Ação proporciona oficinas e apresentações circenses para escolas no Pantanal

A arte circense tem proporcionado momentos de lazer e entretenimento para alunos e professores de escolas públicas de Corumbá e de comunidades ribeirinhas do Pantanal sul-mato-grossense. Por meio do projeto de extensão O Circo Vai a Escola, do Câmpus do Pantanal (CPan), a iniciativa democratiza o acesso à arte, trabalha a autoestima dos participantes e ainda atua com a individualidade.

A primeira edição do projeto ocorreu em 2019 com visitas periódicas a uma escola no Alto Pantanal. O coordenador do projeto e professor do CPan, Rogério Zaim de Melo, relatou que a chegada da trupe intitulada Los Pantaneiros, formada pelo projeto, foi o primeiro contato das crianças com o circo. “Neste ano, quando voltamos à Escola das Águas Jatobazinho, apenas 5 crianças haviam tido contato com circo”, afirma.

As chamadas Escolas das Águas são aquelas localizadas em comunidades ribeirinhas, em regiões do Pantanal, como Jatobazinho e Paraguai Mirim – e esta é, justamente, uma das frentes do projeto. A segunda é a presença da trupe nas escolas municipais e estaduais da cidade. Em 2023, o projeto alcançou cerca de 400 crianças. 

Além de proporcionar lazer, as oficinas transformam a autoestima dos participantes. “É possível observar que as crianças percebem que o impossível é possível. Quando eu falo impossível, quero dizer algo que a criança achava inalcançável, como por exemplo realizar malabarismos com três objetos. E os estudantes começam a se soltar mais, deixando a timidez de lado”, complementa.

Os participantes não só desenvolvem novas habilidades como acrobacias coletivas e individuais, malabarismos, saltos com trampolim e equilíbrio, mas também constroem uma nova percepção sobre seus corpos. “Muitos estudantes quando chegam ao projeto têm uma  imagem cristalizada do ‘corpo circense’, padronizado pela mídia. Com o passar dos dias, eles percebem que no circo não existe o corpo perfeito, e sim o corpo possível”.

O objetivo do projeto é, também, oferecer aos estudantes de Educação Física do Câmpus do Pantanal ferramentas de ensino que vão além dos esportes tradicionais ofertados, como futebol e vôlei. “O circo é patrimônio cultural da humanidade e deve estar presente nas escolas e instituições de ensino, sendo uma arte capaz de incluir qualquer pessoa e promover o desenvolvimento corporal, poético e artístico dos participantes”, explica o coordenador.

O projeto tem a participação de 40 estudantes e, além do curso de Educação Física, também inclui graduandos de Psicologia e Ciências Biológicas. Maria Paula Duarte Antunes da Silva é estudante de Educação Física e conta que seu primeiro contato ocorreu por meio do projeto. “Adentrar o Pantanal de barco é algo bem marcante. É emocionante ver a receptividade e o carinho que as crianças têm com o circo”, relata.

Os números que compõem o espetáculo são montados pelos estudantes, e conforme desenvolvem suas habilidades novos números são formados e a percepção de que são um grupo cresce. “Essa é outra mudança notável entre os participantes, cada aquisição de uma nova habilidade é, ao mesmo tempo, uma conquista pessoal e uma conquista do grupo. Todos vibram quando alguém avança naquilo que achava que não conseguia fazer”, diz o professor. 

Para o próximo ano, o projeto  planeja alcançar as comunidades ribeirinhas de São Lourenço e as escolas rurais do município de Corumbá. Para marcar as atividades do ano, o grupo preparou um vídeo, para assistir clique aqui

Texto: Claiane Lamperth

Fotos: Arquivo do projeto de extensão