De forma inédita, a UFMS estabeleceu a reserva de vagas para indígenas em todos os cursos de graduação. Após assegurar o acesso, o objetivo é garantir a permanência desses estudantes na Instituição.
Para isso, os estudantes indígenas terão auxílio nos conteúdos de Português e Matemática, como um reforço às disciplinas do ensino médio. O anúncio foi feito em reunião com os acadêmicos e a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes) na semana passada. Com início no próximo semestre, por meio de edital, a iniciativa irá selecionar alunos que se destacam em Língua Portuguesa e Matemática para que ofereçam tutoria aos acadêmicos indígenas, para uma melhor compreensão dos conteúdos e maior integração dos indígenas ao ambiente acadêmico.
Os tutores serão orientados por professores das disciplinas mencionadas que irão ajudar na elaboração do plano de trabalho, na organização didática dos conteúdos e no acompanhamento dos resultados.
As tutorias serão realizadas de acordo com os horários que melhor atendam os acadêmicos, considerando que muitos possuem a locomoção das aldeias até os campi limitada aos horários dos ônibus intermunicipais que atendem suas regiões. Neste primeiro momento, serão contemplados a Cidade Universitária e o campus de Aquidauana (CPAQ).
Segundo a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Ana Rita Barbieri, o ingresso de acadêmicos indígenas tem aumentado desde o início dada reserva de vagas por meio de cotas específicas, incluindo cursos que tradicionalmente não tinham estudantes indígenas como Administração, Direito, Medicina, Ciências da Computação entre outros.
“Desde o ano passado a UFMS está oferecendo as cotas para indígenas, desta forma a gente garantiu que eles entrassem em diversos cursos que antes não tinham acesso. Pela primeira vez estamos tendo indígenas em todos os cursos e campus. Isso é muito positivo porque traz diversidade, mas também exige adaptações tanto deste grupo de estudantes quanto da instituição devido a diferenças culturais principalmente. O edital de tutoria será lançado e por por ser inédito, será acompanhado de perto para aperfeiçoamento se necessário.
Para a acadêmica de Direito, Priscila Amorim, este contato direto com a Universidade é uma demonstração de respeito para com os indígenas. “Só por sermos ouvidos a gente sente ter uma importância maior enquanto discente e por isso a gente busca mais integração e mais valorização do nosso povo. Nessa reunião nos sentimos respeitados por sermos ouvidos e abriu um espaço para falarmos sobre as nossas dificuldades, e assim formar propostas para a nossa permanência aqui dentro”.
Texto e fotos: Leticia Bueno