Cada vez mais, a UFMS tem investido em soluções sustentáveis, tanto para a própria Instituição como para o mundo. Por meio do projeto de pesquisa Fotocon Lab – Laboratório de fotoconversão de energia e hidrogênio verde, a Universidade passa a integrar o mapa de desenvolvimento de combustíveis renováveis e sustentáveis e recebe R$ 1,9 milhão em investimento. Após a aprovação do projeto, a equipe propõe e discute a criação de uma estação de abastecimento na UFMS, pendente de financiamento.
O hidrogênio verde, obtido pela eletrólise da água e que não emite gases poluentes, tem se destacado como uma alternativa de combustível e é tema de estudos no Instituto de Física (Infi). O coordenador do projeto, Heberton Wender Luiz dos Santos, ressalta que o objetivo da iniciativa é desenvolver uma tecnologia nacional para a produção de hidrogênio verde utilizando a energia solar, de uma forma simples e com baixo custo.
“Se o projeto obtiver sucesso, o impacto direto na sociedade é enorme já que a queima do combustível hidrogênio gera apenas vapor de água, logo, esse combustível não emite gases poluentes na atmosfera, tais como os causadores do efeito estufa. Além disso, há uma grande procura internacional por fontes alternativas de energia e combustíveis para a descarbonização do planeta, que hoje é muito dependente das fontes de combustíveis fósseis, por exemplo”, explica.
A ideia é produzir o hidrogênio verde a partir da luz solar. O foco é beneficiar o setor de transportes, principalmente, ou seja, abastecer veículos movidos por células a combustível de hidrogênio, ou mesmo veículos com motor de combustão direta. De acordo com o coordenador, o hidrogênio ainda pode ser utilizado para a produção de fertilizantes, na indústria, em cidades inteligentes e em outras aplicações.
Outro plano é a implementação de um posto de abastecimento de hidrogênio verde dentro da Universidade, que seria o pioneiro no Mato Grosso do Sul e no Centro-Oeste. A proposta é criar uma estação disponível para a comunidade externa, além de abastecer um micro-ônibus para transitar dentro da Cidade Universitária, como o Capi Shuttle. “Para isso precisamos de parceiros e investimentos. A equipe de pesquisadores e a administração central da UFMS já estão em articulação para viabilizar essa ideia junto aos setores público e privado interessados no projeto”, enfatiza.
O projeto foi aprovado na chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e passa a integrar o Sistema Nacional de Laboratórios de Hidrogênio. Assim, o estudo desenvolvido na UFMS se destaca no âmbito nacional, já que foram pouco mais de 10 laboratórios aprovados em todo o país. “Esses laboratórios ajudarão a nortear estratégias, normatizações e políticas públicas do setor, além de concentrar sob a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação novas tecnologias de geração, transporte e armazenamento de hidrogênio”, detalha Heberton.
Para o diretor do Infi, Além-Mar Bernardes Gonçalves, a aprovação do projeto pelo CNPq ressalta a qualidade do trabalho desenvolvido pelos pesquisadores da UFMS. “A presença desse laboratório coloca o estado de Mato Grosso do Sul no mapa da pesquisa relacionada a produção de hidrogênio e torna a UFMS mais um centro de excelência no desenvolvimento de tecnologia e formação de recursos humanos nessa área”.
O estudo tem a colaboração dos professores Cauê Martins, Luiz Plaça e Anderson Caires, do Infi, e Giuseppe Câmara, do Instituto de Química. Há, ainda, a participação de pesquisadores de outras instituições nacionais e internacionais: Jesum Fernandes, da Universidade de Nottingham (Reino Unido); Sajjad Ullah, da Universidade de Peshawar (Paquistão); Renato Gonçalves, da Universidade de São Paulo; André Pereira, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica; Renato Grilo, da Universidade Estadual Paulista; Lauro Maia, da Universidade Federal de Goiás; Elias Neto, da Universidade Federal de Santa Catarina; Ricardo Bento, da Universidade Federal de Mato Grosso; Felipe Oliveira, do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul; e Etenaldo Santiago, da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. O projeto tem o apoio da Startup Green Fuel.
Texto: Mylena Rocha
Fotos: Arquivo do projeto de pesquisa