Estudantes de Medicina utilizam rede social para ensinar e aprender Patologia

Projeto de extensão coordenado pelo professor Marcel Arakaki Asato, da Faculdade de Medicina, estimulou acadêmicos do terceiro ano a ensinar e aprender Patologia utilizando a rede social Instagram. “Dois fatos acabaram levando ao surgimento desse projeto: o primeiro é que a matéria de Patologia é famosa por ser difícil, complexa e específica, e o segundo foi a necessidade de nos reinventar diante do cenário imposto pela Covid-19”, explica Marcel.

“Na visão de boa parte dos acadêmicos, a Patologia é aquele tipo de matéria que eles nunca usarão na prática, no futuro profissional deles. O outro fato foi a necessidade de nos adequarmos aos tempos atuais, tanto em relação à tecnologia e novas metodologias para ensino quanto à situação da pandemia da Covid-19. Os estudantes atuais têm uma facilidade enorme em trabalhar com essas plataformas e aplicativos, além de se sentirem mais motivados”, fala o professor.

De acordo com Marcelo, a opção pelo Instagram foi devido à rede ser muito utilizada pelos acadêmicos. “Criamos um perfil chamado @estudando_patologia. Cada grupo de três acadêmicos deveria criar uma postagem sobre qualquer tema relacionado à Patologia pelo qual tivessem interesse. Eu os estimulei a utilizar a criatividade, podendo fazer vídeos, fotos e até aplicativos para confecção do post. Para criação do post, antes eles precisariam estudar sobre o tema e durante o processo, puderam perceber como o estudo da Patologia é importante para o entendimento das doenças”, destaca.

O professor explica que, para criar as postagens, os acadêmicos deveriam utilizar como base teórica livros de Patologia ou artigos científicos e esses materiais deveriam ser mencionados nas referências. A cada semana, os grupos postavam o conteúdo elaborado. A ordem foi decidida por sorteio.

Além de conhecer mais sobre a Patologia, os 24 estudantes que integraram o projeto desenvolveram outras habilidades, como criatividade, ensino de conteúdo médico, trabalho em grupo, por exemplo. “Eles também aprenderam a utilizar uma linguagem de fácil entendimento para o público em geral e profissionais da área da saúde. Antes da postagem, eu recebia o material e verificava se o conteúdo necessitava de alguma correção. Depois de inseridos no perfil, os posts foram compartilhados pelos acadêmicos como stories. Recebemos muitas curtidas e comentários, inclusive de professores de outros Estados”, ressalta Marcel.

No total, foram produzidos 24 posts e o perfil ganhou 178 seguidores, entre abril e dezembro de 2021. Destes, a maioria foi de Campo Grande, mas há seguidores também dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Mais da metade dos seguidores tem entre 18 e 24 anos. Foram abordados temas como: câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica, pólipos colônicos, câncer de colo de útero, infarto agudo do miocárdio, fisiopatologia da obesidade, síndrome metabólica, comorbidades da obesidade, sobre o médico patologista, artrite reumatóide, diabetes mellitus, febre reumática, cirrose hepática, acidente vascular cerebral, nevo melanocítico, pênfigo foliáceo, osteoartrose, leishmaniose tegumentar, infecção pelo Sars-cov-2, tabagismo, rim e doenças glomerulares, hipertensão arterial sistêmica e doença de Alzheimer.

Vanessa Maruyama foi uma das acadêmicas que participaram do projeto. “O tema que eu e meu grupo desenvolvemos para o Instagram foi osteoartrite. A ideia surgiu durante a análise de uma perna amputada por diabetes em uma aula prática de Patologia. Na ocasião, identificamos um joelho com características macroscópicas de osteoartrite e o professor analisou as características microscópicas. Nossa publicação contou com imagens desse caso avaliado pelo grupo, além de informações teóricas que aprendemos durante as aulas de patologia e as de reumatologia”, explica.

“Integramos todos os conhecimentos que adquirimos ao longo da formação até o momento sobre o tema, desde a teoria até a prática clínica e a de Patologia. Considerando as medidas de biossegurança determinadas pela pandemia, esse projeto de extensão foi a maneira ideal de compartilharmos um conhecimento tão relevante com a comunidade e com nossos colegas, até porque ao visualizar os posts uns dos outros, tivemos a oportunidade de revisar e complementar nosso aprendizado sobre diversas doenças”, ressalta Vanessa. Ela desenvolveu o trabalho com os estudantes Vinícius Felix e Heloísa Domingos.

“No último dia de aula apliquei um formulário de avaliação da disciplina, anônimo, na tentativa de conseguir enxergar melhor o que os estudantes pensam e como eu posso melhorá-la cada vez mais. O último campo é aberto para comentários”, fala o professor.

Segundo Marcel, a pandemia provocou uma alteração na forma de se ensinar Medicina. “O uso de tecnologias que permitem o ensino à distância por meio da internet foi necessário, mudando de forma temporária a definitiva a maneira de se ensinar Medicina. Atividades como essa não vieram para substituir a forma mais tradicional de ensino, e sim para somar. Fiquei muito feliz, pois a maior parte dos acadêmicos participou e o feedback foi bastante positivo”, finaliza.

 

Texto: Vanessa Amin

Imagens: Reprodução Instagram