Clínica Ampliada em Pesquisa e Intervenção Familiar inicia atendimento

Acabam de serem iniciados, na Clínica Ampliada em Pesquisa e Intervenção Familiar, os atendimentos às famílias que convivem com situações impostas por condições crônicas de saúde, deficiências e transtornos mentais de crianças e adolescentes.

A Clínica Ampliada, localizada na Clínica Escola Integrada do Instituto Integrado de Saúde-INISA da UFMS, irá permitir a professores, pós-graduandos e profissionais de enfermagem e psicologia acompanhar e intervir com famílias em encontros terapêuticos.

Segundo a professora Maria Angélica Marcheti, coordenadora do projeto e membro da International Family Nursing Association – IFNA e da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras – SOBEP, os familiares de crianças e adolescentes que apresentem deficiência, diagnóstico de situação crônica de saúde ou transtornos mentais precisam enfrentar muitos desafios em suas trajetórias e, muitas vezes, se sentem sobrecarregados, frustrados e cansados para manejar as situações de crise emergidas desses contextos, o que requer intervenções que as ajudem e a fortaleçam enquanto um sistema familiar.

“A família precisa ser acompanhada, encorajada, informada e empoderada para que possa tomar decisões e oferecer o cuidado necessário às crianças e aos demais membros familiares”, enfatiza Maria Angélica.

As famílias são encaminhadas à Clínica pelos profissionais do Hospital Universitário, das unidades da rede estadual e municipal de saúde, e das associações que trabalham com crianças e adolescentes com essas condições. Famílias que sentirem a necessidade de atendimento também podem buscá-lo de maneira livre e espontânea, devendo apenas agendar um horário.

Segundo a coordenadora, a partir dos encontros – são necessários em média dez encontros terapêuticos, com sessões semanais ou quinzenais de 45 minutos – a família provoca mudanças no manejo das interações e situações desencadeadoras de crises e sobrecarga, aliviando o sofrimento. As intervenções com a família as fortalecem e as encorajam a efetuar as mudanças que consideram necessárias para um manejo mais eficaz.

“Dessa forma a família sente-se mais empoderada para tomar decisões, manejar as situações conflituosas, se relacionar com os profissionais e buscar informações”, expõe.

Ensino, pesquisa e extensão
Os atendimentos geram uma série de informações que estão sendo catalogadas no Laboratório de Estudos e Pesquisas em Intervenção Familiar – LEPIF, vinculado ao CNPq. O LEPIF reúne pesquisadores nacionais e internacionais que têm desenvolvido estudos com família e intervenção.

A proposta do LEPIF é proporcionar integração entre o ensino, a pesquisa e a extensão, promover o desenvolvimento de estratégias de intervenções e de cuidado à família no contexto da condição crônica de saúde, e fomentar estudos avançados em enfermagem da família e transferência de conhecimento com importantes contribuições para a comunidade acadêmica científica em âmbito nacional e internacional.

Esse trabalho é parte de um projeto guarda-chuva que tem parceria e pesquisas sendo realizadas com o Canadá, a Universidade Federal de São Paulo, Universidade de São Paulo (USP – Ribeirão Preto), a Universidade Federal de São Carlos e os cursos de Enfermagem da UFMS, câmpus Campo Grande e Coxim, e Psicologia, estando aberto a outras áreas.

Além de reuniões mensais, com participação via Skype de professores de outras instituições, o projeto oferece cursos e fomenta estudos que poderão identificar outras intervenções com famílias.

O projeto já foi apresentado em eventos científicos como o 5º Congresso Ibero-Americano em Investigação Qualitativa (CIAIQ) e o 1st International Symposium on Qualitative Research (ISQR) em Porto/Portugal, em 2016, e em 2017 será apresentado em Pamplona, na Espanha no 13th International Family Nursing Conference na University of Navarra e em Lisboa, Portugal, durante evento do The European Society of Paediatric and Neonatal Intensive Care.

Formam o grupo de pesquisadores e de atendimento na clínica os professores Maria Angélica Marcheti (UFMS); Myriam Aparecida Mandetta (UNIFESP); Bianca Cristina Ciccone Giacon (UFMS); Fernanda Ribeiro Baptista Marques (UFMS) e Alexandra Ayach Anache (UFMS).

Livro

Professoras Maria Angélica Marcheti e Myriam Aparecida Mandetta

O trabalho de intervenção foi inicialmente desenvolvido em uma Associação para Crianças e Adolescentes com Deficiência em Campo Grande, fruto do doutoramento da professora Maria Angélica Marcheti e orientação da professora Myriam A. Mandetta (UNIFESP), e deu base ao livro “Criança e Adolescente com Deficiência: Programa de Intervenção de Enfermagem com Família”, lançado recentemente pelas professoras em Campo Grande (Livraria Le Parole), na UNIFESP, e em um evento Internacional de Famílias na UEM.

“O enfermeiro diariamente se depara em sua prática clínica, em diferentes contextos de cuidado, com situações de sofrimento intenso da família. O cuidado à família é dever e compromisso do enfermeiro que busca realizar um cuidado autêntico. Esperamos que este livro contribua para o ensino de enfermagem da família na graduação e pós-graduação, assim como na educação permanente dos profissionais”, dizem as autoras.

Local: Clínica Escola Integrada da UFMS
Telefones de contato: (67) 3345-7967/7968.