Iniciativa divulga diversidade cultural na astronomia a partir da formação de constelações

Em uma noite estrelada, é possível observar a formação de constelações no céu que, com um pouco de criatividade, podem se assemelhar à figuras de pessoas, animais ou objetos. Mas, para além das conhecidas Cruzeiro do Sul, Andrômeda ou Órion, o céu e suas figuras são interpretados de maneiras distintas de acordo com a cultura de quem o observa. 

O projeto de extensão As constelações na astronomia cultural, realizado na Casa de Ciência e Cultura de Campo Grande, busca divulgar as possibilidades culturais de se compreender o céu, em especial dos povos indígenas, e como isso influenciava suas culturas e mitologias. 

“Normalmente pensamos na astronomia greco-romana e europeia como se fosse a única maneira possível de olhar o céu. O objetivo central do projeto é mostrar para o público que existem diferentes maneiras de se ler o céu através de constelações. A gente procurou na literatura a descrição das constelações em outras culturas, além da grega, e o nosso foco principal é a cultura indígena”, explica a coordenadora da Casa da Ciência, Isabela Porto. 

Para facilitar as visualizações das constelações, a equipe do projeto elaborou painéis texturizados. Além da experiência visual, o relevo permite a sensação tátil e a interação de pessoas com deficiência ou limitação visual. 

Segundo a coordenadora da iniciativa, os painéis oferecem uma oportunidade de comparar as diferentes interpretações culturais do céu. “É um trabalho de divulgação científica, com vistas a esse cunho mais educativo. Por isso, os painéis representam as constelações ligando as estrelas da maneira como um povo ou outro vê, como a cultura hegemônica e a indígena entendem a mesma região do céu”, explica. 

O material é utilizado em apresentações durante os eventos do Clube de Astronomia Carl Sagan, um dos projetos da Casa de Ciência e Cultura, ou em visitas das escolas. Os painéis são elaborados com materiais simples e de baixo custo, como isopor, papel, tinta e alfinetes, já que um dos objetivos do projeto é que professores da Educação Básica consigam replicar o material.

“Os painéis foram feitos pensando em auxiliar os professores a ensinar a história e cultura das diversas civilizações, de modo que facilite o aprendizado e permita melhorar a percepção de que esses conhecimentos ancestrais foram marcantes para esses povos”, explica o estudante do Curso de Física e integrante do projeto, Henrique Amaral Arcuri. 

Para Henrique, o desenvolvimento do projeto também permitiu expandir seus próprios horizontes. “O trabalho me ajudou a compreender diferentes formas de enxergar o universo. Entender a astronomia é importante para entendermos como o universo funciona, para entendermos o nosso mundo. Também tem um papel de ampliar os horizontes e a percepção sobre o mundo em que vivemos. Ela nos permite refletir sobre a nossa presença e o nosso lugar na história do universo, tanto no tempo como no espaço”, relata. 

Casa da Ciência

A Casa de Ciência e Cultura de Campo Grande é um programa de extensão que tem como foco a divulgação científica. A iniciativa promove ações nas áreas de física, química e matemática, em escolas e na Cidade Universitária. 

Os projetos executados promovem serviços e atividades como observação do céu, discussão de filmes e apresentações para a Educação Básica, o que permite que o conhecimento científico chegue à população.

Texto: Alíria Aristides 

Fotos: Álvaro Herculano