Com o objetivo de fortalecer a integração ensino-serviço e proporcionar aprendizagem significativa e interprofissional a estudantes dos cursos de Fisioterapia, Nutrição e Psicologia da Cidade Universitária, foi realizado projeto de extensão para auxiliar na reabilitação de pacientes que tiveram Covid-19. Coordenado pelo professor do Instituto Integrado de Saúde (Inisa) Fernando Pierette Ferrari, o projeto contou, ainda, com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde, dos profissionais de Fisioterapia, Nutrição e Educação Física do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) Universitário A, médicos, enfermeiros e agentes comunitários da Unidade Básica de Saúde da Família Maria Aparecida Pedrossian.
“Além de integrar ensino-serviço, o projeto também buscou auxiliar na qualificação da assistência à saúde da população, atendendo pessoas com sequelas pós-Covid19 ou que tiveram Covid prolongada, com problemas cardiorrespiratórios, nutricionais, de memória e alterações no sono”, explica o professor do Inisa. Segundo ele, foram realizadas várias atividades de educação em saúde, de reabilitação cardiopulmonar e de resistência corporal, exercícios relacionados à memória e orientações nutricionais. “Os resultados se concentram nos aspectos investigados em cada um dos participantes, tendo melhora significativa da qualidade de vida e amenização dos sintomas apresentados”, ressaltou Fernando.
Fernando explica que a escolha das pessoas atendidas foi feita pelo rastreamento, ou seja, busca ativa dos agentes comunitários de saúde e indicação dos agentes de saúde da unidade. “As atividades foram feitas na própria UBSF e contemplou pessoas com idade entre 40 e 80 anos. Os atendimentos eram feitos em grupos terapêuticos e as dificuldades eram sanadas pelo acompanhamento individual realizado pelos estudantes durante o circuito de atividades físicas, jogos de memória, entre outras, durante os meses de agosto a dezembro de 2020.
“O projeto de reabilitação pós-Covid foi de grande importância diante da demanda no momento de pacientes com sequelas da doença. A região da Unidade é muito distante dos serviços de reabilitação ambulatoriais oferecidos, o que dificulta o acesso dos que necessitam. Junto do Nasf Universitário A, foi realizado atendimento integral desses pacientes no seu território, em tempo hábil, facilitando o acesso e diminuindo as sequelas”, explica a fisioterapeuta do Nasf Datiene Aparecida Diniz Rodrigues Bernal.
Datiene detalhou que os pacientes eram identificados pela UBSF e encaminhados para avaliação inicial com fisioterapeuta. Depois, recebiam as orientações ou encaminhamento para avaliação com nutricionista, psicólogo ou profissional de Educação Física. “Na Unidade, eram realizados os exercícios de reabilitação supervisionados e os pacientes levavam uma cartilha com exercícios para realizar em casa. À medida que cada um evoluía, era inserido no Grupo de Reabilitação para atendimento coletivo, o que melhorava tanto sua condição física como sua saúde mental”, destacou.
“A ação deixou um legado para a Atenção Básica e Nasf da sua potencialidade no cuidado integral e na clínica ampliada, qualificando o nosso trabalho na promoção, prevenção, tratamento e na reabilitação. A devolutiva dos pacientes também foi muito positiva, estimulando o autocuidado, observamos uma boa evolução em todos eles”, disse Datiene.
Experiência
Para o acadêmico de Fisioterapia Felipe Cesar Souza Bertelhe, a experiência proporcionou rico aprendizado. “Foi muito bom ter tido a oportunidade de participar desse projeto. Consegui aproveitar ao máximo que pude e foi muito bom”, comentou. Ele participou de atendimentos junto a equipe de profissionais e acadêmicos da área da saúde, que incluíram avaliação dos pacientes, os exercícios em grupo com monitorização dos sinais vitais antes, durante e após os exercícios, e ações de educação em saúde com os pacientes. “Foi um aprendizado riquíssimo. O mais significativo foi aprender a trabalhar em equipe com pessoas de outras áreas”, salientou. Segundo ele, projetos como esse contribuem para produção de conhecimento e ciência voltados para auxiliar a sociedade e possibilitar mais acesso a serviços de saúde.
“A minha experiência no projeto foi incrível! Foi uma grande oportunidade de vivenciar na prática a atuação interprofissional na saúde pública, ter um contato mais próximo com a comunidade e a possibilidade de aplicar os conhecimentos teóricos na área da nutrição e a cada dia observar a evolução do paciente proveniente das atividades do projeto. Você saber que fez parte da melhora da qualidade de vida daquela pessoa, não tem preço!”, falou a estudante de Nutrição Maynara Aranda Martins. “Esses projetos ajudam a dar significado ao conhecimento adquirido ao longo da formação acadêmica e possibilitam a prática colaborativa nos diferentes cenários da profissão. Também são muito valiosos para a sociedade, pois proporcionam saúde e melhora na qualidade de vida a essas pessoas, oferecendo respostas mais efetivas do serviço de saúde à comunidade”, destacou
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Acervo pesquisadores