O envelhecimento populacional é uma questão que deve ser encarada com naturalidade pela sociedade como mais uma etapa do importante processo da vida, e assim como a infância e a juventude, deve receber um olhar cuidadoso por parte dos familiares, da comunidade e do estado. O artigo 3º do Estatuto da Pessoa Idosa prevê que “é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.
O Relatório Mundial Sobre o Idadismo, publicado pela Organização Mundial de Saúde em 2021, explica que a idade é um dos primeiros fatores perceptíveis nos indivíduos, e que o preconceito em relação ao envelhecimento é empregado para categorizar e dividir a sociedade de maneira que causa desvantagens e injustiças, separando as gerações em um processo denominado idadismo. Para reduzir esse fenômeno, políticas públicas e leis, atividades educativas e intervenções de contato intergeracional precisam ser criadas pelos mais diversos agentes sociais.
Dentro do relatório, as principais recomendações de ações incluem: investir em estratégias com base científica para prevenir e combater o preconceito geracional; aprimorar os dados e pesquisas para compreender melhor o idadismo e como ele impacta a vida das vítimas; e construir um movimento para alterar o discurso sobre o envelhecimento. Na UFMS, projetos de extensão, pesquisa e educação são criados e empregados para valorizar a pessoa idosa, criando mecanismos de ação que afetam diretamente a vida das pessoas, reinserindo-as na comunidade, criando autonomia e auxiliando no processo de envelhecimento.
O coordenador da Clínica Escola Integrada, Ramon Penha, é um dos profissionais da Instituição que se empenham na proteção e no apoio às pessoas idosas, por meio do projeto de extensão Capacitações em formato de ensino a distância para a criação e fortalecimento dos Conselhos e Fundos de Direito das Pessoas Idosas.
O principal objetivo é capacitar conselheiros e formar multiplicadores para atuarem no processo de fortalecimento das políticas públicas para proteção e em defesa dos direitos da pessoa idosa. O projeto já recebeu mais de 170 participantes, de 45 municípios, e todos estão prestes a concluir formação até 15 de junho, de acordo com o coordenador.
“Para participar do curso de formação, o município deve formalizar a adesão ao Pacto Nacional de Implementação dos Direitos da Pessoa Idosa (PNDPI), para que então seus indicados possam ser matriculados”, reforça o professor. De acordo com ele, o curso pretende difundir o PNDPI para toda a sociedade, reduzindo o índice de violência contra pessoas idosas e também criando a rede de cuidados e proteção.
O coordenador explica que o público-alvo são gestores e agentes públicos envolvidos com políticas e assistência à pessoa idosa nos municípios de MS. “A partir da organização e estruturação do Curso, a Subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para Pessoas Idosas do Mato Grosso do Sul procedeu contato com os municípios do estado a fim de convidar representantes da sociedade civil e membros da gestão municipal para realização do curso”.
A modalidade EaD não foi escolhida ao acaso, o coordenador justifica que esta abordagem facilitou o acesso dos cursistas ao conteúdo, já que todos os municípios foram convidados a participar. O projeto está vinculado à Plataforma AVA de Extensão da UFMS, e é dividido em seis módulos, com uma avaliação ao final.
“Ao longo do curso, o inscrito recebe apoio técnico e de conteúdo específico por meio dos recursos do próprio AVA ou pelo grupo de cursistas de aplicativo de comunicação, criado especificamente para essa finalidade. Cada módulo contém um e-book com conteúdo específico e dinâmico e vídeo-aulas para otimização da aprendizagem”.
O coordenador espera que o curso possa sensibilizar gestores municipais e representantes de segmentos sociais, reforçando a importância do Conselho Municipal da Pessoa Idosa de cada município.
Texto: Agatha Espírito Santo