Autor de “A Garota Dinamarquesa” e jovem pesquisador são ovacionados em conferência no Glauce Rocha

Pela primeira vez no Brasil, David Ebershoff, autor do livro “A Garota Dinamarquesa”, lotou o teatro Glauce Rocha na manhã desta quinta-feira (25), durante conferência na 71ª Reunião Anual da SBPC. O tema “The Danish Girl: Literature, Film and Identity” foi proposto a partir do trabalho de Fabrício Pupo Antunes, um jovem de 16 anos de Campo Grande, que desenvolve desde 2017 uma pesquisa sobre identidade de gênero e sexualidade.

A conferência em princípio seria realizada no Auditório 2 do Multiuso 1. A fila já era quilométrica 30 minutos antes do início da atividade, que estava marcada para as 10h30. O auditório, que tem grande capacidade, não se fez suficiente ao público e a conferência foi remanejada para o Teatro Glauce Rocha. O aviso gerou correria, e o público que estava para fora do auditório, saiu em disparo total rumo ao Teatro, que após, tomou sua capacidade máxima.

A conferência foi apresentada por Fabrício, que relatou como o livro de Ebershoff influenciou sua pesquisa sobre a diferenciação dos conceitos de “gênero”, “sexo” e “orientação sexual”, decorrente do seu primeiro contato com o tema e com a história de Lili Elbe. A partir disso, Fabrício passou a se corresponder com o autor David Ebershoff, que foi de grande ajuda e apoio para todo o seu projeto. A amizade ali formada fez com que Fabrício convidasse o autor para ser conferencista durante a 71° Reunião da SBPC na UFMS.

Ebershoff discursou sobre sua história com Lili Elbe, seu caminho para escrever esse que seria seu primeiro romance e que se transformaria em um filme ganhador de um Oscar, e relatou como a pesquisa e a escrita de seu livro fez com que ele se inspirasse na história de Lili, evidenciando a coragem da artista de mostrar a todos sua verdadeira identidade. “Se a vida de Lili significou alguma coisa, é que nós devemos sempre tentar”, disse o autor que teve sua fala ovacionada de pé pelos mais de 700 ouvintes presentes no local.

Em uma breve entrevista, Ebershoff resumiu que tinha o intuito de “falar sobre identidade de gênero e sexualidade, tentando criar diálogos sobre uma maior abertura, tolerância, aceitação e amor”, dizendo ainda que estava muito feliz por estar em Campo Grande, sem deixar de mostrar seu amor por nossas capivaras. Acrescentou que, caso Fabrício queira trabalhar com ele futuramente em outros projetos, estaria aberto para essa possibilidade.

Por sua vez, Fabrício deseja evoluir cada vez mais sua pesquisa, que em 2018 cresceu da história de Lili contada por David, para a história de jovens sul-mato-grossenses que desafiam as normas de gênero e sexualidade nas escolas do estado. Em 2019, trabalhando na perspectiva da educação, ele analisa “Os desafios e as percepções dos professores diante das manifestações dissidentes dentro da escola, relacionado a gênero e sexualidade”. Fabrício ainda conta que sua pesquisa será apresentada futuramente na Dinamarca, e que seguirá levando seu trabalho para as feiras de ciência do Brasil.

David Ebershoff e Fabricio Antunes ainda permaneceram no teatro por mais uma hora, respondendo a perguntas do grande público e atendendo aos fãs, com muitas fotos e autógrafos.

 

Texto e fotos: Isabella Barretto (Monitora SBPC)