A decisão de a UFMS substituir as aulas e as atividades presenciais por estudos dirigidos com uso de ferramentas de Educação a Distância (EaD) e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), em tempos de quarentena pela propagação do coronavírus, aumentou a procura pelo Moodle, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) oficial da UFMS.
De domingo (15) até a data de hoje (18), as turmas de graduação passaram de 1048 para 1768, aumento de 68%. Na pós-graduação as turmas cresceram ainda mais, passando de 29 para 124, número quatro vezes maior.
O Moodle é uma das principais ferramentas para organizar as salas de aula virtuais. Na Universidade, a integração com o Siscad permite a automatização na criação da sala virtual e na inscrição de docentes e estudantes matriculados, podendo ser usado em tempo real ou não.
A Universidade disponibiliza a professores e estudantes cursos gratuitos e on-line, com passo a passo, do requerimento para abrir uma sala no Moodle e que pode ser acessado em ava.ufms.br. O Moodle permite ao professor aplicar provas, questionários, enviar vários tipos de arquivos, determinar horários para as avaliações, número de tentativas, e configurar ao seu interesse.
Experiências exitosas
Dominar as tecnologias digitais e transpor o espaço físico da sala de aula e dos laboratórios já é realidade há alguns anos para um bom grupo de professores da UFMS que casaram o presencial com o virtual para uma melhor integração com seus alunos e ampliação das linhas do conhecimento.
Em 2012, a professora Eliane Piranda, do Instituto de Biociências, abraçou as tecnologias digitais, quando começou a colaborar no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na modalidade a distância da UFMS.
“Desde então, tenho buscado fazer uso dessas ferramentas na prática docente. Utilizamos o AVA-Moodle como plataforma oficial na UFMS, mas nos cursos presenciais sempre busquei complementar minhas aulas utilizando o Google Classroom. Mas é interessante fazermos uso das tecnologias digitais dentro de sala de aula também, através do uso de vídeos e aplicativos que nos permitem reforçar o conteúdo com os alunos”, afirma a professora que atua nos cursos presenciais de graduação de Licenciatura em Ciências Biológicas, Bacharelado em Fisioterapia, Tecnologia de Alimentos e Medicina.
Para a docente, as tecnologias digitais atraem os jovens “de todas as idades” para estudar e se aprofundar no assunto trabalhado. “E, muitas vezes, os alunos nos apresentam outras ferramentas também. As redes sociais nos permitem esta integração do conteúdo trabalhado nas disciplinas com a rotina deles, ou com o que se passa no mundo”, completa Eliane.
No Campus de Naviraí, a professora Celia Regina de Carvalho utiliza há alguns anos as tecnologias como suporte das aulas no curso de Pedagogia.
“Utilizava os grupos fechados do Facebook, pois era uma rede social que muitos tinham acesso. Atualmente, utilizo o AVA da UFMS para enviar textos, vídeos, áudios e links de materiais. Além disso, a orientação de alunos de TCC é feita por WhatsApp (grupos) e também de forma individual (áudios e chamadas)”, relata.
Para a professora Célia Regina, os benefícios quanto ao uso das tecnologias são inúmeros, ainda mais no atual contexto da Covid-19 e da conexão contínua e uso de dispositivos móveis, como smartphones e similares.
“O espaço da sala de aula é estendido para além da universidade, favorece o envio de atividades e facilita a comunicação entre professores e alunos. Temos aprendizagem individualizada ou personalizada, apoio a aprendizagem fora da escola”, aponta.
A professora do CPNV lembra ainda sobre a recomendação da Unesco de minimizar a interrupção educacional em áreas de conflito e desastre. “No nosso caso atual, é a questão de evitar a aglomeração das pessoas e por conseguinte a propagação da doença”.
Menos usuais na pós-graduação, as aulas mediadas por tecnologias digitais vão tomar forma de agora em diante.
A professora Carla Busato Zandavalli, da Faculdade de Educação, leciona no curso de Pedagogia EaD, utiliza o Moodle como apoio às disciplinas presenciais da graduação, faz a orientação de alunos da pós-graduação pelo Mconf, e agora começa a se preparar para gravar aulas direcionadas às turmas de Stricto Sensu.
