Há anos projetada e agora em fase de implantação com abertura de licitação para construção da ponte que unirá Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (Paraguai), a “Rota Bioceânica: Oportunidades econômicas e científicas” foi o tema da Conferência apresentada esta manhã pelo senador federal Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal.
A conferência, apresentada pelo reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), professor Fábio Edir dos Santos Costa, teve a participação do ministro João Carlos Parkinson, do Ministério de Relações Exteriores, do embaixador da República do Paraguai no Mato Grosso do Sul, Ricardo Caballero Aquino e foi acompanhada pelo secretário de Educação Superior (MEC) Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, do reitor da UFMS, Marcelo Turine e pela vice-reitora, Camila Ítavo.
A Rota Bioceânica projeta o corredor bioceânico, que une os oceanos Atlântico e Pacífico, com traçado iniciando-se em Porto Murtinho, seguindo até o Porto de Antofagasta, no Chile, passando por Mato Grosso do Sul e o norte do Paraguai e da Argentina.
O senador destacou que MS tem uma posição geográfica privilegiada diante da divisa com vários estados da federação e fronteira com dois países, Bolívia e Paraguai, sendo estrategicamente a melhor rota bioceânica, quando comparada a outras propostas.
“Esse projeto terá como consequência a estimulação do desenvolvimento de toda essa região. Os produtos chilenos, argentinos e paraguaios passarão a ingressar no Brasil por Porto Murtinho, Corumbá e Ponta Porã e os produtos da região chegarão a mercados mais distantes a preços mais competitivos”, assegurou o senador.
Outro grande ganho será a redução no tempo de viagem e custos do transporte. Quando em operação – a projeção é de dois a três anos – será possível transportar carga de MS ao Chile em dois a três dias e embarcar os produtos com destino a Ásia, Estados Unidos, México e Canadá.
“O empresário de MS irá encontrar no Chile portos mais eficientes e menos congestionados do que os do Brasil, com economia de US$ 780 por contêiner para a Ásia. MS será um grande “hub” nacional, redistribuindo insumos e produtos para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil”, afirmou Nelsinho Trad.
O encurtamento de distâncias irá facilitar o intercâmbio de produtos perecíveis como frutas, legumes, carnes e lácteos, com aumento de competitividade entre os produtos importados e exportados.
Projeta-se ainda ampliação e maior diversificação da atividade econômica no estado, com geração de mais emprego e renda, estímulo ao turismo e desenvolvimento de cidades. Para o senador, “As universidades precisam se adequar as mudanças que virão, diante de novas exigências do mercado de trabalho”.
O ministro João Carlos Parkinson afirmou ser importante preparar os jovens para que possam responder as demandas do mercado de trabalho diante da Rota Bioceânica. “É preciso promover aliança entre centros universitários, ampliar os vínculos com as empresas, atrair talentos, trabalhar por meio de ações coletivas e não isoladas. MS deixa de ser um mercado captador para ser um redistribuidor de carga. Estamos transformando a realidade territorial”, disse.
O corredor será muito importante para MS e o Brasil e tem que ter o mesmo significado para o Paraguai e Bolívia, segundo o embaixador Ricardo Caballero Aquino. “Temos de trabalhar a igualdade de condições entre os países envolvidos”.
Por último, os reitores da UFMS e da UEMS apresentaram ao senador Nelsinho Trad documento do Conselho de Reitores das Instituições de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul (Crie-MS) e da Rede Universitária da Rota de Integração Latino-Americana (UniRila), essa última composta ainda pela UCDB, UFGD, IFMS e Rede Anhanguera, além de mais seis universidades do Paraguai, Argentina e Chile. O documento apresenta projetos em estudo e andamento como o Observatório da Rota Bioceânica.
Paula Pimenta