Motivada em desenvolver meios que pudessem auxiliar os estudantes a aplicar os conhecimentos aprendidos na disciplina Fundamentos e Projetos em Operações, oferecida no Curso de Administração do Câmpus do Pantanal (CPan), a professora Joice Chiareto submeteu o projeto de ensino de graduação intitulado Gestão de operações: a criação de um supermercado vegano com legos no início deste ano. Ela foi uma das contempladas com recursos que possibilitaram desenvolver atividades práticas e, assim, contribuir para melhorar o processo de ensino-aprendizagem.
“O Curso de Administração é bastante teórico, então as opções de metodologias de ensino acabam sendo um tanto limitadas. Por isso tentei pensar em novos meios pelos quais os estudantes poderiam exercitar os conhecimentos adquiridos ao longo das aulas. Teria que ser algo com o qual todos, ou ao menos a maioria, tivessem alguma experiência, por isso a escolha do supermercado como a organização base, além da importância econômica desse setor. Ao mesmo tempo, decidi que seria necessário incluir um elemento de desafio na atividade, por isso o supermercado seria restrito a venda de produtos veganos. Como a região é muito focada no consumo de carne, é uma oportunidade para eles pesquisarem, terem algum contato com outra realidade e conhecerem outros padrões de consumo, que é muito importante para a formação do administrador”, conta Joice.
“Eu tenho lecionado a disciplina da área de Operações desde 2021 e o layout (arranjo físico) é um dos temas abordados. A ideia dessa atividade nasceu em 2022. Nas edições iniciais, foi realizada utilizando cartolinas e outros materiais de desenho para criação dos layouts. Os estudantes se engajavam e a atividade tinha bons resultados, mas eu pensava que ainda poderíamos melhorar esse processo. Durante uma das edições da atividade, observando as dificuldades deles para desenhar, surgiu a ideia de usar Lego”, lembra a professora do CPan.
Foi então que, em 2024, a professora viu no Edital Nº 143 da Pró-Reitoria de Graduação a oportunidade para adquirir novos materiais e fazer essa primeira experiência com os blocos de Lego. Foram destinados aproximadamente R$ 4 mil para investimento na aquisição de materiais e o projeto também recebeu bolsas para estudantes selecionados.
“O projeto se inicia com uma aula teórica sobre decisões e requisitos de layout para as organizações em geral, atrelada à disciplina de Fundamentos e Projetos de Operações. Na segunda etapa os estudantes assistem alguns vídeos sobre layout, especificamente sobre o setor supermercadista. Na terceira etapa, são divididos em grupos, de acordo com as cores de Lego disponíveis, começam as suas pesquisas sobre os itens a serem vendidos e montam uma versão inicial em papel do layout a ser criado. Na última etapa, eles efetivamente montam os layouts e apresentam os resultados do seu trabalho para a turma. Durante o processo são realizados registros fotográficos que são compartilhados entre os estudantes”, relata a professora.
A atividade conta com a participação de 41 estudantes, sendo um bolsista e um monitor para auxiliar no desenvolvimento de atividades operacionais do projeto. “Tivemos a primeira edição neste mês e, como o projeto será finalizado em março de 2026, esperamos ter mais uma edição no próximo ano”, diz Joice. Ela destaca que, se não tivesse participado do edital, a atividade seria mantida no formato anterior, utilizando cartolinas e materiais de desenho.
“A partir da atividade, os estudantes conseguiram desenvolver melhor as habilidades manuais e o pensamento espacial. Além disso, conseguimos estimular as pesquisas sobre produtos e mercados pouco difundidos na região do Pantanal, na qual o consumo e comércio de carne e produtos de origem animal é muito grande”, destaca Joice. “A partir da distribuição das peças de Lego, coube aos estudantes criarem o layout e pesquisarem os produtos que poderiam ser vendidos em cada área do supermercado. Para incrementar o aprendizado dos alunos, foi imposta a restrição de venda apenas de produtos veganos. E essa restrição é interessante, pois segundo Corrêa e Corrêa (2022), as decisões de arranjo físico, também chamado de layout, devem variar de acordo com as prioridades estratégicas e características das operações da organização”, pondera.
Estudantes aprovam atividade
“A atividade de montar um supermercado vegano com Lego foi uma experiência bem legal! A ideia de usar peças de Lego para representar o layout e os processos do supermercado facilitou muito a visualização de como tudo se conecta e funciona. Foi uma maneira prática de aplicar conceitos de operações e entender, na prática, como a organização do espaço e o fluxo de trabalho impactam no funcionamento de uma operação real. Além disso, foi divertido e estimulante, ajudando a desenvolver nossa criatividade. Acho que essa atividade contribuiu bastante para formação, porque pudemos aprender de forma mais prática e dinâmica”, diz a estudante Ana Clara dos Santos Dias.
“A atividade com Lego foi divertida e ajudou a melhorar minha criatividade, trabalho em equipe e solução de problemas”, relatou Gabrielly Vitória Isfran Burgos.
Para o estudante Fabrício Gilmar Hurtado Taborga, foi uma atividade interessante para testar várias estratégias e simular um ambiente profissional.
O estudante Marlon Sebastião Gomes Elias também achou a atividade interessante. “Foi uma maneira prática de aplicar conceitos de operações e entender, na prática, como a organização do espaço e o fluxo de trabalho”, disse.
“Gostei. Achei a aula bem dinâmica. A professora está de parabéns, pois me ajudou a entender na prática o planejamento de espaço e que cada metro quadrado tem um custo, por isso aprender a utilizar o espaço de forma confidente pode reduzir desperdício e aumentar produtividade. Ainda, ao identificar os gargalos pode olhar com mais facilidade áreas que podem ter atritos, como fila de caixa e área de circulação, e isso pode gerar pontos de melhoria, o que é fundamental para otimizar fluxos e evitar atrasos. Essa atividade ajudou de maneira simples e prática a entender o conceito de logística, recurso e eficiência tornando tudo muito dinâmico e fácil”, destacou Thielly Duran Gonçalves.
A estudante Cláudia Aparecida Costa disse que a atividade facilitou muito o aprendizado e possibilitou uma visão diferenciada sobre como lidar com informações sobre processos e suas características de desenvolvimento.
“Pela atividade ser prática, já facilitou o aprendizado, porque saiu daquilo que era imaginado. Hoje em dia, a gente entra no comércio em geral e pode identificar como é um layout de um supermercado, conveniência ou lojinha com um outro olhar, para poder melhorar, modificar ou acrescentar”, explicou Gabrielle de Fátima Conceição Ferreira.
O estudante Paulo Affonso Marinho Candia disse que, para o sucesso do trabalho, eles se colocaram como clientes em potencial. “Pensamos a partir da visão e perspectiva do cliente, com o objetivo do layout poder gerar mais resultados no mercado, adaptando para o público vegano”, comenta. Mais do que aprender o conteúdo, para a estudante Gabrielle Vitória Insfran, a atividade ensinou também a ter mais paciência, a pensar em soluções e, assim, colaborar os demais.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Acervo do projeto