Estudantes da Faculdade de Computação participam do teste público de segurança da urna eletrônica

Estudantes da UFMS estiveram presentes durante a 7ª edição do Teste Público de Segurança da Urna 2023 (TPS), conduzida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para testar os equipamentos utilizados na coleta de votos. O professor da Faculdade da Computação (Facom), Carlos Alberto da Silva, participou em sua segunda contribuição com o Sistema Eleitoral, acompanhado dos estudantes Matheus Vianna Silveira, do Curso de Sistemas da Informação, e Ian Martinez Zimmermann e Mario de Araújo Carvalho, ambos do Curso de Ciência da Computação, apresentando sete Planos de Testes.

Nesta edição, foram aprovados 34 planos pela Comissão Avaliadora e outros quatro adicionais foram conduzidos ao longo das etapas do teste público, sendo que cinco geraram contribuições ao sistema das urnas. O relatório final foi divulgado no portal do TSE, no dia 19 de dezembro, com as conclusões dos testes propostos, convidando os investigadores da Polícia Federal e da UFMS para uma nova verificação dos achados e das soluções oferecidas, em maio do ano que vem, antes das eleições.

O professor da Facom explica que os testes são conduzidos para atestar a confiabilidade das urnas, e todos os cidadãos brasileiros, de qualquer organização, grupo ou entidade podem participar, a partir da inscrição no edital lançado em anos ímpares. O TPS é dividido em três etapas principais: na primeira, os inscritos são apresentados ao código-fonte da urna que será usado no ano seguinte de eleição; na segunda fase, os Planos de Testes aprovados pela comissão são aplicados, e aqueles que obtiverem sucesso passam para a próxima fase; na terceira, e última, parte, os grupos que obtiveram achados são convocados a voltarem no ano seguinte, para conferir a correção do software.

“Neste ano, nós inscrevemos seis Planos de Testes, testamos todos e em um deles tivemos um achado. O outro nós descobrimos, escrevemos na hora um Plano de Testes e eles aceitaram, e virou o segundo achado. Tudo é muito organizado, dentro dos tipos de softwares que existem no processo eleitoral, é preciso escolher um, escrever seu Plano de Testes, dizendo como você pretende achar uma vulnerabilidade, explicando como, onde e qual o objetivo final”, explica.

Em 2021, em sua primeira participação no teste público, o docente foi acompanhado do estudante Ian Martinez, que pretendia explorar o tema em seu Trabalho de Conclusão de Curso. “Escrevemos apenas um Plano de Teste, aplicamos e quebramos o sigilo. Era possível saber em quem alguém votou, ouvindo o voto da pessoa pela saída de som usando um aparelho de bluetooth, jogando o sinal para fora de uma seção eleitoral, ou mesmo colocando um aparelho para gravar”, comenta.

Ao comparar as duas atuações, o professor acredita que a comissão está mais seletiva, priorizando a qualidade dos planos apresentados ao invés da quantidade. “Este ano eles focaram muito em dois termos técnicos: fragilidade e integridade do voto. Fragilizar o voto é torná-lo visível para alguém que saberá em quem você votou, que é o sigilo. O outro, da integridade, é mudar o resultado do seu voto. O que poderia até, de certa forma, mudar o resultado de uma eleição. Estes foram os dois focos pedidos naqueles diversos softwares que existem na urna, para que fossem escritos Planos de Testes em cima destes dois princípios de segurança”, detalha o professor.

A importância em atuar presencialmente no TPS foi passada também aos estudantes, que tiveram a oportunidade de conhecer profundamente os processos eleitorais. “Muitos enxergam apenas a urna, como se fosse apenas entrar em uma seção eleitoral e votar, e não é. Tudo começa um ano antes, cadastrando os candidatos, os partidos, os eleitores daquela seção eleitoral, gerando uma mídia que vai para uma urna, virando no dia da eleição a possibilidade de você depositar o seu voto de forma segura”, revela.

O conhecimento teórico e prático, ao lado de equipes do Brasil inteiro, proporcionou aos estudantes uma experiência diferente de tudo o que acompanham em sala de aula. “Os dois [estudantes] que nunca tinham ido, ficaram emocionados ao ver a complexidade dos softwares da urna, porque muitos acreditam que ela não é protegida, mas é o contrário. Existem várias camadas de proteção, uma urna não liga um dia antes da eleição, um dia depois, uma urna não aceita conectar em qualquer rede, seja ethernet, seja fibra óptica, wi-fi, bluetooth, ela não conecta, não tem dispositivo e sequer software para isso. A emoção em estar lá, ver outras equipes, principalmente a Polícia Federal trabalhando, que é um grupo que está lá desde a primeira edição do TPS em 2009″.

O TPS é realizado desde 2009, e consiste na apresentação de um plano de ataque aos sistemas eleitorais envolvidos na geração de mídias, votação, apuração, transmissão e recebimento de arquivos, por qualquer cidadão brasileiro com idade igual ou superior a 18 anos. O professor celebra o destaque dos estudantes da UFMS durante a experiência. “Apenas o nosso grupo da UFMS conseguiu dois achados como universidade, ao lado da Polícia Federal, e isso mostra a qualidade dos nossos estudantes. Nos preocupamos em dar uma formação e mostrar a ética, porque trabalhamos com isso na área de segurança da informação e segurança dos dados, e eles puderam ver com os próprios olhos como funciona o processo de definir isso em lei, aplicar isso em um software, e como resultado ter uma eleição transparente, que correu perfeitamente, e nós contribuimos com o software da eleição de 2024″, conclui.

Texto: Agatha Espírito Santo

Fotos: Arquivo pessoal Carlos Alberto da Silva