Análise espacial dos casos de Covid-19 é expandida para todo o estado

O grande interesse no trabalho desenvolvido pela equipe do projeto “Análise espacial dos casos de Covid-19 em Corumbá/Ladário” levou a extensão das atividades para todo o estado de Mato Grosso do Sul.

A equipe, coordenada pela professora Elisa Pinheiro de Freitas, do curso de Geografia e do Mestrado em Estudos Fronteiriços (Cpan), oferece desde 30 de maio às autoridades  públicas  municipais de Corumbá e Ladário produtos cartográficos que mostrem, espacialmente, a concentração dos casos de Covid-19 na região, bem como a dispersão da doença no sítio urbano.

“Depois da divulgação do projeto no site da UFMS, nossos acadêmicos do curso se interessaram em participar como voluntários. Então, iniciamos capacitação on-line com aqueles que queriam aprender a utilizar os softwares de geoprocessamento. Com mais pessoas trabalhando os dados, foi possível estender a análise espacial para todo o MS. O nosso trabalho tem sido bastante elogiado pela equipe da Fiocruz e como a doença chegou também nos assentamentos, a nossa equipe começou a fazer os mapeamentos também para as áreas onde estão as populações tradicionais do pantanal sul-mato-grossense. A partir das localizações dessas populações, elaboramos os mapas e repassamos ao Comitê Operativo de Emergência”, explica a coordenadora.

O trabalho desenvolvido está servindo de referência para outras regiões do Brasil. “São muitos poucos os municípios que dispõem de informações de geolocalização dos casos de Covid-19 diariamente. Então, estamos vendo a possibilidade de criarmos uma espécie de Laboratório virtual da Covid-19 onde a nossa equipe possa dispor de todas essas informações espaciais para gerar novas pesquisas e conhecimento sobre a difusão dessa doença. Então o Atlas seria em tempo real e digital”, expõe.

O projeto tem a parceria dos professores do Cpan Sérgio Isquierdo e Claudia Araújo e dos bolsistas de iniciação científica do curso de Geografia Leandro Pereira Santos (PIBIC) e Rafael Rocha Sá (PICV).

Análises espaciais

No início do surgimento dos casos na região, a Secretaria Municipal de Saúde de Corumbá não espacializava os casos, ou seja, não dava a dimensão de onde é que estavam os possíveis pontos de contaminação.

“Observando isso, nos propomos a jogar esses dados numa base espacial e ajuda-los a poder divulgar essas informações espacialmente para orientar as pessoas, demonstrando onde seriam as áreas de maior risco. Nos comprometemos a atualizar o boletim epidemiológico, apresentando diariamente o avanço da doença representado espacialmente, ou seja, por meio de mapas”, diz Elisa.

Com a geolocalização dos casos, as informações são repassadas à Secretaria Municipal de Saúde, apontando onde poderia haver focos de disseminação. Isso possibilita ao poder público fazer a desinfecção das ruas e houve aumentou dos testes nas vizinhanças dos casos confirmados.

“Com o acesso ao mapeamento, as pessoas podem visualizar onde estão os casos e a partir daí podem traçar regiões de maior risco de contágio para regiões de menor risco de contágio. De imediato mostramos as variáveis geográficas que colocavam Corumbá numa situação muito complexa de fragilidade porque, do ponto de vista do sitio urbano, são 110 mil habitantes em 30 km quadrados em Corumbá, ou seja, o munícipe percorre a cidade muito rapidamente. Alertamos a Prefeitura que esse sitio urbano favoreceria o contágio em massa, caso não fossem tomadas as medidas de contenção de uma quarentena mais forte”, aponta a pesquisadora.

A partir dos dados, os pesquisadores também calcularam a quantidade possível de casos até o final de junho e final de agosto. A questão geográfica permite calcular também a velocidade de contaminação. Também foi feita a contabilidade em relação a quantidade de leitos que existem e a quantidade de possíveis pessoas que poderão demandá-los.

O objetivo final do projeto é publicar um atlas que mostre o avanço da doença em tempo real por meio dos mapas e isso serve para justamente ajudar a planejar políticas públicas locais de contenção da doença, segundo os pesquisadores.

 

Texto: Paula Pimenta