Estudantes dos câmpus de Coxim e Três Lagoas atuam em ações de combate à Covid-19

Acadêmicos dos cursos de Enfermagem dos câmpus de Coxim (CPCX) e Três Lagoas (CPTL) estão atuando, desde o ano passado, em ações de combate à pandemia da Covid-19. De acordo com as professoras Soraia Geraldo Rozza Lopes (CPCX) e Larissa da Silva Barcelos (CPTL), as atividades são realizadas nas disciplinas de estágio supervisionado e obrigatório e, também, de forma voluntária.

Em Coxim, a professora Soraia explica que estudantes matriculados no nono e décimo semestres, atuam na linha de frente de atendimento a pacientes, acompanhados pelos enfermeiros dos serviços de saúde e professores do curso. “Também houve a realização de atividades práticas das disciplinas de Saúde do Adulto, Paciente Crítico, Perioperatório, Atenção Básica II, Saúde mental, nas quais acadêmicos do oitavo semestre também atuaram com os professores no atendimento às pessoas nos serviços de saúde durante a pandemia”, diz. “A parceria com a Prefeitura Municipal, também permitiu a participação voluntária nas ações de vacinação de estudantes do quinto, sétimo, nono e décimo semestres, sempre acompanhados por um professor da UFMS”, ressalta.

Nos serviços de saúde, durante os estágios e aula praticas, os acadêmicos realizaram cuidados integrais dos pacientes internados ou que buscavam atendimento nos serviços de Saúde. Nas aulas práticas, na atenção básica, auxiliaram na vacinação e, na atenção hospitalar, realizaram acolhimento e classificação de risco e cuidados aos pacientes com Covid e de casos suspeitos. “Durante as ações de vacinação, os estudantes realizavam preenchimento da ficha e da carteira de vacinação, deram orientações sobre as vacinas, e também procedimentos de vacinação da população, com a supervisão direta dos vacinadores da vigilância epidemiológica, além de entrega de senhas, direcionamento do fluxo de atendimento e auxílio nas demandas de organização e funcionamento da vacinação”, relata Soraia.

Já em Três Lagoas, estudantes do nono e décimo semestres atuam em serviços de Unidades Básicas de Saúde e também no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. “Os acadêmicos realizam as mais variadas atividades, como acolhimento dos pacientes e de seus familiares, coletam amostras de exames para confirmação diagnóstica da Covid-19, controlam a agenda do Programa Municipal de Vacinação contra a doença, além de notificarem a Secretaria Municipal de Saúde sobre os casos positivos de Covid-19. Ainda participam das campanhas de vacinação promovidas na Central de Imunização do município”, conta a professora Larissa.

Ela explica que os estudantes que atuam no Hospital estão inseridos em setores que realizam cuidados de média e alta complexidade a pacientes positivos para Covid-19, como Unidade de Terapia Intensiva, Pronto Socorro e Unidade de Internação Clínica. “Os acadêmicos, nestes setores, auxiliam realizando acolhimento e classificação de risco dos pacientes respiratórios, prestando cuidados básicos de higiene, auxiliando no transporte intra-hospitalar de pacientes e promovendo cuidados com respiradores, cateteres e sondas. Além disso, com os enfermeiros dos setores, eles realizam a organização dos recursos físicos e humanos e auxiliam na confecção de protocolos e em atividades de educação permanente”, fala a professora.

Para Larissa, as atividades, além de prepararem os acadêmicos para a atividade profissional e integrarem os conhecimentos técnico, prático e científico, permitem uma nova experiência por conta do contexto da pandemia. “Acreditamos que os estágios realizados em período de crise e pandemia possibilitam, além do desenvolvimento das habilidades teórico-práticas esperadas, que os acadêmicos vivam novas experiências e adquiram aprendizados impostos pela atipicidade do momento. Outro aspecto positivo para formação profissional é a necessidade de adaptação e de reorganização de atuação que contribuem para formação de uma identidade profissional e para o crescimento pessoal de nossos futuros enfermeiros”, ressalta. A professora Soraia também destaca a experiência vivida pelos estudantes neste momento. “A participação dos acadêmicos em aulas práticas e estágio supervisionado traz a vivência de teoria versus a prática assistencial, desenvolve a tomada de decisão, postura, conduta ética e prepara-os para serem enfermeiros, além de proporcionar o treinamento de habilidades técnicas em cenário crítico de atendimento à pessoa com Covid ou de casos suspeitos”, comenta.

