Cem dias desde o primeiro caso confirmado de Covid-19 em Mato Grosso do Sul, o estado soma 5.237 registros de pessoas infectadas pelo vírus, sendo 1.142 em Campo Grande (21,81%) e 1.807 em Dourados (34,5%).
“Os valores registrados nas últimas duas semanas – de 8 a 21 de junho – estão de acordo com as projeções do modelo ajustado em 7 de junho”, dizem os professores e pesquisadores Erlandson Saraiva (Inma) e Leandro Sauer (Esan), que desde meados de março enviam à Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande (Sesau) relatório semanal sobre a modelagem matemática das quantidades de casos confirmados da COVID-19 no estado do MS e na Capital.
Nas primeiras três semanas do mês de junho houve aumento significativo (251,71%) de casos confirmados, passando de 1.489 casos em 31 de maio, dia 79 do controle, para 5.237 casos hoje, 100º dia, de acordo com levantamento dos pesquisadores, sendo que somente nas duas últimas semanas (14 dias) foram confirmados 2.984 casos.
“A figura ao lado mostra os dados do MS, na escala logarítmica (símbolos ●) e o modelo ajustado (linha na cor vermelha), considerando um intervalo de 140 dias; sendo 100 dias de registros e 40 dias de projeção (até 31 de julho). Os símbolos ● na cor azul são os valores registrados nas duas últimas semanas”, explicam os professores.
O ponto de inflexão do modelo ajustado aos dados não pertence ao intervalo de dias considerado e isto indica, segundo os pesquisadores, que se nada for feito para conter a proliferação da Covid no MS não haverá uma mudança do comportamento crescente da curva até 31 de julho.
“Mantido este cenário, o modelo indica que teremos no Mato Grosso do Sul 35.770 casos no dia 31 de julho”, dizem.
Ocupação de leitos
Mantida essa realidade, as projeções de ocupação de leitos clínicos e UTIs indicam um possível colapso do sistema de saúde pública do estado no mês de agosto.
“Para o dia 160, 20 de agosto, é estimado que 678 pacientes precisarão de atendimento em leitos clínicos; e para o dia 151, 11 de agosto, é estimado que 200 pacientes precisarão de atendimento em leitos de UTI. As quantidades de leitos clínicos e de UTI disponíveis são 677 e 199, respectivamente”, completam.
Os professores alertam para a continuidade de cumprimento das orientações de especialistas da área da saúde, mantendo-se o isolamento social sempre que possível. “Este procedimento é necessário para que as quantidades registradas em uma semana estejam sempre abaixo da curva estimada. Pois somente desta maneira obteremos o desejado achatamento da curva”.
Campo Grande
Nas projeções para Campo Grande, os professores Erlandson e Leandro apontam situação análoga ao que ocorreu no estado, sendo que nas primeiras três semanas do mês de junho houve aumento significativo de casos confirmados; passando de 299 casos no dia 79 para 1.142 casos no dia 100. Ou seja, um aumento de 281,94%.
“Com relação ao uso de leitos clínicos e de UTI, os casos registrados somente em Campo Grande não indicam colapso do sistema de Saúde pública. Porém, como é a cidade referência do estado, o seu sistema de saúde poder entrar em colapso devido a pacientes provenientes das cidades do interior”, alertam.
Texto: Paula Pimenta