“Já enviei orientações aos alunos do mestrado e modelei o ambiente virtual para que acessem os materiais e realizem as atividades”, explica a professora que considera não haver grandes diferenças no uso das tecnologias digitais para graduação e pós-graduação.
“A diferença maior está no processo de orientação, que podemos fazer a distância usando até ferramentas mais simples como Skype ou Hangout. Mas quanto às aulas, o processo é similar, pois usamos a sala virtual com comunicação bidirecional”, expõe.
Carla utiliza as ferramentas da EaD na UFMS desde 2009. “Na Universidade uso os recursos do AVA que tem muitas ferramentas, entre elas a possibilidade de webaulas, que podem ser ministradas de forma síncrona, com som e imagem e também podem ser gravadas. Também temos o estúdio para gravação de videoaulas”.
Entre as ferramentas que mais utiliza para as aulas no curso de Pedagogia EaD estão a postagem de tarefas, o fórum e as webaulas. “Para organizar todas as informações o estudante da EaD conta com um guia didático ou guia de orientações, além das atividades e materiais disponibilizados no Moodle. No âmbito dos cursos presenciais, as ferramentas possibilitam acesso assíncrono a aulas gravadas, por exemplo. E também acesso à materiais bibliográficos das disciplinas”, diz.
A professora destaca que as ferramentas tecnológicas propiciam a possibilidade de acesso ao ensino superior em locais que não dispõem de instituições de educação superior, além de garantir maior flexibilidade ao estudante trabalhador.
Também prestes a preparar aulas virtuais para o Programa de Pós-graduação em Educação Matemática, a professora Carla Regina Mariano da Silva, do Instituto de Matemática, tem vasta experiência com as tecnologias digitais.
Lecionando nesse semestre as disciplinas de Estágio I e Cálculo III para a graduação, ontem (17) a professora preparou seis vídeos curtos, com média de seis minutos, para enviar aos alunos e auxiliá-los na resolução dos exercícios que havia passado anteriormente.
“Fiz vídeos do meu próprio celular com o auxílio de um daqueles suportes de carro. Vejo que o importante é manter o contato com os alunos. E fazer com que eles não se sintam sozinhos. Dar suporte, tirar dúvidas, buscar maneiras deles entenderem o conteúdo da disciplina”, afirma.
Os alunos já possuíam o roteiro de estudos das aulas de ontem e hoje, disponibilizados ainda durante as aulas presenciais nas semanas anteriores. “Só adaptei os roteiros para as aulas à distância. Deixando esse roteiro mais imperativo. Para a próxima semana farei uma webaula de dúvidas na quarta-feira, e já tenho preparado o roteiro da aula da próxima terça que disponibilizarei só no domingo”, expõe.
A professora Carla Regina iniciou a docência na Universidade em 2010 no curso de Matemática EaD. “Esse contato com a EAD me fez trabalhar mais tarde, no presencial, de modo diferente, acabei adotando a ideia do roteiro de estudos, por exemplo, porque acho que me deixa mais livre para interagir efetivamente com os alunos, além do fato de alguns estudarem antes das aulas”.
Para compartilhar materiais, passar lista de exercícios, roteiro de estudos e também receber trabalhos dos alunos, a professora geralmente utiliza ferramentas Google. O WhatsApp é o escolhido para fazer grupos tira-dúvidas dos alunos e mandar recados mais urgentes.
“Tenho um horário de dúvidas semanais também, mas incentivo enviarem via e-mail e Whats as dúvidas sobre os conteúdos. No roteiro de estudos, coloco a teoria mais formal, definições, teoremas e uso a aula presencial para explicar mais livremente a teoria e resolver exercícios, tirar dúvidas dos alunos”, explica.
Outros professores do Inma também utilizam tecnologias em suas aulas. Ontem, eles iniciaram um grupo no Whats de professores para trocar informações sobre as aulas a distância. “Estamos trocando informações e tem sido muito interessante. No Inma somos aproximadamente 40 professores que atendem pouco mais de quatro mil alunos. Essa troca será fundamental nesse período”, afirma.
Texto: Paula Pimenta e Letícia Schiavon (estagiária da Agecom)