Observada em vários países, entre eles o Brasil, a queda vacinal preocupa, principalmente por serem as vacinas uma das principais maneiras de prevenir ou eliminar doenças. Para averiguar essa situação, foi encomendado pelo Ministério da Saúde o Inquérito de Cobertura Vacinal (ICV), que se inicia hoje em várias capitais brasileiras.
Participarão do inquérito crianças de 19 capitais e do Distrito Federal nascidas em 2017. Em Campo Grande, serão realizados três inquéritos, com 452 crianças em cada grupo.
No Mato Grosso do Sul, a coordenação estadual do ICV está com a professora da Faculdade de Medicina (Famed) Sandra Maria do Valle Leone de Oliveira e terá como coordenador municipal o mestrando do Programa de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitária Antonio Luiz Dal Bello Gasparoto e como supervisora estadual a professora Ana Paula Costa Marques (Instituto de Biociências).
O trabalho de campo será realizado por equipe de empresa especializada em inquéritos, a partir de visitas às crianças em suas residências, de forma a se conhecer a situação vacinal, o estrato social e as dificuldades para o cumprimento do calendário de vacinação.
A equipe irá tirar fotos das cadernetas e os dados, segundo Antonio, serão lidos por profissionais de saúde que trabalham com vacina e transcritos para o questionário.
“Como a nossa logística da aplicação da vacina é distinta precisamos conhecer se os motivos da queda são iguais ou diferentes aos observados nos diferentes países. A vacinação é uma das mais poderosas armas para o controle ou eliminação das doenças preveníveis. A estimativa real da cobertura na coorte de nascidos vivos em 2017, 12 anos após o último inquérito nacional é fundamental para se avaliar o PNI e identificar suas barreiras e facilitadores de sua implementação proporcionando subsídios para proposição de estratégias para melhorar o seu desempenho”, afirma o coordenador municipal do ICV.
Os pesquisadores querem, a partir desse levantamento, estimar as coberturas vacinais para BCG, hepatite B, Poliomielite, Pentavalente, rotavirus humano, febre amarela, meningococo conjugada C, pneumococo conjugado 10 valente, influenza, Hepatite A, tríplice viral, varicela e reforço para DPT e Poliomielite, além de estudar o acesso aos serviços para obtenção da primeira dose de vacina avaliada por meio da cobertura para a primeira dose de DPT (penta ou tetra valente) no primeiro ano de vida.
O inquérito ajudará ainda a “analisar o cumprimento do calendário proposto levando em conta as idades preconizadas pelo calendário oficial do PNI e os intervalos corretos entre as doses (doses válidas); verificar a adequação do esquema vacinal realmente aplicado às normas ideais (comparação entre doses aplicadas e doses válidas); comparar as doses aplicadas e os dados de produção dos serviços de atenção básica; estimar a proporção de crianças que utilizam serviços privados para imunização e estudar as coberturas vacinais, esquema completo, as condições de vida predominantes nas áreas ou estratos correspondentes e dados socioeconômicos das famílias”.
De acordo com o Ministério da Saúde, o relatório irá auxiliar na descrição do contexto do Programa Nacional de Imunizações, além de descrever um extrato amostral social. Será possível ainda “verificar as coberturas vacinais em cada um dos estratos de cada município; comparar os resultados do ICV (cobertura e intervalo de confiança) com os dados administrativos para os municípios para cada uma das vacinas e analisar o cumprimento do calendário vacinal”.
Texto: Paula Pimenta