Realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação por meio da Financiadora de Projetos, o Programa Centelha tem como objetivo selecionar ideias inovadoras e transformá-las em negócios de sucesso. Em Mato Grosso do Sul, é executado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), com apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar e do Governo do Estado.
Em sua segunda edição, foram aprovados 50 projetos (veja o resultado final aqui). Entre eles está a startup Dual Link, proposta pelo professor do Instituto de Física Cauê Alves Martins. “A motivação em participar do Centelha surgiu da ‘dor’ da academia e do industriário. De um lado, temos excelentes pesquisadores com enorme capacidade em resolver problemas complexos e de outro, temos uma indústria demandando soluções. Mas, muitas vezes, estes dois mundos não se conversam. O industriário não conhece as métricas de metodologia científica que conduzem a uma boa escolha de um solucionador, enquanto o acadêmico não está familiarizado com o os processos administrativos que possibilitam a interação com o empresário, tampouco, em média, possui habilidade de elaborar proposta de desenvolvimento comercial com cronogramas de entrega bem definidos”, explica Cauê.
A proposta conta também com a participação do egresso do curso de Administração da UFMS, pós-doutor em Engenharia de Alimentos e empresário do setor de alimentos, Alexandre Borges Santos, e dos acadêmicos de Engenharia Física, Pedro Lucas Salazar Vital, e de Física, Camila Budke. “O objetivo é aprimorar o processo de interação entre academia e indústria, de modo a diminuir o gap existente entre estes dois setores. O uso de métricas acadêmicas adequadas facilita o ‘filtro’ na escolha de solucionadores capacitados para resolver uma demanda, o que economiza tempo e dinheiro do industriário”, fala Cauê.
“Nem sempre o autor correspondente do artigo publicado em uma revista de alto fator de impacto é o solucionador mais adequado, ou mesmo aquele que entende do assunto. Existem técnicas para identificar o melhor pesquisador em uma lista de autores ou entre diferentes grupos de pesquisa, e este é o diferencial da Dual Link”, conta o professor do Infi, que atua na disciplina de Redação e Metodologia Científica há quase uma década.
Cauê comenta que a aprovação em todas as fases do Programa Centelha MS trouxe muito autoconhecimento e experiência em setores administrativos, de mercado e de negócios. “Temos certeza que a mentoria e financiamento do Programa Centelha MS irá alavancar nossa inciativa. Além disso, os estudantes estão muito motivados”, destaca. “Meu objetivo como professor é proporcionar que os estudantes da UFMS conquistem importantes posições no mercado de trabalho. Neste contexto, estamos interagindo com investidores para que nossos estudantes possam ter mais estrutura técnico-financeira para implementação da startup junto ao Programa Centelha MS”, enfatiza.
“Está cada vez mais claro que os estudantes podem usufruir da experiência dos professores para trilharem caminhos dentro do setor privado de modo ativo e imediato”, reforça Cauê. Isso pode ser comprovado por meio da experiência dos estudantes que participam da iniciativa. “Trabalhar na Dual Link está sendo uma experiência de muito aprendizado em nível de gestão, organização e implementação de projeto. Vejo que estabelecer vínculo com um empreendimento desde a graduação é de grande importância extra-curricular. Assim, a aproximação do meio acadêmico ao meio empresarial é tanto a proposta da DL, quanto o resultado gerado por ela na minha formação acadêmica, o que é uma grande vantagem na futura transição universidade-trabalho”, diz Pedro Lucas. “A experiência está sendo desafiadora, porém instigante. É desafiadora por estar lidando com várias áreas que abrangem o empreendedorismo e a empresa, e ter que estar sempre conciliando com os meus estudos. Por outro lado, é instigante compreender na prática as reais necessidades de um negócio e poder contribuir com uma ideia da qual vejo um grande potencial de aplicação e crescimento”, acrescenta Camila.
Neste segundo edital do Programa Centelha MS, estão previstos investimentos de até R$ 3 milhões nas propostas aprovadas, sendo que cada uma pode receber até R$ 60 mil. Os recursos são provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com contrapartida estadual.
Saiba mais sobre a Dual Link no vídeo abaixo
Texto: Vanessa Amin, com informações da Fundect-MS
Fotos: Vanessa Amin/Marcelo Calazans