Nesta quarta-feira, 4, foi realizada a cerimônia de abertura do Agroecol 2024, maior evento de agroecologia do Estado. Com o tema Água e Clima: Direito à Vida, a programação realizada na Cidade Universitária até 6 de dezembro reúne iniciativas que promovem a sustentabilidade, fortalecem a agricultura familiar e destacam a importância da agroecologia em relação as mudanças climáticas.
A pró-reitora de Extensão, Cultura e Esporte, Lia Brambilla, reforçou o significado do evento como um espaço de aprendizado e troca de experiências. “Espero que este evento seja muito mais do que um espaço para adquirir conhecimento técnico, mas também para fortalecer a ideia de coletivo, de preocupação com o outro e com o nosso planeta. É inspirador ver pessoas reunidas, preocupadas com questões tão essenciais como a preservação da água e do clima. Pesquisando sobre o Agroecol, algo me chamou a atenção: a abordagem dos desafios relacionados à água e às mudanças climáticas nas formas de produção de alimentos, nas organizações sociotécnicas, na inclusão socioprodutiva e no conceito de ‘bem viver’. E esse ‘bem viver’ não se refere ao luxo, mas a viver em comunhão com o planeta e as pessoas. Ter a UFMS como palco deste movimento é motivo de orgulho e tenho certeza de que os próximos dias trarão discussões riquíssimas sobre como podemos produzir alimentos de maneira mais sustentável para vivermos melhor em harmonia com o meio ambiente”.
A professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição e coordenadora do Agroecol, Raquel Pires Campos, destacou o impacto social e cultural da programação. “Este evento vai muito além da ciência; ele une o conhecimento técnico, o saber popular e a ancestralidade. É uma oportunidade de promover a agroecologia como alternativa sustentável, envolvendo a sociedade, as instituições e, principalmente, os agricultores familiares, que são os grandes protagonistas. Temos aqui mais de 40 produtores de 10 municípios, trazendo produtos que vão desde artesanatos até alimentos do agroextrativismo, como os chamados produtos da sociobiodiversidade. Isso valoriza não apenas a produção sustentável, mas também as pessoas do campo e os consumidores, que buscam saúde e significado por trás dos alimentos. Essa feira, junto às discussões promovidas aqui, fortalece muito o movimento agroecológico e as formas sustentáveis de produção que tanto precisamos expandir”.
A conferência principal foi conduzida pela professora do Instituto Federal de Brasília e coordenadora da Associação Brasileira de Agroecologia no Centro-Oeste, Vânia Costa Pimentel, que destacou a necessidade de rever o modelo de agronegócio predominante no Estado. “O Agroecol é extremamente importante para um estado como Mato Grosso do Sul, que é historicamente marcado pela predominância do agronegócio. É essencial repensar esse modelo de agricultura que muitas vezes afasta as pessoas do campo e buscar focar em alternativas que valorizem as comunidades locais. Temos aqui experiências incríveis, como as da Cooperativa de Produção e Comercialização da Rede dos Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul e da Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul, além de povos tradicionais que há séculos trabalham com práticas agroecológicas, garantindo alimentos limpos para nossas mesas”.
O evento proporciona visibilidade e conexão com o público para os produtores, como é o caso da Jéssica Medeiros Costa que comercializa rapaduras em Terenos. “É uma chance maravilhosa de mostrarmos a biodiversidade do Cerrado e tudo o que a agricultura familiar tem produzido em nosso Estado. Esses eventos são fundamentais para darmos visibilidade aos nossos produtos e mostrarmos o impacto positivo da produção sustentável”.
A produtora de cogumelos in natura Mila Markus reforçou a importância da feira agroecológica. “Como pequenos produtores, não temos acesso a grandes canais de divulgação, então essas feiras são nosso principal meio de alcançar o público. Aqui, podemos não apenas vender nossos produtos, mas também conversar diretamente com os clientes, mostrar como eles são produzidos e transmitir o valor que está por trás de cada item”.
Realização
O Agroecol 2024 integra seis encontros simultâneos: o 5º Seminário de Agroecologia da América do Sul, o 1º Encontro Extrativista de Mato Grosso do Sul, o 4º Seminário de Sistemas Agroflorestais em Bases Agroecológicas de MS, o 7º Encontro de Produtores Agroecológicos de MS, o 8º Seminário Estadual de Educação do Campo de MS e o 9º Seminário de Agroecologia de MS. A programação inclui palestras, oficinas, exposições de produtos agroecológicos e debates sobre políticas públicas para o setor, reunindo agricultores, especialistas, estudantes e o público em geral.
O evento é uma realização da UFMS, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Universidade Federal da Grande Dourados, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural. É uma promoção da Associação Brasileira de Agroecologia e conta com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério dos Povos Indígenas; Ministério da Educação; Ministério da Agricultura e Pecuária; Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul; Cooperativa de Trabalho em Desenvolvimento Rural e Agronegócio; Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul; Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura; Instituto Pantanal Sul; Subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários; Programa Nacional dos Comitês de Cultura de Mato Grosso do Sul; e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
Texto: Lúcia Santos
Fotos: Álvaro Herculano e Lúcia Santos