A partir de um acordo de cooperação firmado entre a UFMS e o Instituto de Formação Profissional em Ciências Forentes (IFPCF), professores e estudantes de graduação e pós-graduação estão desenvolvendo o projeto conjunto em antropologia forense. As ações são vinculadas ao Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS), oferecido pela Faculdade e Ciências Humanas (Fach).
A primeira etapa ocorreu em setembro, com a ida da coordenadora do projeto na UFMS e professora da Fach Priscila Lini. Ela esteve na região da Andaluzia, Espanha, para a realização das atividades conjuntas de pesquisa em bioantropologia e antropologia forense. “As atividades ocorreram no Centro de Interpretação de Lucena, no Palácio dos Condes de Santa Ana, local que abriga em sua reserva técnica os achados arqueológicos da Basílica Paleocristiana de Coracho, cujos remanescentes são analisados por equipes de arqueólogos e antropólogos forenses, com materiais datados entre os séculos 4 e 7”, conta Priscila.
No local, Priscila e o professor do IFPCF Ricardo Ortega proporcionaram tanto aos estudantes da instituição parceira e a estudante de graduação do curso de Ciências Sociais da Fach, Leylanne Miranda, experiências práticas sobre bioantropologia, antropologia forense e arqueologia. “A expectativa é que no próximo ano, docentes e acadêmicos da instituição parceira venham à UFMS para a oferta de disciplinas conjuntas e atividades de pesquisa, conforme prevê o Acordo”, comenta Priscila. “No momento, são dois docentes do PPGAS, um do IFPCF, uma estudante de pós-graduação de cada instituição e quatro estudantes de graduação, sendo duas de cada instituição que estão diretamente envolvidos no projeto”.
“O IFPCF, em sua função formativa de profissionais em bioantropologia e antropologia forense, vê na parceria com uma instituição latino-americana a oportunidade de estreitar laços e fortalecer a rede de pesquisadores comprometidos com a ciência e os direitos humanos em todo o mundo. Firmar este acordo de cooperação com a UFMS é uma grande satisfação, tanto para nossos docentes quanto para o alunado. Não vemos a hora de ir ao Brasil e dar seguimento às atividades práticas, agora analisando a realidade brasileira e contribuindo com o que já percorremos até aqui”, fala Ricardo.
Segundo a professora da Fach, essa é uma iniciativa bastante pioneira, pois não somente na UFMS como no Brasil todo as pesquisas acadêmicas na área de antropologia forense são relativamente recentes. “Os resultados das atividades realizadas na etapa da Espanha já estão em discussão e análises quantitativas e qualitativas, a fim de que sejam elaborados trabalhos científicos de impacto. Mas, é muito importante salientar também a importância da troca de conhecimentos e vivências entre os estudantes e pesquisadores, o aprendizado e prática de outro idioma, a comparação entre as experiências em antropologia forense em contextos tão distintos. Assim, as expectativas são as melhores possíveis, a considerar a excelente experiência que foi a primeira fase do acordo”, avalia Priscila.
Sobre o acordo
A coordenadora do projeto lembra que a aproximação entre a UFMS e o IFPCF surgiu em pesquisas pontuais realizadas anteriormente nas áreas de bioantropologia e antropologia forense. “O objetivo principal é realizar atividades de intercâmbio de pesquisadores e compartilhamento de pesquisas acadêmicas, científicas e práticas em Antropologia Forense, proporcionando aos acadêmicos pesquisadores as atividades nas áreas de antropologia forense, osteologia e análise tafonômica em laboratório e em ambientes do cotidiano da pesquisa, da perícia e do universo das ciências forenses”, fala.
“A antropologia forense é um ramo da bioantropologia, que tem como principal objetivo estudar a caracterização e a identificação humana pelos seus remanescentes ósseos dentro de critérios de ancestralidade, idade e sexo, utilizando aqui a terminologia ‘sexo’ dentro do sexo biológico, embora atualmente as questões de gênero também têm ocupado esse ramo da Ciência. Na contemporaneidade, esse saber tem se voltado para a efetivação de direitos humanos fundamentais através da identificação de pessoas desaparecidas e a devolução desses remanescentes às suas famílias; nas ações de reparações de crimes contra a humanidade; e também na identificação de territórios tradicionais, comprovando a presença indígena ancestral”, explica a coordenadora.
Segundo a professora da Fach, o IFPCF tem unidades na Espanha e Reino Unido. “As ações conjuntas incluem intercâmbio de pesquisadores, análise de dados em conjunto e, dentro da nossa realidade, intencionamos a publicação em periódicos qualificados nacionais e internacionais”, finaliza.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Acervo pesquisadores