Estudantes entregam projeto do Museu da Ciência e da Tecnologia

Entrega foi formalizada em reunião por videoconferência com a participação dos gestores, professores e estudantes

O projeto preliminar do Museu da Ciência e da Tecnologia foi entregue nesta quarta-feira, 27, ao reitor Marcelo Turine e a vice-reitora Camila Ítavo. O projeto foi desenvolvido por cinco estudantes do curso de Engenharia Civil, orientados pelo professor Andrés Batista Cheung.

Para o reitor a experiência com a realização da 71ª Reunião da SBPC em 2019 serviu como um estímulo para despertar em toda a comunidade acadêmica o desejo de continuar a desenvolver projetos que pudessem manter vivos o intercâmbio com a sociedade. “Quase 50 mil pessoas visitaram a Universidade e puderam ver de perto nossas pesquisas e projetos. Após o término do evento, vimos no Parque da Ciência uma forma de perpetuar essa interação e, agora, com a construção do Museu a UFMS se torna ainda mais atrativa para crianças, jovens e adultos”, ressalta Turine.

“O Museu será um grande legado para a sociedade sul-mato-grossense. Quero agradecer a cada um de vocês que contribuiu para que esse nosso sonho se torne realidade. Vocês estão participando de uma iniciativa que vai ficar marcada. O projeto ficou lindo”, parabeniza Camila. “Vocês estão de parabéns, o projeto é belíssimo. Também quero agradecer o professor Andrés pela liderança e a professora Luciana pelo empenho. Queremos iniciar logo, pois temos a certeza que são obras que enriquecem a Universidade”, destaca.

Projeto contemplou parte estrutural e arquitetônica

O Museu da Ciência e da Tecnologia deve ocupar uma área de mais mil metros quadrados, localizada embaixo das arquibancadas do Morenão. A Universidade já conta com o Museu de Arqueologia e a Casa da Ciência e a nova unidade deve ampliar o acesso da população que, ainda sofre com a carência de espaços dessa natureza em Mato Grosso do Sul. “O Museu tem como principal objetivo a divulgação e popularização de Ciência e Tecnologia junto a acadêmicos, mas também a toda comunidade”, destaca o professor Andrés. “Como sou um dos integrantes da equipe que trabalha na viabilização do Museu, tomei a liberdade de envolver alunos da disciplina Projeto de Edifícios, a fim de que tivéssemos um projeto com a visão dos acadêmicos”, conta.

O acadêmico Gustavo Nazarko Ferreira de Souza destaca a importância da experiência. “Para nós, futuros engenheiros, essa experiência é única e muito satisfatória. A proposta dessa reforma, feita pelo professor Andrés, nos animou desde o início, pois, mesmo sabendo que muitas dificuldades seriam encontradas durante o projeto, tínhamos a certeza que elas seriam compensadas por todo o conhecimento que adquirimos”, diz Gustavo que agradeceu o reconhecimento dos professores e gestores da Universidade. “Nem todos os estudantes têm esta oportunidade que tivemos. Foi desafiador projetar um museu utilizando parte da estrutura do estádio Morenão, cujo projeto estrutural é de 1968. O conhecimento adquirido foi fenomenal”, relata o estudante Igor Carlos Souza de Lima. Também compõem o grupo os acadêmicos: Amanda Matos Maschio; George Kazuki Tissiani Tsuge e José Antônio Guarienti.

 “O projeto ficou muito atraente. Os acadêmicos vinham trabalhando desde o início do semestre e, a partir da planta do Morenão, fizeram propostas para adequação do local. Essas propostas eram discutidas com a Coordenadoria de Projetos, Obras e Sustentabilidade (CPO) da Pró-reitoria de Administração e Infraestrutura (Proadi) e readequadas, conforme as demandas da CPO”, explica a professora Luciana Montera, que coordena a equipe que trabalha na implantação do Museu.

De acordo com Luciana o projeto preliminar foi finalizado e entregue para CPO. “A colaboração da arquiteta e urbanista da CPO Natália Gameiro foi fundamental para alinharmos nossa ação”, fala Luciana. “Para atingir o melhor resultado possível é necessário agregar todas as ideias e estudos e o trabalho feito pelos alunos vem para somar conhecimento e soluções para esse projeto tão importante para a Universidade”, conta Natália. “Tendo em vista que todo o trabalho feito por nós tem por objetivo atender não apenas à comunidade acadêmica, mas a população de Mato Grosso do Sul, este incentivo a participar de projetos como esse se torna muito significativo”, acrescenta. Segundo Natália, os estudantes fizeram um trabalho de excelente qualidade.