Além da professora Soraia, em Coxim, estiveram envolvidos com as atividades os professores: Ana Patrícia Araújo Torquato Lopes, Beatriz Maria Jorge, Flavia Renata da Silva Zuque, Guilherme Arruda, Soraia Geraldo Rozza Lopes, Verusca Soares Souza, Helder de Pádua Lima, Naiara Gajo Silva. Em Três Lagoas, além da professora Larissa, também participaram os professores: Anneliese Domingues Wysocki, Edirlei Machado dos Santos, Mayckel da Silva Barreto, Renilda Rosa Dias, Sueli Santiago Baldan, Aires Garcia dos Santos Júnior e Mara Cristina Ribeiro Furlan.

Sobre a experiência

Estudantes dos dois câmpus também destacaram a experiência e como contribuiu no desenvolvimento de habilidades. Maria Eduarda Pascoaloto da Silva está no nono semestre e também é bolsista do programa de educação tutorial PET Enfermagem. “Estou desde abril no estágio obrigatório em atenção básica, vivenciando o dia a dia de uma unidade de saúde da família do município de Três lagoas. A priori estava à frente somente da vacinação contra a Covid-19, uma ação extremamente importante para o meu crescimento profissional, principalmente por ter que desenvolver formas de comunicação com os pacientes, para a explicação sobre a vacina, tempo para a segunda dose, as possíveis reações, público-alvo atual e a importância da imunização”, conta.

Após completar sua imunização, a estudante passou a atuar na linha de frente dentro da unidade de saúde, na parte da coleta de exames, orientação quanto a doença e o isolamento e na triagem dos infectados. “A minha experiência vem sendo muito positiva, pois além de estar vivenciando a assistência de Enfermagem na pandemia, estou aprendendo sobre a importância da atenção primária à saúde, principalmente no rastreio de novos casos e na prevenção desses, além de estar repassando esses conhecimentos para a população. Ademais os conhecimentos que estou adquirindo e ações desenvolvidas estão me proporcionando crescimento profissional e pessoal, tornando-me a cada dia mais uma futura capaz de atuar em diversos segmentos da saúde”, conta.

Diretora de ensino da Liga de Segurança do Paciente, Luana Ribeiro Barreto está no quinto semestre de Enfermagem no CPCX e falou sobre a sua experiência. “Participar da campanha de vacinação está sendo maravilhoso, pois a vacina está sendo esperada por todo o mundo e poder ver a alegria das pessoas ao serem vacinadas é muito gratificante. Isso muda o meu dia. Ouvir relatos de pessoas que estão ali para se vacinar e que perderam seus familiares para a doença, esses que também desejavam a vacina, mas infelizmente não conseguiram é emocionante e me faz ver que eles estão realizando um sonho por eles e pelas pessoas que perderam”, conta.

“Isso afeta de uma forma mais positiva minha formação, faz com que eu queira desenvolver projetos que envolvam toda a comunidade. Aumenta a minha vontade de me especializar na área de urgência e emergência para ser a primeira pessoa a ter contato com aquele paciente que muitas vezes está assustado, pois não sabe o que está acontecendo ou para aquela pessoa que só precisa de uma conversa, pois perdeu o seu familiar e não conseguiu nem fazer o velório por causa da Covid. Essa experiência mudou a minha forma de olhar para as pessoas. Aprendi realmente na prática vendo que cada um que passou por mim precisava de uma ajuda diferente, às vezes ter um pouco mais de paciência ou explicar de forma mais simples possível para que entenda o que queremos dizer”, destaca. “Não é uma simples campanha de vacinação, mas um grande passo para o Brasil e para o mundo, e poder estar ali, fazendo parte dessa história, é algo maravilhoso”, completa.

