Aldeias Conectadas amplia acesso à internet na região de Aquidauana

Estudantes indígenas da UFMS da região de Aquidauana tiveram sua conectividade à internet ampliada pela Universidade. Por meio da iniciativa Aldeias Conectadas foram instaladas três torres de radiodifusão para a transmissão de internet via rádio e dois pontos de acesso wi-fi em cada uma das seguintes aldeias: Ipegue, Lagoinha, Água Branca, Bananal, Limão Verde, Colônia Nova e distrito de Taunay. Foram contemplados cerca de 200 estudantes, número que deve aumentar com o ingresso dos selecionados nos processos seletivos de 2021.

O Aldeias Conectadas é um projeto piloto da UFMS inédito no Brasil. A iniciativa foi citada no lançamento do projeto Alunos Conectados do Ministério da Educação (MEC), pelo secretário de Educação Superior, Wagner Vilas Boas de Souza, e também pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em uma reunião com os gestores do Alunos Conectados das Instituições Federais de Ensino Superior, em 14 de abril.

“Hoje as tecnologias estão no dia a dia das nossas profissões e essa transformação digital deve ser refletida em nosso ensino, nas atividades pedagógicas em nossas universidades. Desde o início da pandemia em 2020 a UFMS tem se reinventado em várias ações para dar continuidade ao atendimento da sua missão, que é promover a Educação e fortalecer o desenvolvimento”, afirmou o reitor Marcelo Turine.

 

Iniciativa e união

Estudante Laís Botelho da aldeia Colônia Nova

A demanda pela ampliação do acesso à internet nas aldeias surgiu dos estudantes. “Não esperávamos algo que fosse mudar tanto a vida dos estudantes e de todo mundo como a pandemia. Nossa principal dificuldade foi mesmo o acesso à internet. Alguns tinham em casa, então a gente ia lá para entregar trabalhos, assistir às aulas, fomos nos ajudando. Mas isso não foi possível para todo mundo, infelizmente teve quem desistiu ou trancou a matrícula. E mesmo para os que tinham acesso, a qualidade da internet aqui na região não era tão boa. Então buscamos uma solução junto aos nossos professores. Paulo Baltazar e Celma Francelino Fialho, que são professores indígenas que dão aulas no Campus de Aquidauana, foram os principais intermediadores. Com o diretor do campus, professor Auri Frubel, encaminharam nosso pedido à Reitoria”, relatou a estudante do 9º semestre de Letras, Laís Botelho, da aldeia Colônia Nova.

Para o atendimento à solicitação, a Reitoria buscou a Agência de Tecnologia da Informação e Comunicação (Agetic) e a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes).

“Diante do desafio, a Agetic realizou o estudo das possíveis alternativas, uma vez que as operadoras de telefonia tradicionais não atendiam a região. O principal desafio do projeto era a viabilidade técnica devido à localização das aldeias. Depois de uma análise criteriosa, foi verificado que a melhor solução seria atender por meio de banda larga via rádio. Outras alternativas foram levantadas, como fibra óptica e link via satélite. A utilização de fibra ótica tornaria o projeto economicamente inviável e o uso de internet via satélite, apesar de permitir uma boa navegação, não permitiria as atividades síncronas, que são importantes para as aulas e reuniões remotas”, informou o diretor da Agetic, Luciano Gonda.

“O critério principal para selecionar quais aldeias receberiam a internet nesse primeiro momento do projeto Aldeias Conectadas foi que tivessem pelo menos 10 estudantes regularmente matriculados em cursos da UFMS”, explicou o pró-reitor da Proaes, Albert Schiaveto.

Após pregão para a contratação de serviços de acesso à internet por link via rádio, realizado em 2020, a administração da Universidade se reuniu, em fevereiro deste ano, com as lideranças indígenas, professores e representantes dos estudantes no Campus de Aquidauana para dar encaminhamento à ação.

 

Viabilização técnica do projeto

Instalação de wi-fi

A Agetic fez então a especificação e o acompanhamento técnico da instalação das torres e pontos de wi-fi do projeto Aldeias Conectadas. De alturas diferentes, as torres de 21 metros, 30 metros e 40 metros, foram instaladas nas aldeias Limão Verde, Bananal e Água Branca, respectivamente. “A diferença se dá porque o relevo não é uniforme, assim, foram essas as alturas apontadas no estudo para que elas funcionem adequadamente e tenham o alcance necessário”, disse o diretor da Agetic, Luciano Gonda.

Os locais para instalação dos pontos de wi-fi em cada aldeia foram indicados pelas próprias comunidades. “Em alguns locais os pontos estão em escolas e, nesse caso, há acordos com município e estado para essa instalação. Em cada aldeia são instalados dois pontos de acesso wi-fi, cuja cobertura é restrita ao local escolhido. Infelizmente, ainda não conseguimos entregar wi-fi nas residências dos estudantes. Trata-se de um link de 20 Mbps por segundo por aldeia e o uso de dados é ilimitado, ou seja, não há corte ou redução de velocidade após atingir uma determinada franquia”, explicou Gonda.

 

Acesso ampliado

Torre instalada na aldeia Limão Verde

“Desde o dia 15 de março quando iniciaram as aulas do primeiro semestre, temos estudantes utilizando a internet tanto no período da tarde quanto da noite. Aqui na aldeia Colônia Nova a torre foi instalada na escola de ensino básico, então nos organizamos para utilizar o espaço conforme o turno do curso, mas a internet fica disponível 24 horas. Tem sido muito importante, principalmente para aqueles que não tinham acesso nenhum”, contou Laís.

Paulo Baltazar pontuou que “a internet é um meio de comunicação muito importante nesse momento e a ampliação do acesso nas aldeias com certeza aproxima o professor e o estudante, garantindo o diálogo e o recebimento das aulas e atividades. Agradecemos muito a todos os líderes das aldeias, diretores Auri Frubel e Luciano Gonda, pró-reitor Albert Schiaveto e reitor Marcelo Turine, que abraçaram essa causa e providenciaram o atendimento a essa solicitação dos estudantes”.

Laís Botelho também expressou gratidão pela ação. “Agradeço a Deus, às lideranças indígenas, aos professores e a todos os estudantes que se uniram para buscarmos juntos essa solução. A UFMS fez um investimento por nós, fica o nosso agradecimento. Vamos utilizar a internet da melhor forma para conquistar nosso objetivo, que é a formação de cada um. Isso não tem preço. A Educação não é um gasto, é um investimento”, disse.

 

Confira a seguir mais registros das instalações e também da reunião realizada no campus de Aquidauana.

 

 

Texto: Ariane Comineti, com a colaboração de Juliana Ovelar (estagiária da Agecom no CPAQ) – Fotos das torres e instalações: Netware e Fotos da reunião no CPAQ: Leandro Benites