “Quando vi que eu poderia contribuir, eu decidi participar. Apresentei-me em todos desde a primeira semana. Na primeira vez eu declamei uma coleção de poesias de um amigo meu, nas semanas seguintes foram poesias autorais, e nas últimas duas semanas eu passei a misturar poesias autorais com músicas”, conta. Para ele o Sarau é de extrema importância. “É fundamental que a arte esteja presente nas universidades e iniciativas como a do Sarau possibilitam ao público acadêmico um momento de descontração e, ao mesmo tempo, serve como uma plataforma que permite uma exposição positiva dos artistas que integram o público acadêmico”, fala.

Saiba mais

Confira a programação, fotos e outras informações sobre o Sarau na Sombra no perfil do projeto no Instagram. “Convido vocês para estarem conosco às quartas-feiras, sempre às 12h30. É uma experiência riquíssima, um projeto sensacional e espero que todos nos conheçam na Universidade”, finaliza João.

 

 

Texto: Vanessa Amin

Fotos: Eduardo Giatti e arquivo do projeto