Laboratório para análise de casos da Covid-19 recebe investimentos

Desde a detecção dos primeiros casos de Covid-19 em Mato Grosso do Sul, a UFMS tem desempenhado papel de protagonista implementando projetos e ações de enfrentamento ao novo coronavírus. Entre elas está a parceria com a Secretaria do Estado de Saúde (SES) que tem como objetivo analisar as amostras colhidas no Drive-Thru instalado no Batalhão Central do Corpo de Bombeiros Militar e enviadas pelo Laboratório Central de Segurança Pública (Lacen-MS) para detecção de casos da doença.

 Na Universidade, as amostras são analisadas em duas etapas, sendo a primeira no Laboratório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (LabDIP) da Faculdade de Medicina (Famed), onde são cadastradas, conferidas e submetidas à extração do material genético. “É um laboratório moderno e equipado para realizar as atividades de pesquisa em saúde e, atualmente, está sendo utilizado para o diagnóstico da Covid-19”, destaca o diretor da Famed Marcelo Villela.

Devido ao aumento de casos e da demanda por exames, a Universidade vai investir na implantação do Laboratório para Análise da Covid-19. De acordo com o diretor, professores e pesquisadores da Universidade e da Fundação Oswaldo Cruz de Mato Grosso do Sul (Fiocruz-MS) vêm trabalhando desde abril nas análises. “Atuam no local professores, técnicos e estudantes de pós-graduação da área da saúde da Universidade e com o aumento da demanda se fizeram necessários investimentos a fim de tornar as atividades mais eficientes”, comenta o Vilela.

Para o professor da Famed James Venturini, a implantação do Laboratório otimizará e ampliará parque analítico na UFMS. “Os equipamentos adquiridos necessitam de espaço físico adequados para a sua instalação. Na unidade, será possível aumentar a capacidade diária de execução de exames moleculares de Sars-Cov-2 e imunológicos de Covid-19, contribuindo para a rápida identificação e caracterização dos casos e consequentemente o controle da doença”, destaca.

“Essa pandemia ainda é pouco conhecida, portanto, parcerias e investimentos no diagnóstico laboratorial podem, ainda, auxiliar na produção de conhecimento científico a fim de embasar ações e políticas públicas de prevenção e controle da mesma”, ressalta Venturini. “Temos um intenso fluxo e trabalho para a realização desses exames e as adequações visam também garantir a biossegurança e proteção da equipe composta por estudantes, técnicos, pesquisadores e professores, além de colaboradores, já que se trata de amostras biológicas de elevado risco de transmissibilidade infecciosa”, explica James. Até o momento, já foram realizados pela UFMS 6.415 exames de RT-qPCR, sendo 492 positivos para Covid-19.

Além dos exames para diagnóstico da Covid-19, os investimentos na nova unidade devem garantir a execução de ações de assistência e pesquisas científicas que contam, inclusive, com recursos do Ministério da Educação e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação.

De acordo com o pró-reitor de Administração e Infraestrutura Augusto Malheiros as adequações no bloco 9 da Famed, onde será instalado o Laboratório, devem ser feitas o mais rápido possível pela empresa já contratada. Segundo o pró-reitor, a contratação foi feita observando a Lei 13.979 de 6 de fevereiro 2020 publicada pelo governo federal, que dispõe das medidas adotadas para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia da Covid-19. “Uma das medidas, é simplificar os processos de contratação em relação às ações para enfrentamento à pandemia da Covid-19, permitindo a dispensa de licitação. A obra será acompanhada pela nossa Coordenadoria de Manutenção”, comenta Augusto.

Dentre as melhorias a serem implementadas estão adequações no projeto arquitetônico, com a divisão do laboratório em salas específicas para recebimento de amostras, paramentação, extração, distribuição, entre outras; instalação de gerador e caixa separadora, e adequações nas instalações elétricas.

Pesquisa

Um dos estudos realizados com apoio da infraestrutura laboratorial da UFMS está o intitulado Avaliação sistêmica integrada da Covid-19 em Mato Grosso do Sul: aspectos moleculares, epidemiológicos, clínicos, imunológicos e de vigilância, que reúne pesquisadores e profissionais da UFMS, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), dos hospitais Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) e Regional Rosa Pedrossian (HRMS), do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

O objetivo é promover ações integradas de pesquisa, vigilância e suporte técnico-científico a gestores e profissionais da saúde, para fortalecer e regionalizar o enfrentamento da Covid-19 em Mato Grosso do Sul. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado no edital lançado pela UFMS e que visa apoiar ideias e estudos relacionados ao coronavírus e à doença por ele provocada. A coordenação é dos pesquisadores da Faculdade de Medicina (Famed) James Venturini e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan) Ana Rita de Castro Coimbra Mota. “Em linhas gerais pretendemos conhecer mais sobre a dinâmica da doença em Mato Grosso do Sul avaliando todos esses aspectos e, assim, responder questões que não foram esclarecidas. Também, pretendemos evitar surtos virológicos nos hospitais, prejudicando ainda mais o sistema de saúde”, explica o professor James.

No começo deste mês, foram apresentados os primeiros resultados parciais do eixo de vigilância virológica e epidemiológica em profissionais da saúde. São 257 profissionais da saúde -72% mulheres e 28% homens – participando do projeto que pretende atingir 700 pessoas. Estão previstas 12 visitas quinzenais e, até o momento, 80% dos participantes já realizaram a terceira coleta, que está sendo feita na Faculdade de Medicina da UFMS e no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS). Esse eixo do projeto tem equipe coordenada pela professora do Programa de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitarias Sandra Leone. Dentre os profissionais acompanhados, 2% tiveram positividade no teste rápido e 3,5% no RT-PCR. Os percentuais baixos podem ser considerados bons. “Eles refletem a transmissão comunitárias e não intra-hospitalar”, analisa o professor James.

Texto: Vanessa Amin

Fotografias: Acervo LabDIP/Thayná Oliveira (Repórter TV UFMS)

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