Beatriz Soares dos Santos, do nono semestre de Enfermagem no CPTL, contou sua experiência na Unidade de Terapia Intensiva. “Neste ano iniciei o estágio na UTI Covid, vivendo de forma mais próxima a realidade de pacientes em fase avançada da doença. À princípio tive bastante medo por passar a maior parte do meu dia em contato com o vírus, no entanto essa experiência me mostrou ainda mais a importância do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e da vacina. Hoje, tenho a certeza, sou protegida diariamente e posso atuar na linha de frente graças aos avanços da ciência, à criação da vacina e produção em massa de EPI’s. Eu atuo na assistência integral dos pacientes, unindo forças com a equipe interdisciplinar, presenciando evoluções no quadro clínico, com uso de equipamentos de alta tecnologia, mas também lidando com quadros irreversíveis levando a óbitos”, fala. Para ela, a pandemia trouxe muitos ensinamentos. “A pandemia, a cada dia, deixa grandes ensinamentos, sobre valorização da vida, das pessoas ao nosso redor e, neste ano, o estágio na UTI Covid proporcionou um crescimento ainda mais valioso”, fala Beatriz.

Atualmente no nono semestre do curso no CPCX, Heliete Feitosa de Matos também participou da campanha de vacinação. “Participar de um momento tão especial como esse é muito gratificante. É um momento delicado no qual muitas pessoas almejam por essa vacina, mas também de muitas perdas. Estar presente e ajudar no combate ao vírus é uma honra. Estou grata à oportunidade que a UFMS me proporcionou. Para minha formação será uma experiência muito válida, pois é muito importante saber que de alguma forma pude contribuir para o combate da Covid-19, ensinou-me também a cada vez mais ter empatia pelo próximo, e acreditar em dias melhores”, contou Heliete.

Samarah Rafaela Bevilaqua está no nono semestre e é aluna especial do mestrado em Enfermagem no CPTL. “Desde o início da pandemia, estava preocupada sobre como seria o futuro da minha graduação em um período tão incerto, se iríamos conseguir cumprir nosso estágio obrigatório ou não. Em abril deste ano, foi apresentada a proposta para nossa turma realizar as atividades na linha de frente da Covid-19 e aceitamos sem hesitar. Escolhi, a UTI Covid por ser um lugar que tinha certeza que aprenderia muito, afinal, cuidados intensivos requerem muita ciência, cuidado e estudo”, relata. “Preciso fazer um desabafo! Os primeiros dias foram bem difíceis, não estava acostumada a ver o que acontecia no setor diariamente. Pessoas chegando acordadas e em poucos dias evoluíam para óbito e outras diversas consequências que a doença acarreta em um paciente grave. Mas, depois que você entende as situações, elas ficam mais fáceis de lidar. Na UTI aprendi muito todos os dias, não só a colocar meus aprendizados em prática, mas também pela oportunidade de trabalhar em equipe multiprofissional. Uma experiência incrível pelo lado profissional, mas triste pelo lado humano de se ver”, confessa.

Estudante do nono semestre do curso no CPCX, Ana Carolina Saggin Britto participou dos mutirões de vacinação. “Participei nos mutirões de vacinação em Coxim, na equipe de organização das filas e coletas de dados e preenchimento dos cartões de vacina. Acredito que é um marco em minha vida. Além de acrescentar em minha formação, a participação efetiva em uma equipe para a gestão de vacinas, podendo observar a importância de uma boa organização da rede de frio para a manutenção das vacinas, participar ativamente em contato com os pacientes, orientando, informando e conduzindo para melhor contribuição com a equipe, pude também participar de algo histórico, do qual poderei me recordar daqui a alguns anos como profissional, que foi o cenário tão sonhado de vacinação na pandemia”, finalizou Ana.

 

Texto: Vanessa Amin

Fotografias: Acervo dos professores e acadêmicos de Enfermagem do CPCX e CPTL