Professor da Faculdade de Odontologia é homenageado por guia sobre uso de fluoretos na saúde bucal

Pesquisadores da área de saúde bucal foram reconhecidos pelo Ministério da Saúde pela atualização do Guia de Recomendações do Uso de Fluoretos no Brasil em evento promovido no dia 14 deste mês. Entre os homenageados, está o professor da Faculdade de Odontologia Rafael Aiello Bomfim, que possui experiência em projetos para ampliação da fluoretação das águas em municípios do Estado. 

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Maria Lígia Rodrigues Macedo, celebra o reconhecimento de profissionais envolvidos em projetos de pesquisa e inovação, que trazem novas técnicas, tecnologias e conhecimentos para a Instituição e para o País. “Um profissional reconhecido traz consigo um vasto conhecimento prático que se conecta, por sua vez, com o nosso Sistema de Saúde, o SUS, e enriquece o aprendizado, pois os nossos estudantes têm a oportunidade de aprender com alguém que tem experiência real no campo. A presença de um profissional renomado pode elevar também a reputação do curso e da Instituição”, destaca. “Parabenizo e mando um grande abraço ao professor Rafael Aiello Bomfim, que conseguiu essa homenagem, esse reconhecimento do Governo Federal e, ao mesmo tempo que é um mérito pessoal e profissional do referido professor, ele também abrilhanta a UFMS, nos leva para fora do nosso câmpus, da nossa Instituição”.

O guia é uma fonte de consulta que reúne diversas formas de utilização de fluoretos indicados pelo Ministério da Saúde, tanto métodos preventivos de âmbito populacional quanto para uso individual e clínico. A primeira versão do documento havia sido elaborada em 2009. Para a versão de 2024, pesquisadores das cinco regiões do país reuniram informações científicas atualizadas sobre o uso de fluoretos.  

Pesquisadores responsáveis pela atualização do Guia de Recomendações do Uso de Fluoretos no Brasil

“Me senti muito honrado de poder participar e colaborar com profissionais de renome internacional. Também fiquei grato por colocar a UFMS nesse cenário e trazer a região Centro-Oeste para dentro do guia de uso de fluoretos e colocar as nossas experiências exitosas. Alguns trabalhos publicados aqui estão citados no guia que vai estar disponível para consulta pública”, ressalta o professor Rafael. 

O fluoreto é uma substância de origem mineral, encontrada principalmente nas águas e nas rochas, que age reduzindo a prevalência da cárie e diminuindo a velocidade de progressão de novas lesões. “A utilização do fluoreto é uma ação importante para assegurar prevenção e controle da cárie dentária. Por isso, o guia é uma das maiores estratégias de saúde pública para enfrentar doenças bucais que têm relação com a presença de fluoretos no ambiente bucal”, explica.

Segundo o professor, o documento atualizado deve auxiliar ações a nível individual e populacional. “O guia ajuda a termos estratégias de saúde pública mais eficazes, com a disseminação do fluoreto de uso populacional, mas também ajuda o profissional no âmbito da clínica odontológica, que está na ponta. Ele vai poder verificar o que tem de melhor em evidência científica sobre o uso de fluoretos e como aplicar na prática clínica. Assim, vai poder decidir o melhor para aquele paciente em relação a prevenção de cárie e promoção de saúde”. 

O professor explica ainda que o guia é uma importante ferramenta para combater a disseminação de desinformação. “A gente vê que na internet existe uma disseminação de fake news em relação ao fluoreto. Então, é importante esse documento, vindo do Ministério da Saúde, que assegura tanto ao profissional, quanto aos gestores que o que a gente está fazendo é a melhor evidência científica disponível. Além disso, o guia também serve para sanar dúvidas que a população tenha em relação ao uso do fluoreto”.

O trabalho foi realizado ao longo de cerca de dez meses, a partir da formação de grupos de pesquisadores, responsáveis por atualizar determinados temas dentro do guia. “A gente fazia um grupo de dois ou três docentes, verificava todos os trabalhos científicos para poder colocar referências bibliográficas bem atuais. Além dos grupos menores, tínhamos os grupos maiores onde a gente fazia a discussão e todo mundo dava opiniões. Nem tudo foi consenso no guia, mas a gente teve bom senso para colocar as principais evidências, assim como partes onde ainda não se tem uma evidência sólida, o que é importante para amadurecer estratégias em saúde pública”. 

O Ministério da Saúde também homenageou outros doze professores: Branca Heloisa de Oliveira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); Carolina Dutra Degli Esposti (Universidade Federal do Espírito Santo); Fernando Neves Hugo (New York University College of Dentistry); Franklin Delano Soares Forte (Universidade Federal da Paraíba); Jaime Aparecido Cury (Universidade Estadual de Campinas); Juliana Pereira da Silva Faquim (Universidade Federal de Uberlândia); Marco Aurélio Peres (National Dentral Research Institute Singapore; Duke-NUS Medical School Singapore); Marcoeli Silva de Moura (Universidade Federal do Piauí); Maria Augusta Bessa Rebelo (Universidade Federal do Amazonas); Pablo Guilherme Caldarelli (Universidade Estadual de Londrina); Paulo Capel Narvai (Universidade de São Paulo); e Paulo Frazão (Universidade de São Paulo).

O Guia de Recomendações do Uso de Fluoretos no Brasil está dividido em sete partes principais, abordando assuntos como o histórico, a descoberta e a ação do fluoreto em saúde pública. Também descreve o metabolismo, o mecanismo de ação anticárie e a segurança do uso dos fluoretos, assim como os níveis de evidência e a força de recomendação para cada uma ações estratégicas. O documento inclui ainda a discussão sobre meios de uso, como a fluoretação da água para consumo humano e o uso em cosméticos e produtos clínicos. O material atualizado deve ser disponibilizado pelo Ministério da Saúde para consulta pública nas próximas semanas.

Texto: Alíria Aristides

Fotos: Ministério da Saúde/Arquivo do professor Rafael