Para orientar pais e responsáveis por crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista a fim de estabelecer uma rotina de atividades durante o período da pandemia, as estudantes do curso de Psicologia Isabela Bogéa e Daniele Reis produziram uma cartilha, sob orientação da professora Thaize Reis. O material foi elaborado como atividade da disciplina de Estágio Obrigatório Psicossocial 4.
“Por meio da cartilha, buscamos elencar atividades que possam ser realizadas durante o período de isolamento, contribuindo para minimizar o desconforto que possa ter sido gerado com a mudança no cotidiano das criança, evitando também a regressão de alguma habilidade já adquirida”, explica Isabela. “Com a pandemia, tivemos que adotar as atividades educacionais remotas emergenciais e nosso plano de atuar criando um projeto pró-estudos teve que ser adaptado para o ensino remoto. Com isso notamos a necessidade e a falta de acessibilidade de algumas crianças do ensino básico em ter acesso a esses materiais, que auxiliam na rotina de estudo. A partir daí tivemos a ideia de trabalhar na criação de cartilhas que podem alcançar um público maior. A Isabela me perguntou se eu estaria interessada em trabalhar com ela, em uma cartilha para crianças com diagnóstico de TEA, e como tivemos aulas sobre o tema, e já havia feito leituras a respeito, aceitei o convite”, disse Daniele.
Isabela conta que a experiência em outros estágios e a elaboração do trabalho de conclusão de curso sobre estudos com crianças diagnosticadas com TEA auxiliaram na produção do material e também fez com que ela entendesse a importância de uma orientação correta às famílias, principalmente, àquelas que não conseguiram manter os acompanhamentos durante a pandemia ou por outros motivos.
“Estamos em uma universidade pública e precisamos dar retorno do nosso trabalho para a sociedade. Então, esta foi mais uma oportunidade de levarmos para a população os conhecimentos que adquirimos na graduação. Ao estudar mais sobre a temática, nosso desejo de trabalhar com esse público aumentou ainda mais”, contam as estudantes que estão no último semestre do curso de Psicologia.
Sobre o processo de produção da cartilha, Isabela e Daniele explicam que a intenção era apresentar orientações para auxiliar na rotina domiciliar em um formato que fosse de fácil compreensão. “Após apresentarmos a ideia a professora Thaize e ela concordar, buscamos conteúdo na literatura sobre o tema, mas também contamos com a ajuda de profissionais. A partir daí, fizemos um roteiro com o que consideramos mais pertinente e explicamos de forma simples, mas completa, cuidando para que não ficasse muito cansativa a leitura”, dizem. “Certamente o que esperamos é que a cartilha alcance o maior número de famílias possível, e que as orientações dela realmente auxiliem na rotina durante o período de quarentena, e depois dele também, contribuindo para o desenvolvimento dessas crianças”, relatam.
“Como eu atuo na interface entre Psicologia e Educação, os estágios que eu supervisiono, em sua grande maioria, são em escolas. Este ano, portanto, tivemos que nos reinventar. Até tentamos fazer atividades remotas com a comunidade escolar, mas as dificuldades são grandes. Tanto a Isabela quanto a Daniele estão estagiando comigo há alguns semestres. A Isabela sempre se interessou por Educação Especial e estagiou em uma instituição no ano passado. No início desse ano, íamos contatar outra escola de Educação Especial para que ela pudesse realizar o estágio. A Daniele ia trabalhar com outras estagiárias auxiliando estudantes a organizar suas rotinas de estudo. Já estava tudo planejado para as atividades presenciais. Mas, com a pandemia e tivemos que adaptar nossa atuação”, conta a professora Thaize.
De acordo com ela, os estudantes que participam da disciplina de estágio passaram a se dedicar a atividades para auxiliar na organização da rotina de estudo e que pudessem ser realizadas de forma remota. “Temos outro grupo de estagiários que está oferecendo oficinas sobre organização da rotina de estudo para os acadêmicos e acadêmicas da UFMS, outro grupo está desenvolvendo uma cartilha com as informações e assuntos que são discutidos nas oficinas”, explica.
“Unindo então o interesse e a preocupação com as pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais e a organização da rotina de estudo, a Isabela e a Daniele apresentaram essa proposta de produzir a cartilha com orientações para a rotina de estudos de pessoas com TEA. Gostei muito, pois ela demostra o quanto essas acadêmicas estão atentas às inúmeras necessidades que observamos no ambiente educacional, além de revelar flexibilidade e capacidade de transformar a experiência de estágio em um momento tão desafiador em algo que pode contribuir com outras pessoas. Elas desenvolveram um ótimo trabalho que espero que possa chegar às famílias e auxiliá-las a passar por esse momento da melhor maneira possível”, destaca.
A cartilha pode ser conferida no arquivo abaixo.
Texto: Vanessa Amin