Árvores notáveis do câmpus de Campo Grande serão identificadas e catalogadas

Valorizar as árvores por meio do reconhecimento das espécies sinaliza a proposta maior do projeto de pesquisa “Árvores notáveis da UFMS”, que pretende identificar a floresta urbana do Câmpus de Campo Grande.

Pesquisadora Jackeline Zani

“A ideia surgiu de uma necessidade, porque observamos que muitas disciplinas têm conteúdos relacionados ao meio ambiente, à proteção das árvores, mas os acadêmicos têm dificuldade em reconhecer o que está sendo protegido”, explica a coordenadora do projeto, a bióloga Jackeline Maria Zani Oliveira.

Para a pesquisadora, quando a comunidade, seja ela interna ou externa, passa a conhecer as árvores, que são patrimônio natural do câmpus, o indivíduo arbóreo ganha outra medida de importância e preocupação.

“As árvores prestam um serviço, são sempre muito pesquisadas, mas pouco identificadas aqui mesmo no lugar em que estamos. Falamos delas, do meio ambiente, da contribuição ambiental da vegetação, sobretudo da vegetação arbórea, mas notamos que poucos pararam para observar que isso aqui é um enorme exemplo”, diz a professora de Arquitetura e Urbanismo da Faeng e da Pós-Graduação em Recursos Naturais Eliane Guaraldo.

O projeto será desenvolvido em três etapas, com a participação ainda de alguns mestrandos em Recursos Naturais, doutorandos em Tecnologias Ambientais e do professor Antonio Paranhos, na criação do banco de dados, que terá informações de geoprocessamento, sensoriamento remoto e leitura de imagem para avaliação, por exemplo,  da área sombreada. Uma das entidades que apoia o projeto é a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU).

Os resultados da pesquisa poderão ajudar nas áreas de educação ambiental, de gestão de espaços e na própria gestão do câmpus.

Pau-Brasil

A primeira fase será composta da identificação e catalogação das árvores notáveis. “As árvores podem ser notáveis pela raridade, pela raridade no local, porque é bem percebida e bem valorizada pela população, por ser bonita, porque tem uma raiz interessante, ter alguma uma singularidade, um valor cultural, como o Pau-Brasil que tem importância histórica imensa, entre outras questões”, explica a professora Eliane.

Nessa fase será feita a criação do banco de dados georreferenciado com a localização e numeração das árvores que receberão placas de identificação, que trarão nome científico, nome vulgar, origem, ocorrência, entre outras informações.

“Uma vez terminada essa primeira etapa, com as árvores georreferenciadas, e localização dessas árvores notáveis, poderemos fazer trilhas especificas, como a das palmeiras, ou das flores, trilha de raízes visíveis ou interessantes, entre outras”, completa Jackeline.

Para a segunda fase está proposta a criação de catálogo básico ilustrado e catálogos guias para grupos específicos, com disponibilização em formato digital e livro impresso, com detalhamento sobre as árvores notáveis, com informações sobre flores, frutos, épocas, entre  outros detalhes.

“Estudamos ter um catálogo em dois níveis: um como se fosse um guia para usuários em geral e um avançado, este na terceira fase, com informações mais técnicas que interessam mais a pesquisadores, pessoas ligadas ao assunto”, expõe a professora.

Está sendo estudada, ainda,  a possibilidade de criação e disponibilização de aplicativo digital, que permitirá a identificação das árvores ao passear pelo câmpus, com jogo de soma de pontos pela correta definição da espécie encontrada.

Aroeira

“Será um jeito de incentivar o reconhecimento das árvores notáveis. Outro beneficio desse projeto é ajudar as pessoas a se localizarem no câmpus, que é muito complexo. Quando as pessoas souberem identificar algumas das árvores poderão utilizá-las como referências dizendo: “vire aquela Aroeira, passe pelo Buriti, por exemplo”, anseia a professora Eliane.

As pesquisadoras destacam que o entorno do câmpus já está todo urbanizado. “O câmpus acabou sendo o último testemunho do que teria sido esse lugar. A UFMS possui uma RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural, uma unidade de conservação e por estar  localizada na área urbana, geralmente recebe maior pressão do entorno urbanizado para desempenhar um papel urbanístico. Esta é a mais forte razão para que a área seja protegida, afirma a professora.”

Jackeline complementa que a identificação desse conjunto de árvores, que compõem esse complexo, vai ajudar também as pessoas responsáveis pelas politicas e práticas de conservação e gestão do campus, tomadas de decisões futuras sobre novas construções – de forma a reduzir o abate de árvores, conduzir praticas de manejo adequadas e também promover o plantio de outras mais.

Verde Perto

O projeto de pesquisa também será abastecido pelo projeto de extensão Verde Perto, iniciado este ano, e que objetiva dar maior conhecimento e vivências com as árvores do câmpus Campo Grande, por meio de oficinas de campo, em grupos de 15 a 20 pessoas.

“Queremos que o catálogo também reflita a leitura dos visitantes no projeto Verde Perto”, completa a bióloga.

No próximo dia 30 de setembro, o projeto irá receber os agricultores da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da UFMS (ICTP-UFMS) e no dia 21 de outubro será aberto ao público externo. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas enviando email para o endereço: venhaverdeperto@gmail.com .