Entre 22 de maio e 1º de junho, a professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Priscila Lini, esteve em Magdalena de Cao, no Peru. A viagem foi possível por meio do Acordo de Cooperação entre o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFMS e o Instituto de Formación Profesional en Ciencias Forenses, dirigido pelo professor Ricardo Ortega Ruiz.
Lini esteve no Complexo Arqueológico de El Brujo, da Fundação Augusto N. Wiese, para realizar análises antropológicas de indivíduos pré-hispânicos na costa norte do país, em atividades conjuntas de pesquisa em bioantropologia e antropologia forense, previstas no acordo. “As amostras analisadas dentro do complexo arqueológico incluem uma cronologia do século 2 ao século 13, abrangendo períodos entre as culturas Mochica e Lambayeque. Parte dos restos ósseos, fardos funerários e mumificações não intencionais analisadas correspondem aos acompanhantes do famoso contexto da ‘Dama de Cao’, corpo parcialmente mumificado de uma mulher da cultura Mochica descoberta em 2006 pelo arqueólogo Régulo Franco Jordán em El Brujo. Acredita-se que esta senhora tinha o status de governante na sociedade teocrática do vale do Rio Chicama e era considerada uma figura social quase divina”, explica Priscila.
Segundo a professora, o objetivo do trabalho de investigação realizado em parceria com o professor Ricardo centrou-se na caracterização dos indivíduos no seu contexto histórico e arqueológico. “Procuramos responder a questões como: perfil biológico (sexo osteológico, idade à data da morte, estatura e ancestralidade) patologias ou traumas ósseos que permitissem conhecer o estado de saúde da sociedade – em virtude da existência de uma epidemia, de um período particularmente violento, ou, que resultassem de sacrifícios humanos documentados – que se possam refletir nos ossos dos indivíduos analisados”, ressalta.
Os pesquisadores deram maior atenção durante seu trabalho às modificações culturais que podem ser encontradas no esqueleto de cada indivíduo. “Ao longo da era histórica pré-hispânica, até o contato com os colonizadores, a deformação craniana intencional foi considerada uma característica cultural nas sociedades indígenas, que gradualmente desapareceu até meados do século 20”, fala a pesquisadora da UFMS.
“Ao longo dos dias foram analisados pelos pesquisadores quarenta indivíduos de várias faixas etárias, inumados em túmulos, câmaras e fardos funerários, empregando-se inclusive técnicas de raios-x, a fim de não provocar danos nos materiais arqueológicos e não alterar seu estado de conservação”, destaca Priscila. Durante a estada para as atividades de pesquisa, os professores foram recebidos pela Equipe do Complexo Arqueológico de El Brujo – Fundação Augusto N. Wiese, o arqueólogo Rubén Buitrón e o estudante Carlos Fuentes Romero.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Arquivo pessoal dos pesquisadores