Campo Grande deverá ser capaz de absorver a demanda prevista para os casos de internação pela Covid-19 diante da disponibilidade de leitos para tratamento da doença e a quantidade de pacientes que irão deixar as internações.
Essa é a constatação dos pesquisadores do Laboratório em Sistemas de Informação e Métodos de Apoio a Decisão (Simad), divulgada hoje, sobre resultados do relatório para simulação da ocupação do uso de infraestrutura hospitalar em Campo Grande para o tratamento da Covid-19.
A equipe, formada pelos professores Carolina Lino, João Batista Sarmento dos Santos Neto (Faeng), pela mestranda Naylil Lacerda e os graduandos Gabriel Ensinas e Renan Della Senta, adverte porém que diante da previsão de utilização da infraestrutura física hospitalar ter aumentado consideravelmente nos meses de maio e junho, há necessidade de monitoramento constante da evolução das internações, no intuito de não colapsar o sistema.
O objetivo dessa simulação é fornecer suporte aos gestores com informações que possam auxiliar na estimativa de uso da infraestrutura física hospitalar necessária para salvar a maior quantidade de vidas em decorrência da doença.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram confirmados até a presente data, 11671 casos da doença e 136 óbitos, sendo 3984 casos e 29 óbitos em Campo Grande.
“Estimamos que até o dia 25 de julho de 2020, Campo Grande necessitará, em média, de 936 leitos de internação para a Covid- 19, sendo 717 leitos clínicos e 219 leitos de UTI. Tal resultado é válido para leitos contratados pelo município, desconsiderando a demanda por leitos privados em função da disponibilidade de dados. A previsão está baseada na taxa de chegada atual de pacientes que necessitam de internação na cidade”, apontam.
Em um segundo cenário, com simulação até o dia 15 de agosto, 1.073 pacientes necessitariam de internação em leitos clínicos e 328 em leitos de UTI. Os dados de internações dos pacientes não são cumulativos, uma vez que os pacientes da mesma forma que entram no sistema, também saem no decorrer dos dias, enfatizam os pesquisadores.
“Para a realização das simulações, consideramos as internações referentes à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), pois o paciente recebe essa classificação ao dar entrada no hospital e, até que seja confirmada a infecção pela Covid-19, o mesmo irá ocupar um leito destinado para tal (classificado como caso suspeito)”, explicam.
As simulações, com base em modelos matemáticos, estão sujeitas a erros e limitações, segundo os pesquisadores, porque tratam de estimativas de situações futuras que dependem de uma série de fatores, como qualidade dos dados fornecidos pelas autoridades de saúde, comportamento da doença em uma região específica, quantidade de leitos disponíveis para o tratamento da doença, hábitos da população local, medidas de controle da propagação do vírus adotadas até o momento, idade média da população analisada, além de outros fatores.
“Os modelos são representações da realidade e devem ser vistos como ferramentas capazes de se adaptar a variações nos dados, no intuito de serem úteis para orientar decisões nas políticas de saúde quando ajustadas a um contexto epidemiológico mais abrangente”, completam.
Os relatórios da pesquisa serão repassados à Sesau e à SEE/MS e podem ser consultados no site do Simad (https://sites.google.com/view/simadufms/) e no Instagram @simadufms.
Esse modelo é baseado em simulações utilizando Teoria da Filas, por meio do software Arena®, fornecido pelos parceiros Paragon Decision Science e Rockwell Automation.
Números de internações até 25 de julho:
Texto: Paula Pimenta