Projeto foi apresentado à equipe da CPO/Proadi e Muarq

Segundo o pró-reitor da Proadi Augusto Malheiros esse trabalho conjunto está possibilitando a  concretização de um sonho. “Os acadêmicos, professores e a CPO conseguiram passar a ideia para o papel. A partir de agora a nossa equipe vai detalhar o projeto, que ficou muito bonito”, comenta Augusto. Segundo o pró-reitor, a implantação do Museu de Ciência e Tecnologia irá somar ao processo de revitalização da área da esplanada do Morenão. “Já estamos modificando o espaço. O Parque da Ciência já está delineado, conseguimos pavimentar as ruas de acesso. O próprio Morenão passará por reformas que serão executadas por meio da parceria com o governo do Estado. Tudo isso trará uma nova vida para essa área da Universidade”, afirma Augusto.

O projeto

Sobre o projeto, o professor Andrés explica que as fases iniciais consistiram na digitalização do Morenão em modelos Building Information Modeling (BIM) a partir dos projetos estruturais. “Essa tecnologia é recente e muito promissora nos projetos de engenharia. Cabe ressaltar, que nossos acadêmicos são muito bons e autônomos, precisam de poucas orientações para produzir soluções inteligentes. Obviamente, precisam de estímulo e isso foi dado por meio da possibilidade em viabilizar um projeto quando ainda acadêmicos do curso de graduação”, ressalta.

Para o professor, a experiência foi importante para os estudantes desenvolverem habilidades de trabalho em grupo e simularem uma situação real. “Um dos pontos positivos da disciplina é que eles trabalham em grupo como em uma empresa e os trabalhos precisam ser divididos para atenderem o prazo das entregas. Obviamente, existem problemas que eles devem resolver internamente na gestão das pessoas do grupo”, comenta.

“O projeto arquitetônico do Museu, por não ser algo trivial, impôs ao nosso grupo uma série de questões que dificilmente seriam abordadas em outras obras, uma vez que se trata de uma reforma e que houve a necessidade da readequação do uso da estrutura. Muitos estudos arquitetônicos e técnicos foram feitos antes de iniciarmos nosso trabalho”, explica Gustavo.

Reuniões entre acadêmicos e professor foram feitas por vídeoconferência

“Dada a complexidade do projeto, tivemos que subdividir nosso grupo de maneira a otimizar o tempo e maximizar os resultados, com isso, além dos conhecimentos técnicos adquiridos durante todo o processo que antecede a concepção, o desenvolvimento humano dos participantes, com certeza, foi significativo. Desde a concepção arquitetônica até a modelagem tridimensional da maquete, a sinergia da equipe foi essencial”, destaca Gustavo.

“O projeto arquitetônico nos levou a lugares fantásticos na busca por precedentes e inspirações. A proposta de uma fachada de vidro buscou aproveitar ao máximo a iluminação natural e foi inspirada em alguns lugares importantes, como o museu Van Gogh em Amsterdã, por exemplo. Tentamos adequar os ambientes de maneira tal que fosse possível explorar ao máximo o espaço. No projeto, trabalhamos com dois pavimentos, por isso foi necessária a execução de escadas, mas também estruturas de acessibilidade, como a instalação de uma plataforma elevatória pessoas com algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida”, explica Igor.

“Quando recebi os projetos iniciais, fiquei muito orgulhoso, pois eles mostraram que podem responder as nossas demandas e acredito que participar na solução de um grande projeto de reforma, como esse irá ajuda-los em vida profissional no futuro próximo”, ressalta Cheung.

“Gostaria de fazer um agradecimento especial aos alunos que aceitaram o convite e o desafio e toda a turma da disciplina. Atualmente, estamos elaborando projetos no entorno, a título de exercício na disciplina, entre eles cafés com soluções sustentáveis, auditórios e laboratórios de ensino e pesquisa modulares. Esses projetos são estudos para a prática de projeto e estimulam os alunos a inovarem e procurarem soluções diferenciadas. Obviamente sob o olhar deles que são mais jovens que nós”, comenta Andrés. O professor destaca, ainda, que grande parte das atividades foram desenvolvidas com uso de ferramentas de Tecnologia da Informação e Comunicação. “A realização do trabalho em grande parte à distância, mostra que podemos realizar coisas boas em tempos de pandemia”, finaliza.

 

Texto: Vanessa Amin