Aumenta procura de alunos especiais na pós-graduação

Fronteiras estão cada vez mais imperceptíveis nesses tempos de pandemia e incitam a quem não vive em Mato Grosso do Sul a se inscrever como aluno especial na pós-graduação da UFMS, atraídos pelo ensino remoto e pela qualidade dos cursos oferecidos na Instituição, que tem hoje 68 programas stricto sensu e mais de 2,3 mil acadêmicos matriculados.

Vários programas de pós-graduação registraram aumento do número de alunos especiais neste segundo semestre do ano letivo na UFMS.

“A matrícula em disciplinas da pós-graduação como aluno especial é uma oportunidade de adiantar e ou complementar o currículo de um curso. A possibilidade de que algumas das disciplinas estejam sendo ofertadas pelo ensino remoto de emergência, possibilita um amplo acesso de pessoas independente de sua localização”, expõe o chefe da Coordenadoria de Pós-graduação, Além-Mar Bernardes Gonçalves.

Uma das maiores altas é do Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagens (PPGEL), da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc), que neste segundo semestre recebeu 227 inscrições, das quais 172 foram aceitas em diversas disciplinas, o que equivale a 75,77% das inscrições. No primeiro semestre, foram aceitos 76 alunos especiais.

Em atividade desde 2006, o Programa tem como objetivo contribuir para a capacitação de profissionais da grande área de Letras, Linguística e Artes e áreas afins.

“Uma das suas grandes balizas é estar alicerçado às atividades de pesquisa, ensino, extensão, consolidando e fomentando grupos de pesquisa. O Programa tem atraído não só profissionais da área de Letras, mas afins como Comunicação, Artes Visuais, História, Filosofia, Arquitetura e Design, Ciências Sociais, entre outras. Uma das grandes preocupações do Programa é o atendimento da demanda ocasionada pela expansão do ensino superior”, afirma a coordenadora do PPGEL, professora Sueli Silva.

O exponencial aumento de procura pelo Programa está atrelado à visibilidade que vem ganhando, principalmente com crescimento após a aprovação do curso de Doutorado, no ano passado, e também pela maior divulgação, segundo a professora.

“Nesse momento de pandemia, a despeito de todos os aspectos negativos, o ensino remoto, com o uso de TICs e dando prioridade a aulas síncronas, acabou de uma certa maneira a aumentar também a demanda de procura, por não haver a necessidade de deslocamento”, avalia.

Para o professor do PPGEL Wellington Ramos, “a alta procura pelas disciplinas do Programa evidencia sua inserção na sociedade em nível local, regional e nacional, visto que inscrições vieram de graduados, mestrandos, mestres e doutorandos de todo o Mato Grosso do Sul e do Brasil, como resultado de um amplo trabalho de divulgação fruto de esforços coletivos de todos os docentes”.

Na disciplina “Literatura e Representação”, que o professor Wellington irá dividir com o professor Ramiro Giroldo neste segundo semestre, há alunos especiais inscritos provenientes da Bahia, do Piauí, do Rio de Janeiro, do Paraná e de Santa Catarina.

“No primeiro semestre lecionei “Letramento Literário”, com 13 alunos regulares e 30 especiais. No que diz respeito ao rendimento, é preciso levar em conta na elaboração do plano de disciplina e no desenvolvimento das aulas o público. Como, desde o princípio, eu visava a presença de alunos especiais, planejei o conteúdo de modo a transitar com uma fala que fosse acessível desde a uma pessoa que está há muito tempo fora da sala de aula, até os alunos do curso de Doutorado”, diz o professor Wellington.

Para o docente, é importante que a Universidade cada vez mais se abra à sociedade, promovendo uma relação mais íntima, especialmente com a formação continuada de professores da educação básica.

“Além disso, a recepção de alunos especiais serve diretamente à captação e criação de demanda para nossos editais de alunos regulares. Muitos alunos especiais estão cursando as disciplinas para se prepararem para concorrer aos processos seletivos e tornarem-se mestrandos e doutorandos. Isso é muito importante para o PPGEL se manter vivo, oxigenado e cumprindo sua função social de qualificação de mão de obra da mais alta qualidade”, aposta Wellington.

Diversificação 

Outra grande procura foi registrada no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) no Campus do Pantanal, que neste semestre recebe 117 candidatos, enquanto a média semestral fica por volta de 70 inscritos.

“As aulas serem remotas facilita a participação de alunos de outras cidades e até estados. Também tem a questão da quarentena. Muita gente em casa, então procuram atividades para realizar, uma delas é estudar”, afirma Gilmar Lossa, secretário do curso.

Com aumento de 61,5% na modalidade aluno especial, o Programa de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias (PPGDIP) é mais um que tem na lista vários alunos de fora.

“Com as aulas na modalidade on-line, eles nos procuraram e nós aceitamos. Outra questão são nossos professores, alguns com bastante destaque nacional, inclusive com pesquisa sobre a Covid-19, o que justifica o grande interesse”, diz a professora Alessandra Gutierrez, coordenadora do Programa.

Em seu quarto ano de atuação, o Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) mantinha nos semestres anteriores uma média de 15 inscrições na modalidade aluno especial, mas nesse semestre praticamente dobrou a procura, crescimento também registrado pelo Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular (PMBqBM).

“Teve aumento. Inclusive com inscrições de fora de Mato Grosso do Sul, como sul do Pará, Bahia e Paraná. O fato de ter alunos de outros estados, e alguns com o perfil de terem trabalho em tempo integral, leva a crer que a motivação da inscrição tenha sido por causa das aulas remotas e não presenciais, já que para alguns, essa possibilidade facilita o acesso”, acredita o coordenador do PPGAS, professor Antonio Hilario.

O número triplicou no Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis (PPGCCT) que registrava uma média de cinco alunos especiais por disciplina. “Houve sim um aumento significativo, levando em consideração que grande parte desses profissionais estão no mercado de trabalho e o ensino remoto é um facilitador para o ingresso no meio acadêmico”, diz a Secretaria do Programa de Pós-graduação em Administração, Cibelly Urias.

PPGBA

Também foi três vezes maior no Programa de Pós-graduação em Biologia Animal (PPGBA). Além do oferecimento de disciplinas em formato remoto, o que possibilita que vários alunos de outros estados possam participar, para o coordenador do Programa, professor Diogo Borges Provete, a reformulação da grade curricular no ano passado, com ênfase em disciplinas instrumentais e mais metodológicas, também levou a uma maior procura pelo curso.

Texto: Paula Pimenta