Com a iniciativa do projeto de extensão denominado Biodiversidade para Adolescentes: uma abordagem interdisciplinar para reconectar o ser humano à natureza, o professor do Instituto de Biociências (Inbio), Paulo Robson de Souza, identificou uma oportunidade de realização ao estabelecer uma colaboração com uma Organização Não Governamental (ONG) do Rio de Janeiro. A parceria viabilizou o desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes, com ênfase na conscientização para a conservação ambiental. A intenção era explorar a conexão entre a espécie humana e a natureza, destacando a importância da compreensão do conceito amplo de “biodiversidade” e das interações interdependentes entre a sociedade e o meio ambiente. O empenho resultou na criação de um livro digital em português e inglês.
Os colaboradores da ONG desenvolveram atividades educacionais presenciais para adolescentes assistidos pela instituição. Nesse sentido, o projeto veio de encontro com o objetivo promover uma abordagem multidisciplinar, lúdica e criativa para reconectar os jovens participantes com o mundo natural, utilizando tecnologias de informação para a distribuição de atividades a distância.
O professor do Inbio comenta que a experiência foi um desafio fascinante. “Fiquei imensamente contente por participar desse projeto, especialmente porque, ao longo da maior parte da minha trajetória na Universidade, tenho dedicado grande parte do meu tempo à extensão. No entanto, esta foi a primeira vez que me envolvi em um projeto de extensão com adolescentes. Conseguimos conciliar atividades não presenciais com duas reuniões presenciais. Passamos mais de dois meses sem conhecer pessoalmente os sete adolescentes, o que tornou a experiência ainda mais gratificante. É emocionante lidar com jovens nessa fase crucial de descobertas e encantamentos. O projeto proporcionou a eles a oportunidade de explorar seus interesses diversificados. Por exemplo, entre os participantes, há dois talentosos músicos, duas jovens musicistas, e até mesmo alguém sem interesse aparente em biologia. Diante disso, optamos por abordar conceitos ecológicos e biológicos de maneira intensa, buscando integrar a biodiversidade ao seu cotidiano. Foi uma experiência verdadeiramente enriquecedora, pois conseguimos mostrar a presença da biodiversidade em suas vidas de forma agradável e acessível”, explica.
A intenção do projeto foi não apenas sensibilizar os jovens para a importância da biodiversidade, mas também desenvolver habilidades de expressão artística e comunicação relacionadas a questões ambientais. A professora do Instituto de Biociências, Suzete Rosana de Castro Wiziack, explica que o projeto é uma contribuição à educação ambiental destinada a estudantes, professores e a todos que reconhecem a importância da questão ambiental. “A equipe responsável pelo projeto, juntamente com os adolescentes, participou ativamente na concepção e produção de atividades que se configuram como um legado valioso para a educação ambiental. O tema central abordado é o da biodiversidade, com enfoque criativo, lúdico e crítico, utilizando diferentes linguagens e diversas ferramentas didáticas. Vale a pena explorar e utilizar este material, que eu denomino como um legado, pois ele demonstra que é possível ensinar como as ações humanas podem impactar o meio ambiente e que somente os seres humanos têm o poder de promover as mudanças necessárias. Este é mais um trabalho coordenado pelo professor Paulo Robson, reconhecido pela sua grande sensibilidade em projetos educativos, habilidade em reunir grupos e capacidade de produzir material informativo e didático”, destaca.
O professor voluntário do Inbio e Doutorando em Ensino de Ciências, Luiz Henrique Ortelhado Valverde, analisa que o projeto pode mudar o jeito como os seus participantes olham o mundo. “O projeto além de contribuir para a compreensão de conceitos envolvendo a biodiversidade, proporcionou a retomada de sentimentos conectivos com a natureza em seu sentido mais amplo, explorando o pertencimento com o meio ambiente, tal como o compromisso para a defesa e conservação dos bens naturais do planeta. Estar presente nesse projeto é como se reencantar com o encanto, de ver jovens engajados em uma causa maior. É ‘esperançar’ um futuro sustentável, empático e justo socialmente”, encerra.
Seguindo o cronograma do projeto, as atividades se transformaram em um livro digital. Com isso, ocorreu a disponibilização gratuita do e-book na plataforma internacional Figshare, como uma forma de relatar a experiência, divulgar a produção dos jovens e inspirar outros interessados na abordagem de educação ambiental proposta.
A designer da Secretaria de produção visual da UFMS, Marina Arakaki, explica que apesar de pouco tempo para concluir o projeto gráfico, participar da sua concepção e finalizá-lo lhe trouxe muita satisfação. “Diagramar este e-book foi uma experiência gratificante e desafiadora. É um tema que me interessa pessoalmente, pois está alinhado com as minhas crenças. Ver o desenvolvimento de um projeto que pode impactar as atitudes dos adolescentes me encantou. Foi desafiador devido ao curto prazo que tivemos para concluí-lo. Além disso, queríamos criar algo interativo que capturasse a atenção tanto dos adolescentes quanto dos professores. Fiquei feliz e grata pela oportunidade de participar desse projeto”.
O livro, que se apropria nome do projeto de extensão Biodiversidade para Adolescentes: Uma Abordagem Transversal para Reconectar o Ser Humano à Natureza, vai além de uma compilação de conhecimentos e consiste em uma manifestação artística das percepções e aprendizados das crianças envolvidas. Ele inclui textos cativantes, imagens impactantes, vídeos inspiradores e poesias que encapsulam a experiência única vivenciada durante o projeto.
“O futuro já começou”
Há 25 anos atuando como coordenador da Associação Favela Education, uma entidade sem fins lucrativos, com o propósito nobre de proporcionar oportunidades educacionais a crianças de comunidades carentes do Rio de Janeiro, Eduardo Boaventura comenta que o objetivo da organização é garantir que essas crianças tenham acesso a uma formação universitária sólida, permitindo-lhes almejar um futuro mais promissor no mercado de trabalho.
Segundo Eduardo, aproximadamente há quatro anos atrás, a associação recebeu uma verba de uma entidade filantrópica que possibilitou a seleção de sete crianças para participarem do projeto sobre Biodiversidade para Adolescentes. “O projeto foi uma jornada intensiva de mais de seis meses, envolvendo estudos aprofundados, pesquisas, palestras, trabalho de campo, além de inúmeras reuniões on-line e presenciais. As crianças não apenas absorveram conhecimento, mas também se tornaram agentes ativos desse processo, contribuindo com textos, fotos, vídeos, histórias em quadrinho e poesias. Todo esse esforço culminou na criação de um livro digital, lançado na semana passada em uma plataforma de uma biblioteca”, explicou.
O coordenador ainda destaca que a intenção é que o livro sirva como uma ferramenta de conscientização ambiental para as futuras gerações de adolescentes. “O foco principal é inspirar a preservação do meio ambiente e sua biodiversidade, formulando novos conceitos que incentivem cada indivíduo a defender, à sua maneira, o seu habitat. Esta experiência foi singular, e somente ao observar as fotografias, ler os textos produzidos e assistir aos vídeos elaborados pelas crianças é possível compreender que o futuro já começou. A mensagem clara é que qualquer forma de vida possível para o nosso planeta depende da defesa e proteção da biodiversidade de todas as espécies existentes hoje”, disse.
Texto: Elton Ricci