Elouise (vestido carmim) durante o recital dos vencedores

Egressa do Curso de Música fica entre as primeiras colocadas no concurso Maria Callas

Elouise e sua professora de canto Cristina Passos

Realizado desde 1993, o Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas é considerado um dos mais importantes da América Latina e tem revelado nomes de destaque na cena lírica. Em 2024, chegou à sua 22ª edição e contou com a participação de mais de cem semifinalistas e teve a etapa final realizada em São Paulo e Jacareí, entre os dias 17 e 24 de março. A egressa do curso de Música da UFMS Elouise Miranda conseguiu o terceiro lugar na classificação final e foi um dos destaques do concurso.

“A busca por novas experiências e oportunidades na minha carreira como cantora lírica, foi o que me moveu a participar do concurso. Sempre muito motivada por minha professora Cristina Passos, com quem tenho o privilégio de estudar desde 2016 quando começamos os trabalhos com a minha voz, na época ela ainda morava em Campo Grande – MS”, conta Elouise.  “Depois da pandemia, ela se mudou para outro estado, mas nós continuamos com as aulas on-line. Para este concurso tive o prazer de tê-la presencialmente comigo, me acompanhando e orientando sempre com muito carinho e dedicação”, fala a egressa.

Para ela essa conquista deve trazer reconhecimento e aprendizado. “Além do reconhecimento, da troca de aprendizado com os outros participantes e da motivação para a evolução na minha área de atuação, se trata também do prazer de cantar e da satisfação de ver o resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido por anos”, comenta. Elouise já participou de outros concursos, como o Sim Linus Lerner 2021, no qual ganhou, como prêmio de incentivo, aulas com professores renomados.

“Se preparar para um concurso grande como o Maria Callas é um processo que passa pelo desenvolvimento de uma série de coisas como a técnica vocal, a construção dos personagens das árias cantadas, o preparo psicológico e físico, entre outros. Tudo isso colabora para um amadurecimento como profissional que é muito importante para dar novos passos na carreira. ter ganhado o terceiro prêmio feminino torna esse momento ainda mais especial!”, revela a egressa.

Ao lado do pianista Daniel Gonçalves que a acompanhou na fase final e no recital de vencedores

Elouise avalia que a contribuição do curso de Música foi importante. “Eu considero a formação acadêmica muito importante, os estudos facilitam nosso acesso a certas oportunidades além de que o conhecimento de harmonia, estilo, história e tantos outros tópicos que estudamos na faculdade está sempre integrado ao desenvolvimento da performance”, conta. “Eu tive experiências muito boas que influenciaram meu amor pelo canto e que guardo com carinho na memória, um exemplo entre tantos é o período no início dos meus estudos em que participei do coro de câmara da UFMS sob a regência do professor Manoel Rasslan e o outro foi o meu recital de encerramento do curso que foi também um momento especial”, avalia. Ela disse que pretende continuar estudando muito e se preparando para outros concursos, audições, festivais, entre outras oportunidades de desenvolvimento.

O Concurso

Criado em 1993 pelo tenor Paulo Abrão Esper e a pianista Cidinha Rasetti para realizar o mais sincero desejo de trabalhar pelo direcionamento artístico e desenvolvimento de carreira de jovens cantores, o Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas realizou 10 edições bienalmente até o ano de 2013.

Passando por uma reestruturação, o Concurso iniciou sua trajetória anual e, de 2013 a 2017 foi realizado para um título de ópera específico e um grande prêmio masculino e outro feminino. Acompanhando as necessidades evolutivas no caminho do direcionamento artístico e desenvolvimento de carreira, no ano de 2018 o Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas apresenta seu formato e premiação mais abrangentes. Os prêmios são oferecidos na fase final para primeiro, segundo e terceiro lugares, nas categorias feminino e masculino. E os papéis para uma ópera, título da Temporada Anual da Cia Ópera São Paulo, são oferecidos a todo candidato efetivamente inscrito e participante de qualquer uma das fases do Concurso.

Com um de seus focos direcionados para um título operístico e por sua dimensão e qualificação artística, se tornou, na opinião da crítica especializada nacional e internacional, o mais importante e significativo concurso de canto lírico da América Latina.

Os mais importantes nomes da ópera e companheiros da célebre Callas estiveram presentes como jurados do Concurso, dentre os quais podemos realçar Magda Olivero, Fedora Barbieri, Gabriella Tucci, Luigi Alva e Silvia Sass. O Concurso, de abrangência latino-americana, já premiou Edgardo Rocha (tenor uruguaio com importante carreira nos principais teatros de ópera do mundo) e revelou importantes nomes no Brasil como Marcello Vannucci; Edna D’Oliveira; Eiko Senda; Taís Bandeira; Rodolfo Giugliani e muitos outros que já fazem parte das temporadas de ópera de Manaus, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Theatro São Pedro e Theatro Municipal de São Paulo.

Os organizadores contam com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, por meio de sua Secretaria de Estado da Cultura e da Prefeitura Municipal de Jacareí, através da Fundação Cultural “José Maria de Abreu”. O evento também foi incluído no Calendário Oficial de Jacareí pela Lei nº 5.846/2014 e no Calendário Turístico do Estado de São Paulo pela Lei nº 15.707/2015.

Maria Callas

Nasceu em 2 de dezembro de 1923 em Nova Iorque. Filha de imigrantes gregos, chamava-se Maria Sophia Anna Cecília Kalogeropoulus. Fez sua estreia em 1947 com apenas 24 anos, protagonizando “La Gioconda” na Arena de Verona, após várias apresentações estudantis em Atenas. Teve uma carreira estrondosa cantando nos principais teatros e salas de concerto do mundo. Era solicitada por todos os maestros e diretores de cena, em produções feitas especialmente para ela.

Callas foi responsável por produções de óperas ignoradas e até mesmo nunca cantadas. Talvez, isso tenha sido sua maior contribuição para o mundo da ópera. Esteve no Brasil apenas em 1951, cantando nos Teatros Municipais de São Paulo e Rio de Janeiro. Faleceu em Paris, em 16 de setembro de 1977, com apenas 54 anos.

 

Texto: Vanessa Amin, com informações do portal Cia Opera

Fotos: Acervo da egressa