Fazenda-Escola e Hospital Veterinário mantêm atividades essenciais

A Fazenda-Escola e o Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (Famez), assim como outras unidades da UFMS, também mantiveram uma escala de servidores e acadêmicos em regime presencial em razão da natureza das atividades que realizam. “Neste período de substituição das aulas e atividades presenciais pelos estudos dirigidos com uso das Tecnologias da Informação e Comunicação e teletrabalho, parte das ações nessas duas unidades não podem parar, pois isso traria um prejuízo às ações de ensino, pesquisa e extensão”, explica o diretor da Famez Fabrício de Oliveira Frazílio.

Localizada no município de Terenos (a aproximadamente 30 quilômetros de Campo Grande), a Fazenda-Escola da Famez é onde são realizadas atividades práticas dos dois cursos de graduação e dos programas de pós-graduação em Ciência Animal e Ciências Veterinárias. Há 30 anos, a unidade oferece o apoio necessário para que acadêmicos e professores possam desenvolver projetos de pesquisa e extensão e, ainda, atividades práticas das disciplinas. Por isso, diariamente, recebe um fluxo intenso de pessoas. “Neste momento de isolamento social, tivemos que interromper boa parte das atividades e manter aquelas consideradas essenciais para o bom andamento dos projetos”, explica o professor e coordenador da Fazenda Alexandre Menezes Dias.

“Temos muitas atividades e não podemos parar a Fazenda, já que possuímos animais que precisam de manejo. Interrompemos as atividades de ensino e continuamos as ações com a colaboração de servidores e profissionais terceirizados. Tomamos o cuidado de afastar aqueles que se enquadram nos grupos de risco. Os demais estão trabalhando mediante escala”, explica professor Alexandre. De acordo com o coordenador, não puderam ser interrompidas, principalmente, pesquisas em desenvolvimento ligadas aos programas de pós-graduação, em especial as de doutorado que conduzidas pelos pesquisadores que apenas permanecem na Fazenda para a coleta de dados.

No momento, dentre os setores que existem na Fazenda estão os de criação de animais, como os de forragicultura, bovinocultura de corte e de leite, equideocultura, piscicultura, ovinocultura e apicultura. “Esses setores possuem uma rotina que não pode ser interrompida e que inclue, entre outras ações, o fornecimento de alimentos e manutenção de água. “São cerca de 400 bovinos de corte e 30 de leite, por volta de 30 animais na equideocultura, na apicultura há 20 caixas de enxames com 60 mil abelhas cada uma e na ovinocultura aproximadamente 100 animais que precisam de manejo”, explica Alexandre.

“Estamos orientando todos que permanecem na Fazenda que façam a correta higienização e evitem aglomerações. Como há muito consumo de tereré entre os colaboradores, pedimos que cada um providenciasse sua cuia, copo ou guampa, evitando o compartilhamento, que pode ser um meio de contaminação e transmissão do coronavírus”, ressalta o coordenador da Fazenda. De acordo com o professor Alexandre, a critério dos pesquisadores, alguns projetos tiveram as atividades interrompidas, enquanto  outros continuam em desenvolvimento. “Procuramos funcionar minimamente para atender as demandas dos acadêmicos e professores, além de manter a responsabilidade com os animais”, conclui.

Hospital Veterinário

 “No HV, as atividades administrativas estão mantidas em sua totalidade pela modalidade de teletrabalho. Esse é um momento importante e atípico para todo o mundo, mas que será usado por nós para aperfeiçoar nosso sistema de gestão, nossas tabelas e fichas de atendimento visando a um retorno às atividades com o melhor aproveitamento possível em benefício à sociedade e aos nossos pacientes. Também estamos fazendo uma revisão de procedimentos operacionais padrão, desenvolvidos pelos servidores de cada setor, a fim de preparar ambientes ainda mais organizados e eficientes quando retomarmos nossas atividades normais”, explica o coordenador do HV Diogo Helney Freire.

Freire ressalta também que os animais internados estão sendo monitorados e as pesquisas em andamento não serão prejudicadas, pois foi realizada uma escala entre servidores e residentes para atender todas as necessidades essenciais do Hospital Veterinário durante esse período de isolamento social. “Isso também contribui para maior segurança da saúde de nossos servidores, acadêmicos e de toda a comunidade”, destaca Diogo. Os animais de pequeno porte que estavam internados já receberam alta. No entanto, na área de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, há alguns internados e esses estão sob cuidados dos residentes.

Além da escala presencial, de acordo com o coordenador do HV, os servidores e residentes também têm se organizado em grupos digitais para promover ações de enfrentamento à Covid-19 e também cuidando dos gatos que foram abandonados na Famez, fornecendo água e alimentação. “Estamos todos envolvidos em ações para mitigação do pânico na sociedade, promoção de educação em saúde e de combate às fake news. Isso faz parte do nosso papel, enquanto médicos veterinários promotores da saúde única”, destaca.

“Enquanto médicos veterinários temos um enorme potencial para colaborar ativamente em ações de enfrentamento da Covid-19. Por exemplo, podemos contribuir com a análise dos dados disponíveis, compilar e elaborar materiais de educação em saúde, para a promoção de campanhas “paralelas” (ainda que on-line), promover vigilância em saúde animal e humana ou disseminar informação correta, atuando de forma a combater notícias falsas e desinformação”, comenta a coordenadora do Programa de Residência em Saúde em Medicina Veterinária Juliana Galhardo.

A professora propôs aos residentes que, além das aulas a distância, que atuem em outras ações como, por exemplo, as correntes do bem, auxiliando instituições que precisam de doações e de pessoas para auxiliar na logística; auxiliando na promoção da educação em saúde junto aos residentes de Zoonoses produzindo material relativo à saúde humana e animal, abordando especificamente qualidade, preparação e cuidado com alimentos, uso de Equipamentos de Proteção Individual, descarte correto de materiais, difusão do aplicativo Coronavírus do Ministério da Saúde; colaborar com o professor Carlos Nascimento na checagem e produção de textos para combater as fake news; e gerenciamento dos perfis da Famez nas redes sociais.

“É preciso que todos possam cuidar da saúde física e mental, das famílias, mas também toda e qualquer pessoa e animais. Penso que uma das nossas principais ferramentas de combate ao coronavírus é a informação correta. Todas as situações têm um fim, até as pandemias, quanto tempo isso vai levar depende da ação de cada um de nós”, finaliza a professora Juliana.

Atualmente, a Famez conta com uma equipe de 31 residentes nas áreas de concentração em Anatomia Patológica Veterinária, Anestesiologia e Medicina de Emergência Veterinária, Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, Clínica Médica de Pequenos Animais, Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais, Diagnóstico por Imagem em Medicina Veterinária, Ginecologia e Obstetrícia Veterinária, Medicina Veterinária Preventiva, Patologia Clínica Veterinária, Zoonoses e Saúde Pública. O programa constitui uma modalidade de residência prevista pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde. Do total de residentes, 27 atuam diretamente no Hospital Veterinário.

 

Texto: Vanessa Amin

Fotos Fazenda-Escola: Acervo próprio

Fotos HV: médico veterinário do Setor de Grandes Animais Marcelo Augusto de Araujo