Projeto QuarenTEMA ajuda a passar pelo isolamento por meio da Literatura

Um espaço para discussões mediadas por textos literários que possibilitem abordar o momento atual, gerador de situações de ansiedade, medo e expectativas frente à proliferação da Covid-19 esta é a proposta do projeto “QuarenTEMA: (sobre)vivendo ao isolamento por meio da Literatura”, aberto aos acadêmicos e servidores da UFMS, de todos os câmpus e que estejam em situação de isolamento social e/ou quarentena.

Com o uso das plataformas on-line Google Classroom e Google Hangouts Meet, o projeto, mediado pelas psicólogas Franciele Ariene Lopes Santana, do Campus do Pantanal (Cpan), e Mayara Karolina Alvarenga Recaldes Gomes Coutinho, do Campus de Paranaíba (Cpar), possibilitará webconferências para os debates das obras escolhidas.

“O problema que está dado é o impacto emocional gerado pela insegurança e pelo medo referente ao contexto atual e à necessidade de reorganização e apoio para viver este momento esquivando-se do desespero como estratégia de vivência.  A  ansiedade, o desespero e o medo são comuns em momentos como este, por isso, não se trata de evitar o aparecimento dessas condições, mas de pensar em estratégias nas quais os sentimentos e emoções geradas possam ser redirecionados ou conduzidos de modo a evitar a experimentação pessoal de se “chegar ao limite”, reduzindo o sofrimento psíquico decorrente da situação de confinamento”, explicam as psicólogas.

Franciele já desenvolve no Cpan o “Literessências”, realizado pelo Serviço de Psicologia e Acessibilidade Pedagógica do Campus e a psicóloga Mayara conduz o projeto “Quem conta um conto ganha vida: pela universidade em companhia de Clarice Lispector”, desenvolvido pelo Serviço de Psicologia do Cpar.

Inicialmente, serão abertas duas turmas no QuarenTEMA, com 13 vagas cada, sendo às terças-feiras, das 9h às 10h30, e às quintas-feiras, das 14h às 15h30. “Estamos recebendo apoio de todas as psicólogas da assistência estudantil da UFMS. Parte delas será observadora, agora. Se for necessário, poderemos abrir novas salas para que elas sejam mediadoras, depois de se adaptarem à metodologia”, diz Franciele.

Para escolha dos textos, as mediadoras receberam apoio da Coordenadora do Sesc Corumbá, Marcelle Saboya, que também está apoiando a psicóloga Franciele em outro projeto, recém submetido, na mesma linha do QuarenTEMA, mas voltado para a comunidade externa (Literessência edição #FicaEmCasa).

Quatro obras serão utilizadas no QuarenTEMA: Uma Esperança, de Clarice Lispector; As Formigas, de Lygia Fagundes Telles; A Igreja do Diabo, de Machado de Assis e Conto Ayoluwa e A alegria do nosso povo de Conceição Evaristo. Os textos serão disponibilizados em PDF na sala de aula virtual.

“Elas abordam temáticas de esperança no cotidiano, isolamento, tendência humana de praticar contradições diante de regras e esperança, respectivamente”, explica a psicóloga Franciele.

Allanys Gabrielly Maidana de Souza Barbosa, estudante de Matemática Bacharelado, do Instituto de Matemática, foi a segunda a se inscrever no projeto. Por gostar muito de ler, ela disse que inicialmente ficou curiosa para saber que livros seriam usados no projeto e se interessou pela pauta.

Em casa, participando do estudo dirigido, Allanys, que está no primeiro ano, afirma sentir falta dos amigos e do ambiente da Universidade. A caloura acredita que, dependendo da obra em debate, muitos podem se identificar com o momento.

“Eu, por exemplo, moro com mais quatro pessoas e passo por um estresse diário de não ter silêncio durante o dia. Mas sei que tem pessoas na faculdade que moram sozinhas, e o mesmo silêncio que eu tanto quero, essa outra pessoa pode detestar, porque morar sozinho traz o silêncio como consequência. Acho que com a leitura, cada um pode encontrar uma forma saudável de passar por esse momento”, afirma.

Os interessados em participar deverão se inscrever pelo formulário https://forms.gle/HrbQkT9KLgV1a4yU6 até 30 de março. Os selecionados serão incluídos na sala de aula virtual, na qual constará a leitura (ou leituras) de cada semana.

Texto: Paula Pimenta