Odontologia para bebês leva prevenção à primeira infância

Com enfoque educativo e preventivo, a Odontopediatria da Faculdade de Odontologia (Faodo) da UFMS possibilita aos pequenos de zero a três anos um sorriso saudável desde os primeiros irrompimentos.

Por meio da disciplina “Estágio obrigatório em odontologia para bebês” ou pelo projeto de extensão “Odontologia para bebês”, professores, acadêmicos e profissionais ofertam muito além da orientação.

“Quando as crianças chegam fazemos a profilaxia para avaliarmos o estado da saúde bucal. Ensinamos a técnica de escovação e o uso do fio dental e, quando há necessidade, a criança entra para a parte curativa e aplicação de flúor”, explica a professora Carmen Coldebella, responsável pela disciplina.

Apesar da pouca idade, algumas crianças chegam ao atendimento com cavidades. “Nesses casos fazemos a escavação seletiva ou Tratamento Restaurador Atraumático (ART). Existem crianças que já chegam aqui precisando até de canal, aí encaminhamos para a especialização”, diz a professora.

Nas orientações, as professoras e os acadêmicos trabalham com os responsáveis sobre a importância da amamentação, o uso da escovação, a melhor pasta de dente a ser utilizada, quando fazer a higienização bucal, o que deve se comer (dieta adequada) e repassam dicas de hábitos legais.

As crianças precisam voltar em curto espaço de tempo, principalmente porque são bebês com alta necessidade, enfatiza Carmen.

“Eles precisam muito dessa prevenção. No começo do tratamento eles retornam com maior frequência, mas depois marcamos a cada dois meses. Até porque é uma fase que está erupcionando os dentinhos de leite o tempo inteiro, precisamos acompanhar esse irrompimento dos dentes. Não vendemos tratamento, mas educação, prevenção, porque até que o dente de leite caia precisa estar na boca em condições favoráveis”.

Atendimento contínuo

Para que o atendimento seja sempre contínuo, nos semestres em que não há a oferta da disciplina (9º semestre do curso de Odontologia), entra em ação o projeto de extensão, que tem a participação dos professores e de profissionais já formados, visto que só podem atender bebês acadêmicos que estejam no último período, ficando restrito aos acadêmicos inseridos no projeto de extensão atuar com pesquisa e acompanhamento.

Durante a oferta da disciplina, os atendimentos são feitos às terças-feiras pela tarde e quintas-feiras de manhã, quando são atendidos de 15 a 18 crianças por período. Já no projeto de extensão, os atendimentos ocorrem somente às terças-feiras à tarde.

Para a professora Carmen, a oferta da Odontopediatria como disciplina curricular é um diferencial na graduação. “Não são todas as universidades que oferecem isso. O acadêmico torna-se um profissional que sabe fazer orientações e lidar com bebês, isso é um ganho em relação aos demais”.

No último semestre do curso, a acadêmica Fernanda Ramos destaca a necessidade de se ter habilidade e agilidade. “As crianças são muito pequenas e não têm paciência. Precisamos dialogar muito com elas, ao mesmo tempo em que estamos atendendo. Às vezes, elas choram porque são pequenininhas para entender, o que é normal, mas é muito satisfatório trabalhar com os bebês, poder orientar os pais desde que aparecem os primeiros dentinhos”, expõe.

A satisfação também se reflete nos pais. Com a indicação de uma vizinha, Gilmar Barbosa leva a filha Aline, de dois anos e meio, pela segunda vez, após a descoberta de uma mancha em um dos dentinhos. “Foi muito bom. Está sendo tratada e aprendemos a limpar melhor os dentes dela. Esse projeto aqui ajuda muita gente”, afirma.

Com um ano e onze meses, Luisa já está há um semestre no atendimento. “Está sendo muito importante. Além de recebermos dicas sobre a prevenção, nos ensinando a escovar, eles aplicam flúor. Ela não gostava muito de escovar, agora mudou”, diz a mãe Bruna Ortiz.

“Eu o trouxe pela primeira vez quando apontou o primeiro dente, então eu queria saber qual pasta usar, como deveria ser a escovação. Aprendi muito e agora trouxe as mamadeiras dele para saber qual bico é melhor”, relata Enaile Marques, mãe do Joaquim, de um ano e oito meses, que há um ano frequenta à Odontopediatria.

A pequena Amanda, de dois anos e meio, abriu o bocão para as “tias”, sem choro, para mostrar que está escovando os dentes em casa. “Acho ótimo esse atendimento e ela adora”, completa a mãe Élida Cerqueira.