A UFMS foi uma das instituições contempladas pela chamada pública da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O edital selecionou propostas de todo o país visando à execução de projetos institucionais para adequação e implantação de infraestrutura física de laboratórios e biotérios de nível de biossegurança 3 (NB-3), incentivando o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e estudos ligados à Covid-19.
Para comemorar a inserção da UFMS no programa de modernização dos laboratórios do MCTI, foi descerrada placa no Biotério, localizado na Cidade Universitária, nesta quinta-feira, 10. “Neste momento de pandemia da Covid-19, as instituições de ciência e tecnologia estão sendo demandadas para trazer soluções a fim de garantir saúde e bem estar da população. A UFMS tem sido referência em relação a isso, pois temos cientistas de talento. Mas, para tornar nossas pesquisas mais eficazes e eficientes, precisamos de investimentos na infraestrutura. Hoje, estamos felizes pelo resultado do edital nacional que direciona recursos ao Biotério pelo MCTI e pela Finep. A unidade precisava de investimentos para adequação do sistema de biossegurança, a fim de tornar possível a realização de trabalhos envolvendo o novo coronavírus. Parabenizo toda a equipe e unidades pelo esforço. Estamos no caminho certo para garantir a qualificação de novos cientistas e gerar conhecimento para o país e para o mundo”, comenta o reitor Marcelo Turine.
O projeto submetido ao edital foi desenvolvido pela equipe do Biotério, contando com o apoio das pró-reitorias de Administração e Infraestrutura e de Pesquisa e Pós-Graduação e da Agência de Desenvolvimento, Inovação e Relações Internacionais. Com investimentos no valor de R$ 2.017.426,00 será possível adequar a estrutura física e tecnológica aos padrões de qualidade e biossegurança que propiciarão a condução de pesquisas com animais de laboratório em uma estrutura multiusuária com nível de biossegurança NB-3. Atualmente, o Biotério está classificado como NB-2. De acordo com a responsável pelo Biotério, Telma Bazzano, será realizada a união das áreas de criação e experimentação, com corredor único, possibilitando o transporte interno de animais e insumos; otimização da área de experimentação, com divisão em salas; e aquisição de equipamentos.
“Este edital é de extrema importância, pois fomos o único do Centro-Oeste selecionado para abrigar uma estrutura NB-3. Isso é fundamental para o estudo da Covid-19, mas também de outras enfermidades emergentes, reemergentes e negligenciadas. Os investimentos vão fortalecer as pesquisas experimentais com animais em nossa Universidade. Cabe destacar que o Biotério da UFMS também é o único da região a integrar a Rede Nacional de Biotérios – a Rebiotério do CNPq”, conta Telma.
O Biotério Central da UFMS está vinculado ao Instituto de Biociências (Inbio) e é responsável pela produção e fornecimento de modelos experimentais com qualidade genética e sanitária para atender os projetos de ensino, pesquisa e extensão, atendendo a 19 programas de pós-graduação (PPG), duas especializações e, além do Inbio, os institutos Integrado de Saúde e Química, as faculdades de Medicina, Medicina Veterinária e Zootecnia, Educação, Ciências Humanas, Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição e de Odontologia, bem como os câmpus de Paranaíba e, eventualmente, os de Três Lagoas e Corumbá.
“Além de atender a totalidade da demanda da UFMS, o Biotério possui uma área de experimentação que pode ser utilizada por qualquer pesquisador da Instituição para fazer seus experimentos. É muito complexo produzir animais com qualidade, ainda mais direcionados a experimentos voltados à Covid-19. Hoje somos NB-2 e, com esses recursos, poderemos produzir animais utilizados em pesquisas relacionadas ao novo coronavírus e também a outras doenças que exigem esse ambiente de segurança”, explica o diretor do Inbio, Albert Schiaveto.
O evento também contou com a participação da vice-reitora Camila Ítavo, dos pró-reitores da Proadi, Augusto Malheiros, e da Propp, Nalvo Franco, do diretor da Aginova, Saulo Gomes, além de pesquisadores e servidores do Biotério e das pró-reitorias. “Quando assumimos a gestão da UFMS um dos nossos compromissos era melhorar a infraestrutura. Hoje, posso dizer que não devemos nada a outras instituições. Somos destaque no cenário nacional e internacional e isso se deve também ao fato de termos inúmeros talentos na equipe de pesquisadores e técnicos. O Biotério é uma das nossas unidades que atendem demandas de toda a Universidade e é desta forma que precisamos caminhar, implantando laboratórios que possuam essa característica”, ressalta a vice-reitora.
Para o diretor da Faculdade de Medicina, Marcelo Vilela, é necessário incentivar espaços compartilhados por diferentes unidades da Instituição. “A produção e criação de animais de qualidade para a pesquisa é muito importante. Precisamos fomentar o uso compartilhado da infraestrutura da Universidade e aqui , no Biotério, é possível realizar trabalhos de áreas diferentes. A Faculdade de Medicina, com certeza, é uma das unidades que já se beneficia disso e irá aproveitar mais ainda após as adequações que serão realizadas”, comenta.
Com 30 anos de existência, o Biotério produz, atualmente, há oito linhagens estabelecidas, sendo uma de rato, quatro de camundongos, hamster gerbil e gambá. “Também estamos estabelecendo as duas principais linhagens de camundongos imunodeficientes – NSG e Balb nude – que estão entre as mais utilizadas em estudos do sistema imune, doenças infecciosas, diabetes, oncologia e células tronco”, fala. Além das áreas de criação e experimentação, a unidade também possui uma área de reprodução assistida, implantada recentemente. Todas com médicos veterinários responsáveis. “Na área de reprodução assistida, inclusive, é realizada a criopreservação de embriões de todas as linhagens produzidas, para assegurar o seu restabelecimento em caso de necessidade”, explica Telma.
“Gostaria de agradecer imensamente à reitoria por acreditar que poderíamos fazer mais pela ciência de animais de laboratório em nossa região, pelo apoio incondicional, viabilizando investimentos em recursos humanos e infraestrutura. Hoje, temos animais de qualidade genética, além da qualidade sanitária. Foi um desafio coletivo e, se chegamos até aqui, foi devido ao trabalho de todos”, conclui a responsável pelo Biotério.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Leandro Benites/Acervo Biotério Central