Cerca de 300 estudantes indígenas ingressam em cursos de graduação na UFMS

Nesta segunda-feira, 17, o núcleo estudantil da Rede Saberes Indígenas na UFMS organizou um evento para recepcionar os estudantes que ingressam nos cursos de graduação em 2025. Veteranos, calouros, gestores e técnicos da Pró-Reitoria de Cidadania e Sustentabilidade (Procids) estiveram reunidos durante a manhã no auditório Marçal de Souza Tupã-Y, na Cidade Universitária. Este ano, a Universidade deve receber quase 300 estudantes de diferentes aldeias de Mato Grosso do Sul.

A pró-reitora da Procids, Vivina Sol, representou a reitora Camila Ítavo na recepção. “A Universidade Federal somos nós, com toda diversidade, pluralidade e cultura. Temos de valorizar isso. Vocês são nossa luz e estão aqui para mostrar que a UFMS é o lugar dos povos indígenas. Temos o maior respeito por vocês. É muito bom trabalhar em uma Instituição que tem como foco isso e acredita que é na diversidade, na diferença, que crescemos”, disse.

Segundo dados da Procids, até o momento, estão matriculados em cursos de graduação na UFMS 1057 estudantes indígenas de diferentes etnias na Cidade Universitária e nos câmpus. “A chegada na Universidade é sempre muito desafiadora. Estamos aqui para mostrar a todos os estudantes como promovemos a inclusão. A Rede Saberes trabalha muito bem esse acolhimento durante todo o período que eles ficam aqui. É importante que os calouros saibam que eles têm um espaço reservado pra eles, com momento de interação e descanso”, destacou a diretora de Cidadania da Procids, Luciana Contrera.

“Esse é um momento importante para fortalecermos a nossa cultura, a nossa diversidade e a permanência dos estudantes aqui. A recepção mostra que temos um apoio, um carinho, mesmo distante da nossa comunidade”, destacou a estudante do curso de Nutrição e representante da Rede Saberes Edineusa Costa. Ela lembrou que quando ingressou na UFMS, não havia ainda a Rede. “Fiz parte da criação da Rede e sabemos sobre a sua importância, por isso procuramos fortalecer ainda mais”, falou.

A cerimônia também contou com a presença do cacique Josias Jordão Ramires da Aldeia Urbana Marçal de Souza. “Essa é uma oportunidade única para os acadêmicos indígenas do Mato Grosso do Sul. Somos a terceira maior população do Brasil. Estar recebendo os calouros que começam esse ano é uma grande experiência e a oportunidade que a UFMS tem dado aos estudantes representa um momento único. Espero que eles façam os cursos, aproveitem a oportunidade que está sendo dada e mostrar que são capazes de ocupar o seu espaço na Universidade”, reforçou.

O estudante de Audiovisual Anderson Benites é um dos ingressantes. “Tudo é muito novo pra mim. Escolhi a UFMS porque ela oferece um curso excelente nessa área. Cheguei recentemente aqui e estou aprendendo muito. Esse momento é importante, porque me sinto mais seguro, consigo compreender melhor as coisas, bom pra fazer novas amizades”, destacou. Ele já atua na área e acredita que o curso possa oferecer uma melhor qualificação. “Eu já tinha experiência, só faltava a profissionalização”, falou. Anderson veio de Amambai para Campo Grande.

Andyara Fernandes foi aprovada no curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biociências. Ela veio de Dois Irmãos do Buriti para Campo Grande e acredita na possibilidade de aprimorar seu conhecimento sobre as espécies de plantas, principalmente, ajudando, futuramente, a própria comunidade de origem. “Escolhi a UFMS porque aqui temos a oportunidade de aprender mais, de ter mais contato com a pesquisa. Além das bolsas que ajuda a nos manter integralmente aqui, nos dedicando mais aos estudos. Desde pequena eu vivi em meio à natureza, aos animais, isso faz parte do meu cotidiano. Eu queria saber muito sobre as plantas, se eram medicinais, quais as propriedades”, explicou. “Esse momento é muito importante porque viemos de populações indígenas diferentes e nos sentimos mais acolhidos sendo recepcionados pelos nossos parentes. Hoje pudemos aprender muitas coisas sobre a Universidade, tudo que ela oferece”, disse.

Durante a manhã, calouros e veteranos participaram de uma dinâmica de grupo, puderam saber quais as principais informações que envolvem sua rotina na Universidade e assistiram à apresentação das danças kadiwéu e do povo Guarani-Nhandeva.

Texto e fotos: Vanessa Amin