Egressa da UFMS, professora da UFF ganha Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia

Egressa do curso de Farmácia da UFMS (1990-1993), a professora e pesquisadora Letícia de Oliveira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), acaba de ganhar o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia – Edição 2020, na categoria pesquisador sênior com o trabalho “Inteligência artificial na detecção precoce de transtornos mentais”.

O tema do Prêmio Mercosul, lançado simultaneamente na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai, foi Inteligência Artificial, com seis subtemas. Os trabalhos foram avaliados por especialistas da comunidade científica e tecnológica dos países membros do Mercosul.

Para a professora Letícia, que atua no Laboratório de Neurofisiologia do Comportamento, no Departamento de Fisiologia e Farmacologia (UFF), o pioneirismo, no Brasil, na aplicação da Inteligência Artificial em neuroimagem funcional para predição de transtornos mentais é destaque para a obtenção desse prêmio.

O projeto é muito internacionalizado, com parceria de instituições/pesquisadores nos Estados Unidos e no Reino Unido. No trabalho premiado, a professora explica que “os transtornos mentais são doenças crônicas e incapacitantes. A maioria dos transtornos inicia cedo representando altíssimo custo econômico e social. Além disto, os tratamentos, farmacológicos ou psicoterápicos, são ainda pouco eficientes para a maioria dos casos. Um dos grandes desafios da psiquiatria atual é a detecção precoce de sintomas ou sinais que representem risco à transtornos mentais. Se estes sinais puderem ser detectados mais cedo, antes do aparecimento completo da doença, os pacientes poderiam receber um tratamento precoce interrompendo o transtorno”.

Mas, afirma a pesquisadora, a inteligência artificial pode trazer grandes contribuições para a psiquiatria quando aplicada à neuroimagem funcional.

“Esta abordagem tem o potencial de capturar mudanças sutis no padrão de ativação cerebral identificando alterações muito antes do aparecimento completo dos transtornos. O objetivo deste estudo foi aplicar inteligência artificial para predizer sintomas de mania e impulsividade, associados ao risco de desenvolver transtorno bipolar, a partir de padrões de ativação do cérebro”, afirma.

Na UFMS, Letícia mantém contato com o professor Ivo Leite (Instituto de Química), que foi seu professor ainda no ensino médio. “Ele foi coordenador do Clube de Ciências do qual fiz parte. A participação nesse clube foi fundamental para a decisão de ser cientista”, diz.

Bolsista de Produtividade do CNPq, a professora Letícia iniciou suas pesquisas em inteligência artificial e neuroimagem em 2010 com a realização de um pós-doutorado na área de machine learning, no Kings College London, Inglaterra.

É coordenadora do Grupo de Trabalho “Mulheres na Ciência” da UFF, faz parte do movimento “Parent in Science” e do Grupo de trabalho “Equidade de Gênero” da Capes e está coordenando o projeto PSIcovidA, que aplicará inteligência artificial para estudar a saúde mental de profissionais de saúde durante a pandemia da Covid-19.

 

Texto: Paula Pimenta